quinta-feira, 29 de maio de 2014

Paradoxos sobre São Lázaro - Parte I

Por Igson Mendes (revisor) e Cláudio Cássio da Mata  (Autor)

“É proibido aos sacerdotes católicos
concelebrar a Eucaristia junto com
sacerdotes ou ministros de Igrejas
ou comunidades  que não estão em
plena comunhão com a Igreja católica.”
(CDC[1]. Cân. 908)

PARTE I

Sincretismo Religioso e Imagens
A história da vida de Lázaro foi mal contada e há até fábulas no meio dela.

Exemplo: No site[2] < http://www.saolazaro.org.br  > se conta a história do milagroso são Lázaro, mas, refletindo bem, o próprio Lázaro foi quem recebeu o maior milagre. A história tem coerência, porém a imagem usada ainda é outra parecida com o Lázaro da parábola, rodeada de cachorros. Outro erro é o fato de afirmarem que Lázaro teria vivido após sua ressurreição em Kition, Lanarka. A Bíblia afirma que os príncipes dos sacerdotes teriam atentado contra sua segunda vida pouco tempo depois de sua ressurreição,[3] em virtude de muitos judeus por causa dele passarem a acreditar em Jesus. O uso desse tipo de imagem errônea, que gera confusão no povo seria proposital, falta de conhecimento, ou mesmo pela falta de uma imagem mais autêntica em relação ao santo?

Minhas respostas são as seguintes:
Se proposital – os bispos e os sacerdores, como responsáveis pela educação da fé, magistério docente da Igreja, deveriam responder por falsa piedade ou mesmo exigir a que a verdade seja pregada como tal.

Vejamos o que nos ensina o CIC:

·         O falso testemunho e o falso juramento, além de atentarem contra a verdade e a dignidade humana, são considerados crimes, quando se tornam abusos na sociedade. (cf. CIC[4] 2476)
·         “A mentira é a ofensa mais direta à verdade. Mentir é falar ou agir contra a verdade para induzir em erro (...) A caridade e o respeito à verdade devem ditar a resposta a todo pedido de informação ou de comunicação.” (CIC 2485.2489)

O Código de Direito canônico também ensina:

·         Cân.1187 – Só é lícito venerar, mediante culto público, aqueles servos de Deus que foram inscritos pela autoridade da Igreja no catálogo dos Santos ou dos Beatos.

Se por falta de conhecimento – é necessário catequizar o povo com a verdade. Pregar nas homilias o correto na época das festas, conscientizar o católico que vai a Missa. E amadurecer a formação dos fiéis. Não fingir a verdade em prol de glórias efêmeras ou lucros.

“A caridade na verdade, que Jesus Cristo testemunhou com a sua vida terrena e, sobretudo com a sua morte e ressurreição, é a força propulsora principal para o verdadeiro desenvolvimento de cada pessoa e da humanidade inteira.”[5]

Se por falta de uma imagem autêntica – É dever e direito da comunidade pedir a ereção de uma imagem original quanto à vida do Santo. Observemos o que nos ensina o CDC:

·     Cân.1188 – Mantenha-se a praxe de propor imagens sagradas nas igrejas, para a veneração dos fiéis; entretanto, sejam expostas em número moderado e na devida ordem, a fim de que não se desperte a admiração no povo cristão, nem se dê motivo a uma devoção menos correta.

IMAGENS DE SANTOS

As imagens são sinais bonitos para lembrar-nos aonde e em quem Deus agiu de forma especial, é para nos apontar por onde o homem ou a mulher que buscou a santidade seguiu. Imagens são sinais! E o uso errado delas pode gerar muita confusão. Tantas vezes, em algumas Igrejas Católicas, quando Jesus Eucarístico está exposto, há muitos fiéis prostrados diante de imagens enquanto o Senhor Jesus, Santo dos santos, está ali ao lado sem ao menos receber o devido culto. Porque as autoridades competentes não ensinam ou exortam o povo?  É necessário expor a verdade diante de tais fatos.

Observemos o que nos ensina Bento XVI: “- Um cristianismo de caridade sem verdade pode ser facilmente confundido com uma reserva de bons sentimentos, úteis para a convivência social, mas marginais. Deste modo, deixaria de haver verdadeira e propriamente lugar para Deus no mundo. Sem a verdade, a caridade acaba confinada num âmbito restrito e carecido de relações; fica excluída dos projetos e processos de construção de um desenvolvimento humano de alcance universal, no diálogo entre o saber e a realização prática.”[6]

Por vezes, somos ridicularizados como aconteceu em um site: < http://feijaocomnutella.wordpress.com/2008/07/31/ritual-bom-pra-cachorro >, onde há até a foto de um cachorro armado na festa do Lázaro, Nicarágua. E por aqui não é muito diferente. Pesquisem e observem:

Desde os primeiros séculos os cristãos já esculpiam imagens nas catacumbas e nas Igrejas de Roma, mas jamais para adorá-las e sim venerá-las. Foi somente a encarnação do Filho que inaugurou uma nova “economia” das imagens. (Cat. §1159) A Tradição cristã sempre reconheceu o valor pedagógico e psicológico das imagens como suportes para a vida de oração. Assim, os simples e iletrados podiam aprender com mais devoção nos primeiros séculos cristãos.

O culto que a Igreja Católica presta a Deus é único, e é chamado “latria”, isto é, de ADORAÇÃO. Aos anjos e santos chama-se “dulia”, de Veneração. Já Maria, mãe de Jesus, recebe o culto de “hiper-dulia”, de super-venezação, no entanto ainda muito longe da Adoração.

O professor Felipe Aquino[1],dá excelente ensinamento sobre as Imagens desejáveis, desaconselhadas e condenadas pela Igreja no livro a Moral Católica. A Igreja não quer, entretanto, que haja abusos ou exageros em relação as imagens; e também quer que elas sejam confeccionadas de maneira adequada. Aqui faço um breve resumo:

São desejáveis:

- imagens que eduquem a fé ; que levem em conta as reações das crianças e não as dos adultos; que sejam feitas com boa estética; que não desviem do essencial (sem pormenores inúteis); que não tenham exageros.

São desaconselhadas:

- imagens que não suscitem sentimentos de fé e de piedade, com muito expressionismo. (Ex: semblantes de boneca, ideias que remetam homens afeminados. Etc.);

São condenadas:

- imagens que transmitam falsa noção de realidade; que apresentem aspectos muito sentimentais; que contribuam para ridicularizar algum personagem sagrado, algum mistério da fé ou os ritos da Liturgia.

O Sincretismo permitido e até incentivado dentro das Igrejas.

OMULÚ (ABALUAÊ, XAPANÃ) - SÃO LAZARO[2]

O núcleo umbandista de São Sebastião ensina que Omulú, Abaluaê e Xapanã são nomes do mesmo Orixá, alguns, no entanto, os separam alegando serem Orixás diferentes. No  terreiro os três nomes são adotados sendo Omulú o mais ouvido.  O sincretismo com São Lázaro é porque entre a maioria dos católicos, a imagem do santo mostra-o de muletas com cães lambendo-lhe as chagas espalhadas pelo corpo todo. Os africanos acreditam que Omulú ou Abaluaê, é o protetor contra as doenças e contra a peste e que seu corpo é coberto com uma roupa de palha que lhe esconde as feridas. Daí a sua ligação com os cemitérios, onde se reza pelas almas, bem como, nos cruzeiros em geral, tais como, os encontrados nas estradas, nos cemitérios e nas igrejas. Desta forma São Lázaro é um Santo que protege e é também uma das portas que se abrem para desmanchar magias maléficas. Por isso muitos devotos pedem a ele a cura de vícios.
A imagem do santo mostra-o de muletas com um cão lambendo-lhe as chagas espalhadas pelo corpo todo. Os nossos irmãos africanos nos ensinaram que Omulú é o protetor contra as doenças e contra a peste, que seu corpo é coberto com uma roupa de palha que lhe esconde as feridas, por esse motivo o sincretismo com São Lázaro ocorreu. Outros o sincretizam a São Roque e outros a São Cipriano. A Omulú recorrem todos que sofrem de moléstias tidas como incuráveis, o que lhe vale a fama de médico dos miseráveis.

Registro Histórico no Brasil

O mais antigo documento histórico que fala sobre a existência da Capela de São Lázaro, no Brasil, é de 12 de outubro de 1737. O local onde esta a Capela chamado "Lazareto", ficando longe do centro da capital baiana, era destinado às pessoas afetadas pelas doenças contagiosas e aos doentes-escravos trazidos da África. Para a manutenção do hospital e da Igreja o rei do Portugal, D. José, instituiu o "Real de São Lázaro". Segundo o antigo documento de 1737 os bens de São Lázaro "não podiam ser vendidos, doados ou trocados".

Orixá ligado às linhas de Oxalá e Africana, Omulú e seus seguidores encaminham as almas dos recém-falecidos ao mundo espiritual e deles absorve os fluídos e miasmas que exalam de um cadáver. Daí a sua ligação com os cemitérios, aonde se condensam as vibrações desse gênero. Quando evocado nos terreiros, a evocação é sempre feita pelos guias, como os Caboclos e os Pretos Velhos, sendo que muitos Pretos Velhos trabalham na vibração de Omulú. Suas cores são o branco e o preto, o branco simboliza o sentido da pureza espiritual dedicado a Oxalá e nas contas negras está representada a ausência da vida. A Umbanda afirma que Omulú não deve ser encarado como algo assustador, para enganar as pessoas. Omulú e seus enviados são atuantes nos cemitérios e impedem o mau uso das energias e fluídos lá depositados, através dos cadáveres sepultados, dispersando na atmosfera esses fluídos e energias que poderiam ser usados por espíritos malignos em seus hediondos trabalhos de baixa magia. Na África ele é considerado o protetor contra a peste, contra a varíola e outras doenças contagiosas. Nas obrigações a Omulú são normalmente usadas velas brancas ou brancas e pretas, cravos brancos ou outra flor branca masculina, água pura ou vinho branco doce.

No Candomblé, é usada em descarrego de pessoas doentes, a pipoca preparada em azeite de dendê (sem sal). Na Umbanda é raro esse tipo de descarrego, porém, ocorre em alguns templos.

Assim, nos orienta a Palavra de Deus em defesa a essas barbaridades:

 “A manifestação do ímpio será acompanhada, graças ao poder de Satanás, de toda a sorte de portentos, sinais e prodígios enganadores. Ele usará de todas as seduções do mal com aqueles que se perdem, por não terem cultivado o amor à verdade que os teria podido salvar.” (II Tes 2,9s)


[1]
                Aquino, Felipe Queiroz de. A Moral Católica e os dez mandamentos. Ed. Cleófas, 2010. (livro com IMPRIMATUR, pelo Bispo †Dom Benedito Beni dos Santos, de Lorena.  Pág. 83s
 



[1]Código de Direito Canônico.
[2]Donos: Santuário do Céu Azul, Belo Horizonte – MG.
[3]Jo 12,10
[4] Catecismo da Igreja Católica.
[5] (Do Sumo Pontífice Bento XVI, Carta Encíclica CARITAS IN VERITATE. Parágrafo 1, pág.3. Ed.Paulinas,2009. 
[6] CARITAS IN VERITATE, parágrafo 4, pág.7. Ed.Paulinas-2009.

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