Dom Fernando Arêas Rifan
Bispo da Administração Apostólica Pessoal
São João Maria Vianney
De hoje até 9 de maio, acontece
em Aparecida a 52ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil (CNBB), na qual estou presente com os outros irmãos no episcopado,
demonstrando a nossa comunhão eclesial efetiva e afetiva. Que todos os
católicos rezem, pois o bom fruto da Assembleia é do interesse de todos!
A natureza das conferências
episcopais foi exposta na Carta Apostólica Apóstolos
Suos, de S. João Paulo II, onde cita o decreto Christus Dominus do Concílio Vaticano II, que considera “muito
conveniente que, em todo o mundo, os Bispos da mesma nação ou região se reúnam
periodicamente em assembleia, para que, da comunicação de pareceres e
experiências, e da troca de opiniões, resulte uma santa colaboração de esforços
para bem comum das Igrejas”. Ensina ele que “a união colegial do Episcopado
manifesta a natureza da Igreja... Assim como a Igreja é una e universal, assim
também o Episcopado é uno e indiviso, sendo tão extenso como a comunidade
visível da Igreja e constituindo a expressão da sua rica variedade. Princípio e
fundamento visível dessa unidade é o Romano Pontífice, cabeça do corpo
episcopal”.
Mas a Conferência Episcopal,
instituição eclesiástica, não existe para anular o poder dos Bispos,
instituição divina. O Papa emérito Bento XVI, quando Cardeal, falou sobre um
dos “efeitos paradoxais do pós-concílio”: “A decidida retomada (no Concílio) do
papel do Bispo, na realidade, enfraqueceu-se um pouco, ou corre até mesmo o
risco de ser sufocada pela inserção dos prelados em conferências episcopais sempre
mais organizadas, com estruturas burocráticas frequentemente pesadas. No
entanto, não devemos esquecer que as conferências episcopais... não fazem parte
da estrutura indispensável da Igreja, assim como querida por Cristo: têm
somente uma função prática, concreta”. É, aliás, continua, o que confirma o
Direito Canônico, que fixa os âmbitos de autoridade das Conferências, que “não
podem agir validamente em nome de todos os bispos, a menos que todos e cada um
dos bispos tenham dado o seu consentimento”, e quando não se trate de “matérias
sobre as quais haja disposto o direito universal ou o estabeleça um especial
mandato da Sé Apostólica”. E recorda o Código e o Concílio: “o Bispo é o
autêntico doutor e mestre da Fé para os fiéis confiados aos seus cuidados”. “Nenhuma
Conferência Episcopal tem, enquanto tal, uma missão de ensino: seus documentos
não têm valor específico, mas o valor do consenso que lhes é atribuído pelos
bispos individualmente”.
E continua o Papa emérito: “O
grupo dos bispos unidos nas Conferências depende, na prática, para as decisões,
de outros grupos, de comissões específicas, que elaboram roteiros
preparatórios. Acontece, além disso, que a busca de um ponto comum entre as
várias tendências e o esforço de mediação dão lugar, muitas vezes, a documentos
nivelados por baixo, em que as posições precisas são atenuadas”. E ele recorda
que, em seu país, existia uma Conferência Episcopal já nos anos 30: “Pois bem,
os textos realmente vigorosos contra o nazismo foram os que vieram individualmente
de prelados corajosos. Os da Conferência, no entanto, pareciam um tanto
abrandados, fracos demais com relação ao que a tragédia exigia” (A Fé em crise,
IV).
Nenhum comentário:
Postar um comentário