Por Rodrigo
Pedroso.
“Cristo”
é a tradução grega do termo hebraico “Messias”, que quer dizer “ungido”.
Segundo o Catecismo da Igreja Católica (n. 436), no antigo povo de Israel eram
ungidos em nome de Deus os reis, os sacerdotes e os profetas. Por isso, sendo o
Senhor Jesus o Ungido por excelência, a Ele pertence o tríplice múnus de Sumo
Profeta, Eterno Sacerdote e Rei Universal. O Catecismo Romano, por sua vez,
esclarece que a Unção pela qual Jesus foi sagrado o Cristo consiste na plenitude
da graça do Espírito Santo e na abundância dos dons espirituais que Lhe foram
conferidos enquanto homem (cf. I, III, 7).
Assim,
o fundamento da realeza de Nosso Senhor Jesus Cristo está no mistério da
Encarnação, ou seja, no fato de ser Ele verdadeiro Deus e verdadeiro homem.
Trata-se daquela que pelos teólogos é chamada de “união hipostática”: duas
naturezas, divina e humana, não confundidas, mas admiravelmente unidas na
Pessoa divina do Verbo. Em vista disso, Jesus Cristo é Rei do Universo, não
apenas por ser Deus e Senhor de tudo, mas também enquanto homem. Como explica o
Papa Pio XI, na encíclica Quas Primas: «Segue daí que o Cristo não somente deve
ser adorado como Deus pelos anjos e pelos homens, mas também que a Ele, como
homem, devem estar submetidos e obedecer: isto é, que unicamente pelo fato da
união hipostática o Cristo recebeu o poder sobre todas as criaturas» (n. 7).
Efetivamente, ensina o antigo Catecismo Romano: «Jesus é Rei porque Deus reuniu
em sua humanidade tudo o que a natureza humana podia comportar de poder,
grandeza e dignidade. Entregou-lhe, portanto, o governo do mundo inteiro» (I,
III, 7).
Isso
significa que Jesus é Rei não apenas da porta da sacristia para dentro. Jesus é
Rei não apenas dos homens considerados individualmente, mas também deve reinar
sobre a vida pública e social. Com efeito, declara Papa Pio XI: «Os homens,
unidos em sociedade, não estão menos sob o poder do Cristo do que o estejam os
homens particulares. Somente Ele é a fonte da salvação privada e pública» (Quas
Primas, 11). O mesmo Pontífice, na encíclica Ubi Arcano, já havia dito que «o
meio mais eficaz de trabalhar pelo restabelecimento da paz é restaurar o Reino
de Cristo» (n. 39). E em que consiste esse Reino? Responde-nos o Papa Paulo VI
em sua Solene Profissão de Fé (Credo do Povo de Deus): «Consiste em conhecer
sempre mais profundamente as insondáveis riquezas do Cristo, em esperar sempre
mais ardentemente os bens eternos, em responder sempre mais decididamente ao
amor de Deus e em distribuir sempre mais largamente a graça e a santidade entre
os homens» (n. 27).
Diz
ainda o Sumo Pontífice Pio XI que Jesus «reina na sociedade quando esta,
prestando a Deus uma homenagem soberana, reconhece que d’Ele derivam a
autoridade e seus direitos» (Ubi Arcano, 38). No entanto, quão longe disso
estamos hoje em dia! Mais uma vez vemos cumprirem-se diante de nossos olhos as
palavras do Salmista: «Por que os povos agitados se revoltam? Por que tramam as
nações projetos vãos? Por que os reis de toda a terra se reúnem e conspiram os
governos todos juntos contra o Deus onipotente e o seu Cristo?» (Sl 2,1-2).
Se
estendermos o olhar ao nosso redor, veremos ser travada, nos campos da cultura
e da política, uma guerra de extermínio contra o Cristianismo. Leis iníquas são
aprovadas, arrancam-se os crucifixos das paredes e os cristãos são oprimidos e
marginalizados apenas por vivenciarem a sua fé. Este é o panorama de uma
sociedade que se rebela contra a realeza de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Jesus
é Rei, o Legislador supremo e o único verdadeiro Soberano. Todas as vezes em
que os homens, arrogantemente, usurparam essa soberania, como se a eles só
pertencesse, o resultado invariavelmente foi o mal, a opressão, a tirania. Se
não nos organizarmos a fim de devolver à sociedade moderna uma noção do
espiritual, defendendo o Reinado social de Jesus Cristo, eles acabarão conosco.
«Levantemos o nosso povo do seu abatimento e pelejemos por nossa Pátria e por
nossa religião» (I Mac 3,43).
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