Por Dom Henrique Soares.
Diante da Eucaristia, inestimável dom, nossa resposta
é não somente a fé agradecida, mas também a viva sede da comunhão frequente e
da adoração piedosa. São João Crisóstomo afirmava:
“Quando estás para abeirar-te da sagrada mesa, acredita que nela
está presente o Senhor de todos”. Por isso, a
adoração é inseparável da comunhão.
Neste sentido, a Igreja desde tempos remotos,
recomenda aos seus filhos que se detenham frequentemente em adoração ao Senhor
sacramentado. João Paulo II quis renovar essa recomendação:
“O culto prestado à Eucaristia fora da missa é de um valor
inestimável na vida da Igreja, e está ligado intimamente com a celebração do
Sacrifício eucarístico. A presença de Cristo nas hóstias consagradas que se
conservam após a Missa – presença essa que perdura enquanto subsistirem as
espécies do pão do vinho – resulta da celebração da Eucaristia e destina-se à
comunhão, sacramental e espiritual. Compete aos Pastores, inclusive pelo
testemunho pessoal, estimular o culto eucarístico, de modo particular as
exposições do Santíssimo Sacramento e também as visitas de adoração a Cristo
presente sob as espécies eucarísticas. É bom demorar-se com Ele e, inclinado
sobre o Seu peito como o discípulo predileto (cf. Jo 13,25), deixar-se tocar
pelo amor infinito do Seu coração. Se atualmente o cristianismo se deve
caracterizar sobretudo pela arte da oração, como não sentir de novo a
necessidade de permanecer longamente, em diálogo espiritual, adoração
silenciosa, atitude de amor, diante de Cristo presente no Santíssimo
Sacramento? Quantas vezes, meus queridos irmãos e irmãs, fiz esta experiência,
recebendo dela força, consolação, apoio! Desta prática, muitas vezes louvada e
recomendada pelo Magistério, deram-nos o exemplo numerosos Santos. De modo
particular, distinguiu-se nisto Santo Afonso Maria de Ligório, que escrevia: ‘A
devoção de adorar Jesus sacramentado é, depois dos sacramentos, a primeira de
todas as devoções, a mais agradável a Deus e a mais útil para nós’. A
Eucaristia é um tesouro inestimável: não só a sua celebração, mas também o
permanecer diante dela fora da missa permite-nos beber na própria fonte da
graça. Uma comunidade cristã que queira contemplar melhor o rosto de Cristo...
não pode deixar de desenvolver também este aspecto do culto eucarístico, no
qual perduram e se multiplicam os frutos da comunhão do corpo e sangue do
Senhor” (Ecclesia de Eucharistia, 15).
Portanto, não tenhamos dúvidas: se as espécies
eucarísticas destinam-se primeiramente a serem consumidas em comunhão fraterna
durante a celebração da Santa Missa, também podem e devem ser adoradas não
somente no momento mesmo da consagração – quando devemos todos nos ajoelhar de
modo reverente a adorante -, mas também fora da missa, em adoração pessoal ou
comunitária. Estas são as constantes consciência e doutrina da Igreja, da qual
nenhum católico deve duvidar. Ninguém tem o direito de ensinar diversamente!
Que fique claro de modo cristalino: as espécies eucarísticas, primariamente
dadas à Igreja para a comunhão, devem ser adoradas por todos, seja durante a
consagração, seja com um piedoso e reverente gesto antes da comunhão (um
inclinação, uma genuflexão ou até mesmo ajoelhar-se), seja na adoração pessoal
ou comunitária no culto eucarístico fora da celebração da santa Missa. Que
ninguém se deixe iludir por falsos mestres, mestres de si próprios e doutores
em próprio nome, que deturpam a fé, usurpam o mandato de ensinar aos fieis, que
compete à Igreja, e confundem o rebanho com doutrinas exóticas e de própria
autoria, que só levam à confusão dos fieis e ao esfriamento geral da fé! A
Eucaristia é um mistério grande demais, sublime demais para ser manipulado por
quem quer que seja!
Graças e louvores se deem a todo momento ao Santíssimo
e Diviníssimo Sacramento!
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