Dom Fernando Arêas Rifan.
Bispo da Administração Apostólica Pessoal
São João Maria Vianney
Domingo
próximo, dia 1º de junho, é o 48º Dia Mundial das Comunicações Sociais. Como
vivemos hoje a cultura do desencontro e do descartável, reflitamos sobre a
mensagem do Papa Francisco para esse dia, cujo tema é a cultura do encontro.
Vivemos num mundo que está se tornando cada vez
menor, parecendo, por isso mesmo, que deveria ser mais fácil fazer-nos próximos
uns dos outros. Todavia, dentro da humanidade, permanecem divisões e conflitos.
Os meios de comunicação podem ajudar e particularmente a internet pode oferecer
maiores possibilidades de encontro e de solidariedade entre todos.
No entanto, existem aspectos problemáticos: a
velocidade da informação supera a nossa capacidade de reflexão e discernimento,
e não permite uma expressão equilibrada e correta de si mesmo. O ambiente de
comunicação pode ajudar-nos a crescer ou, pelo contrário, desorientar-nos. O
desejo de conexão digital pode acabar por nos isolar do nosso próximo, de quem
está mais perto de nós. Estes limites são reais, mas não justificam uma
rejeição dos mass-media; a comunicação é uma conquista mais humana que
tecnológica. Devemos recuperar certo sentido de pausa e calma. Isto requer
tempo e capacidade de fazer silêncio para escutar. Então aprenderemos a ver o
mundo com olhos diferentes e saberemos apreciar melhor também os grandes
valores inspirados pelo Cristianismo, como, por exemplo, a visão do ser humano
como pessoa, o matrimônio e a família, a distinção entre esfera religiosa e
esfera política, os princípios de solidariedade e subsidiariedade, entre
outros.
Então, como pode a comunicação estar ao serviço de
uma autêntica cultura do encontro? A resposta está na parábola do bom
samaritano, que é também uma parábola do comunicador. Na realidade, quem
comunica faz-se próximo. E o bom samaritano não só se faz próximo, mas cuida do
homem que encontra quase morto na estrada. E quando falo de estrada penso nas
estradas do mundo onde as pessoas vivem. Entre estas estradas estão também as
digitais, congestionadas de feridos: homens e mulheres que procuram uma
salvação ou uma esperança. Também graças à rede, pode a mensagem cristã viajar
“até aos confins do mundo” (At 1, 8). Abrir as portas das igrejas significa
também abri-las no ambiente digital, seja para que as pessoas entrem,
independentemente da condição de vida em que se encontrem, seja para que o
Evangelho possa cruzar o limiar do templo e sair ao encontro de todos. Mas o
testemunho cristão não se faz com o bombardeio de mensagens religiosas, mas com
a vontade de se doar aos outros, através da disponibilidade para se deixar
envolver, pacientemente e com respeito, nas suas questões e nas suas dúvidas,
no caminho de busca da verdade e do sentido da existência humana. Pensemos no
episódio dos discípulos de Emaús. É preciso saber-se inserir no diálogo com os
homens e mulheres de hoje, para compreender os seus anseios, dúvidas,
esperanças, e oferecer-lhes o Evangelho, isto é, Jesus Cristo. Dialogar não
significa renunciar às próprias ideias e tradições, mas à pretensão de que
sejam únicas e absolutas.
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