Por
André Brandalise
Sinopse: Chris Kyle, maior atirador do
exército americano, é enviado para o Iraque e logo se torna uma lenda conforme
as histórias da sua coragem e as vidas que salvou vão se espalhando. Ao mesmo
tempo que precisa se proteger dos inimigos que o fizeram de alvo, Kyle ainda
tem que lidar com as dificuldades de ser um bom pai e marido mesmo estando do
outro lado do mundo.
Sempre que vejo um filme com a direção
de Clint Eastwood eu me interesso, sendo, com certeza, um dos meus diretores
preferidos. Também me chamou a atenção os comentários da crítica quanto à
atuação de Bradley Cooper. O somatório dos dois resultou, para mim, em um
ótimo filme.
Vemos uma pessoa que, movida pelo
patriotismo típico do norte-americano, busca as forças armadas para
defender sua pátria. Para quem tem aversão aos Estados Unidos este filme
será ruim, pois, desde o início, já começará a condenar o
protagonista e qualquer ação do exército ianque no Iraque. No entanto,
este não pode ser visto como um novo “Rambo”, porque é uma produção
baseada em uma autobiografia, que mostra um homem impactado pelo ato terrorista
de 11/09/01 que decide lutar pela liberdade. Chris Kyle foi apenas
um, entre vários que fizeram o mesmo, e o filme não trata apenas de seus feitos
como soldado, mas também das dificuldades do homem, marido e pai.
Como costuma fazer, Clint Eastwood traz
um belo filme com muito mais do que imagens de guerra, nos fazendo
entender e interagir com o protagonista. Para mim, é uma obra a ser comparada
ao fantástico “Cartas de Iwo Jima”, outra produção de Clint.
Mas e sob a visão católica, o que
podemos dizer?
Primeiro, devemos ter em mente que,
muito embora a Igreja Católica seja contra a guerra, reconhece a necessidade da
existências das forças armadas e da sua atuação quando necessário,
como podemos ver no Compêndio da Doutrina Social da Igreja:
502 As exigências da legítima
defesa justificam a existência, nos Estados, das forças armadas, cuja ação deve
ser posta ao serviço da paz: os que com tal espírito tutelam a segurança e a
liberdade de um País, dão um autêntico contributo à paz. Toda a pessoa que
presta serviço nas forças armadas é concretamente chamada a defender o bem, a
verdade e a justiça no mundo; não poucos são aqueles que nas forças armadas
sacrificaram a própria vida por tais valores e para defender vidas inocentes. O
crescente número de militares que atuam no seio de forças multinacionais, no
âmbito das «missões humanitárias e de paz», promovidas pelas Nações Unidas, é
um fato significativo.
Ainda, quando se fala de terrorismo, no
mesmo documento existe o posicionamento da Igreja:
514 O terrorismo deve ser
condenado do modo mais absoluto. Este manifesta o desprezo total da vida humana
e nenhuma motivação pode justificá-lo, pois que o homem é sempre fim e nunca
meio. Os atos de terrorismo atentam contra a dignidade do homem e
constituem uma ofensa para a humanidade inteira: «Existe por isso um direito a
defender-se do terrorismo». Tal direito não pode, todavia ser exercido no vácuo
de regras morais e jurídicas, pois que a luta contra o terrorismo deve ser
conduzida no respeito dos direitos do homem e dos princípios de um Estado de
direito. A identificação dos culpados deve ser devidamente provada, pois a
responsabilidade penal é sempre pessoal e, portanto, não pode ser estendida às
religiões, às nações, às etnias, às quais os terroristas pertencem.
É claro que a invasão dos Estados
Unidos ao Iraque pode gerar uma imensa discussão sobre motivos e etc., mas
temos que lembrar que os soldados norte-americanos estavam atuando motivados
pelo ocorrido em 11/09/01 e, no caso do protagonista deste filme, isso fica
muito evidente.
Entendo ser uma ótima produção e indico
a qualquer pessoa, mas em termos de “Projeções de Fé” qualifico como
vale conferir, porém, valendo indicar também que seja visto sob
os olhos do homem Chris Kyle e seus anseios.
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