Por Ivanaldo Santos
O número 148 da revista Tpm,
de novembro de 2014, disponível na internet a partir do dia 13/11/2014, traz, entre
outros temas, uma longa reportagem sobre o aborto, cujo título é Precisamos falar aborto. Essa reportagem
foi alvo de críticas e debates nas redes sociais do Brasil no início de 2015.
Trata-se de uma reportagem com ares científicos, citando médicos e juristas,
apresentando o apoio, a causa pró-aborto, de artistas e intelectuais conhecidos
nacionalmente. Não se trata de fazer críticas ou denúncias desnecessárias a
reportagem da revista Tpm. No
entanto, a título de contribuir seriamente com o debate serão apresentados cinco
argumentos.
1)
A matéria da Tpm foge ao
padrão convencional dos grupos e do movimento pró-aborto, pois não coloca a
culpa nos grupos religiosos, não fica acusando a Igreja Católica e os cristãos.
Em certo sentido a matéria coloca um dado que não é aceito pelos grupos
pró-aborto, ou seja, que, no Brasil, a maioria esmagadora da população é contra
o aborto. Num país democrático, mesmo que uma minoria não goste, a população
deve ser ouvida sob os temas que lhe interessam.
2)
A matéria da Tpm não repete o argumento que diz que
um milhão de mulheres morrem no Brasil todo ano vítimas do aborto. A falsidade
e falsificação desse argumento foram demonstradas ao longo dos últimos 15 anos
de luta contra a legalização do aborto no Brasil. Esse argumento é
reconstruído, afirmando-se, entre outras coisas, que a “cada
dois dias uma brasileira morre em decorrência de um aborto ilegal”, o que
daria, em tese, uma média de 180 mortes de mulheres por ano. Esse é o tipo de
argumento que tem a missão de criar um clima de emoção favorável ao debate
pró-aborto. Com isso, se ganha a batalha pelas consciências por meio da emoção.
E veja que quem é acusado de ser emocional são os grupos religiosos contrários
ao aborto. É necessário deixar claro que toda vida humana precisa ser
respeitada e valorizada, não importa se uma mulher morre, ela é um ser humano
vivo que merece respeito e dignidade. No entanto, esse tipo de argumento possui
dois sérios problemas: a) esse tipo de pesquisa trabalha com dados abstratos,
muitas vezes vindos de organismos internacionais que defendem o aborto e que,
por meio de generalizações, fazem esse tipo de cálculo; b) Uma reivindicação
que, ao menos, nos últimos 10 anos os grupos contrários a legalização do aborto
tem feito no Brasil é questionar seriamente esse tipo de pesquisa. Quando
aparece uma pesquisa desse tipo, pergunta-se, por exemplo: Qual o método foi
utilizado? Qual é a amostragem? Por que essas pesquisas não são
disponibilizadas gratuitamente na internet?
3)
A Matéria afirma que “nem a interdição legal (ou a
proibição religiosa) impede essas mulheres de interromper
suas gestações [fazer um aborto]”. Aparentemente isso é uma verdade. É
preciso ter em mente que a lei que proibi o aborto existe para garantir, num
nível mais restrito, a vida do indivíduo e, num nível mais amplo, a vida e a
continuidade da humanidade. Seres humanos não nascem em árvores ou brotam do chão.
Por isso, não se pode aprovar leis, como a legalização do aborto e do
assassinato, que coloquem em perigo imediato a vida do indivíduo e a
continuidade da espécie humana. O argumento que diz que a proibição não impede
mulher de praticar um aborto é um argumento falso. Segundo essa lógica, em
breve deveremos ter movimentos que reivindiquem, por exemplo, a legalização do
estupro e do assassinato, pois ambos os crimes, apesar de serem proibidos pela
Lei, continuam sendo praticados. Legalizar crimes não resolvem problemas, pelo
contrário, mergulham a sociedade em mais problemas. Além disso, como bem
observou o ex-presidente do EUA, Ronald Wilson Reagan, só quem defende o aborto
é quem já nasceu, o aborto é o único movimento social aonde o verdadeiro
interessado (o feto, o bebê ainda no ventre da mãe) não tem qualquer
participação e nem se quer é consultado. Sem contar que o aborto é o mais
radical método de exclusão social que existe, pois exclui a própria vida, antes
mesmo de nascer.
4)
A matéria apresenta a opinião
de Marcelo Freixo, deputado estadual no Rio de Janeiro pelo PSOL, que
afirma, entre outras coisas, que o “debate [sobre o aborto] carece de um olhar
pedagógico”. Isso de fato é verdade, faltam, por parte do poder público, da
sociedade civil, dos grupos religiosos e de outras organizações, campanhas de
conscientização sobre o valor da vida humana, sobre como a vida deve ser
valorizada e respeitada. Fala-se em aborto, mas não se fala em promoção e
defesa da vida. É como se a vida nascesse de forma espontânea em cada esquina
das cidades. O problema é que a vida é fruto de movimentos amplos e complexos,
do qual a gravidez é um desses movimentos. É interessante notar que, diante de
tantos problemas sociais, não se veem, com frequência, campanhas, por exemplo,
de valorização e respeito a gravidez, a amamentação, de respeito ao recém
nascido, de educação no transito e de respeito a ordem pública. Ao invés de
ficar se propondo a legalização do aborto, um ato brutal que coloca em perigo a
própria existência da espécie humana, deveria se investir, por exemplo, em
campanhas de maternidade e paternidade responsável, em combate ao analfabetismo
(o analfabetismo cresceu no Brasil nos últimos anos), de combate ao terrorismo,
de combate a corrupção e a pobreza. Legalizar o aborto não vai resolver nenhum
problema social, pelo contrário agravará os que já existem.
Deputado Marcelo Freixo-PSOL diz que "o debate sobre o aborto carece de um olhar pedagógico. |
5)
Por fim, a matéria da revista
Tpm traz uma série de opiniões favoráveis ao aborto
dadas por artistas e intelectuais. De alguma forma, são os intelectuais
orgânicos, os radicais chiques, os representantes da chamada esquerda caviar
que vivem defendendo teses exóticas e, muitas vezes, distantes da vida das
pessoas. São teses no estilo legaliza o
aborto, uma tese que se praticada, ao pé da letra, colocará a própria
espécie humana em risco de extinção. É bonito defender esse tipo de tese, mas
no cotidiano, na vida real, a prática desse tipo de tese é bem prejudicial à
vida do ser humano. Além disso, é preciso observar duas coisas: a) Existem muitos
artistas e intelectuais que defendem teses exóticas, no estilo legalize o aborto, de graça, sem cobrar
dinheiro ou algum tipo de recompensa (participar de um filme, lançar um livro,
dar entrevistas, etc), são pessoas fiéis a cultura da morte, a algum tipo de
ideologia do assassinato que propõe resolver problemas humanos matando
indivíduos ou grupos humanos. Nesse caso, como podemos, em tese, condenar, por
exemplo, os grupos de extermínio? Se podemos matar nossos próprios filhos, por
que, então, os nazistas ou os grupos terroristas estão errados? b) É necessário
que a opinião pública, e até mesmo a justiça, fique de olho em certos grupos de
artistas e intelectuais. Como é público, o atual governo (liderado pelo Partido
dos Trabalhadores – PT) tem uma forte tendência a valorizar e até mesmo a apoiar
grupos e ações que promovam a legalização do aborto. Por isso, artistas e
intelectuais, que não são tão fiéis as ideologias esquerdistas, podem, por
exemplo, dar belas entrevistas defendendo o aborto e, algum tempo depois,
ganhar algum tipo de benefício do governo (participar de um filme, lançar um
livro, dar entrevistas, etc) e/ou receber, de alguma agência estatal, milhões e
milhões em patrocínio. Por incrível que pareça defender o assassinato do feto,
por meio do aborto, pode ser muito lucrativo para alguns grupos sociais.
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