Por Dom
Fernando Arêas Rifan
Bispo da Administração
Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
Domingo próximo, dia 8, será o dia
internacional da mulher, razão de falarmos da dignidade especial daquela que é
o coração da família. Sua dignidade há que ser ressaltada, pois a crise atual
da família atinge especialmente a mulher. “Na nossa época, o matrimônio e a
família estão em crise. Vivemos numa cultura do provisório, na qual cada vez
mais pessoas renunciam ao matrimônio como compromisso público. Esta revolução
nos costumes e na moral agitou com frequência a ‘bandeira da liberdade’, mas na
realidade trouxe devastação espiritual e material a numerosos seres humanos, de
maneira especial aos mais vulneráveis. É cada vez mais evidente que o declínio
da cultura do matrimônio está associado a um aumento de pobreza e a uma série
de numerosos outros problemas sociais que atingem em medida desproporcional as
mulheres, as crianças e os idosos. E são sempre eles quem mais sofre nesta
crise” (Papa Francisco, Discurso aos participantes no encontro internacional
sobre a complementaridade entre homem e a mulher, 17/11/2014).
Foi o cristianismo que salvou a
dignidade da mulher! A história, nos testemunhos de Juvenal e Ovídio, nos conta
que a moral sexual e a fidelidade conjugal, antes do cristianismo, estavam em
extrema degradação. Constatamos isso, vendo atualmente a situação da mulher nos
povos que não têm o cristianismo. No começo do século II, Tácito afirmava que
uma mulher casta era um fenômeno raro. Galeno, o médico grego do século II,
ficava impressionado com a retidão do comportamento sexual dos cristãos. Os
próprios historiadores são obrigados a confessar que foram os cristãos que
restauraram a dignidade do matrimônio.
O cristianismo estendeu o conceito de
adultério também à infidelidade do marido, pois no mundo antigo ele só se
limitava à infidelidade da esposa. O cristianismo santificou o matrimônio,
elevando-o à ordem de sacramento, proibindo o divórcio, que prejudica,
sobretudo, a mulher. O cristianismo, ao contrário da mentalidade machista,
iguala o pecado do homem e da mulher: o sexto e o nono mandamentos valem
igualmente para os dois.
As mulheres encontraram na Igreja,
conforme a sua própria condição, seu lugar digno: foi-lhes permitido formar
comunidades religiosas dotadas de governo próprio, dirigir suas próprias
escolas, conventos, colégios, hospitais e orfanatos, coisa impensável no mundo
antigo (cf. Thomas E. Woods Jr, “Como a Igreja Católica construiu a civilização
ocidental”). O homem e a mulher são seres humanos, em grau igual, ambos criados
à imagem de Deus. Mas, “a igualdade de dignidade não significa ser idêntico aos
homens. Isso só empobrece as mulheres e toda a sociedade, deformando ou
perdendo a riqueza única e valores próprios da feminilidade. Na visão da Igreja,
o homem e a mulher foram chamados pelo Criador para viver em profunda comunhão
entre si, conhecendo-se mutuamente, para dar a si mesmos e agir em conjunto,
tendendo para o bem comum com as características complementares do que é
feminino e masculino” (S. João Paulo II, Mensagem sobre a mulher, 26/5/1995).
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