quinta-feira, 19 de março de 2015

O revolucionário é um infeliz.


Por Emanuel Jr.

Eu realmente gosto de arroz, feijão, alguma salada e bife. É minha comida predileta. Não precisa muito mais que isso, mesmo que todo dia, para me agradar. Eu também gosto de ler, assistir algumas séries de TV, novela não, mas um ou outro filme, especialmente daqueles que muita gente morre de uma só vez sabe... estilo “Duro de Matar” e coisas do tipo. São os meus gostos. Sempre os sigo.

O conservador quer conservar o que tem,
portanto está feliz com o que tem.
Fico imaginando se eu fosse um revolucionário desses comunistas ou anarquistas ou qualquer coisa lunática dessa. Provavelmente, dentro do pensamento deles, eu deveria gostar do comer arroz, bife e salada, mas não deveria continuar fazendo isso porque iria contra a revolução.

Na verdade eu não estou ficando doido e nem escrevi isso em uma noite mal dormida. Na verdade estou usando um argumento simples: você conserva o que gosta. Se eu não gostasse de ver filmes de ação eu simplesmente mudaria de canal. Já que eu gosto, eu os mantenho. Eu os conservo.

Conseguiu pegar o cerne da questão? O conservador é aquela pessoa que está feliz e satisfeita com o que tem e como as coisas são. Não é uma pessoa simplesmente conformista, não se trata disso, mas é uma pessoa que está feliz e realmente gosta de como as coisas funcionam. Elas podem até não ter seu funcionamento sempre dentro da perfeição desejada, mas o conservador entende que as coisas não são perfeitas para que se exija perfeição delas e, principalmente, entende que as pessoas não são perfeitas, inclusive ele. Se não há perfeição nos agentes de uma ação, impossível cobrar perfeição no resultado final. Contudo é possível melhorar cada vez mais o caminho para que se chegue cada vez melhor em um resultado. O revolucionário não pretende melhorar nada. Ele pretende destruir todo o caminho pra fazer um resultado melhor. Como isso pode dar certo, nem eles sabem explicar.

O revolucionário não gosta do que tem,
mas não está satisfeito em apenas mudar.
Destrói o que não gosta.
Tudo isso, por parte do revolucionário, é um tanto quanto contraditório. O revolucionário quando não gosta do filme ele não se contenta em mudar de canal, ele difama o canal, liga para a operadora de TV a cabo (se for o caso), reclama nas redes sociais e, no final de tudo, quebra a televisão que não tinha nada com o assunto. O revolucionário é um infeliz por natureza. Isso é lógico! Quando se está infeliz com algo, o que queremos é mudar e não conservar. O conservador pretende conservar justamente porque é feliz com o que pretende manter, apesar de saber que tudo pode ficar ainda melhor.

Trata-se de uma pequena linha de raciocínio em lógica para definirmos alguns pontos. Contrapontos são sempre bem vindos, contudo devem ser igualmente bem vindos os contra-argumentos, essa parte o revolucionário também não permite já que ele está certo e você sempre errado pelo simples fato de você existir.


Antes que alguém realmente me chame de louco por argumentar assim, já afirmo aqui que a linha de raciocínio não é minha, mas de Peter Kreeft em seu livro “Sócrates encontra Marx”. Uma bela sugestão de leitura principalmente para os revolucionários de plantão. Mas tem que ler até o fim heim.

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