segunda-feira, 6 de julho de 2015

Mas ele é o Papa.


Por Emanuel Jr.

Esses dias me deparei em uma dessas redes sociais com uma carta aberta para o Papa Francisco sobre a intenção de ele de mudar a doutrina da Igreja.

Fico realmente abismado com esse tipo de atitude pelo simples fato de que vejo uma carta como essa com extrema má-fé de quem escreve e ainda divulga. Se quisesse tanto saber as respostas dessas questões que julga essenciais e realmente o são, esperaria as respostas e se empenharia em elas serem respondidas o quanto antes no lugar de ficar causando confusão ao divulgar isso publicamente. A maioria das pessoas sequer entende o que está lendo num texto desse.

O problema é que tem muita gente querendo ser mais católico que o Papa. Esquecem que ele é a cabeça visível da Igreja. A Igreja não erra em questão de moral e fé e por isso ele não pode errar. Quem não acredita nisso não é católico e aí os termos da discussão precisam mudar. Quem não acredita nisso pode muito bem acreditar que ele quer mudar a doutrina e começar com a teoria da conspiração. Mesmo que ele queira mudar ele não pode fazer isso. É uma questão de fé que ele não vai conseguir mesmo que ele queira.

Não sou o maior fã dele, digo isso claramente, mas ele é o Papa. Isso também não significa que eu o odeie ou o desobedeça, mais uma vez precisa ficar claro que ele é o Papa. Se fosse eleito o Leonardo Boff para Papa eu, da mesma forma, obedeceria, embora tenha certeza que rezaria três vezes ao dia para que o papado fosse o mais breve possível. Acho que o Papa Francisco é dúbio nas declarações, fala quando não devia, se cala quando devia falar, fala sobre assuntos desnecessário e usa expressões impróprias, age inadvertidamente e se atém a questões que parecem, nesse momento, menos importantes que outras. Mas ele ainda é o Papa e sozinho ele não pode fazer nada contra a Igreja mesmo sendo o Papa.

Não acredito que ele tenha má-fé ao fazer nada disso. Acredito só que ele é latino e todos esses defeitos de falar na hora errada, ser dúbio, usar expressões desnecessárias... isso é coisa nossa de latinos. Tem também o problema de que ele é claramente limitado teologicamente. Perto de Bento XVI ele é um estudante mal sucedido. Perto de São João Paulo II ele é um sociólogo de beira de esquina. Mas quem disse que pra ser Papa tem que ser exímio teólogo?

A Igreja já teve inúmeros Papas horríveis no sentido claro da palavra. Foram pessoas terríveis, assassinos, fizeram orgias dentro do Vaticano, indignos, ladrões, adúlteros... nada disso destruiu a Igreja. Porque uma pessoa que peca pelo simples fato de ser dúbia ou omissa destruiria algo que é indestrutível (Mt 16,18ss)?


Existe um ditado antigo que diz que cada período tem o Papa que precisa. Precisamos desse nesse momento. Se ele é ruim, precisamos ter isso como penitência e esperar passar. Sofrer com o sofrimento da Igreja e de todos em volta dela. Se ele só não é capaz, também precisamos esperar para ver até onde vamos e porque vamos. Ele é que conduz a barca. Não sou eu, nem teólogo algum por mais nome que tenha. Eu ou você podemos até saber mais sobre conduzir um barco que ele, o Papa, mas isso não importa, ele é que conduz. Não faz diferença eu saber mais se ele é que tem a responsabilidade. O que preciso é confiar. Confiar não na promessa dele, mas de Deus que disse que estaria com a Igreja todos os dias até o fim (Mt 28,20b).

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