quinta-feira, 2 de julho de 2015

A XIII Semana do Tempo Comum.


Por Dom Henrique Soares.

"Ó Deus, pela Vossa graça, nos fizestes filhos da luz.
Concedei que não sejamos envolvidos pelas trevas do erro,
mas brilhe em nossas vidas a luz da Vossa verdade.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo".

Estas são as palavras da oração inicial das missas desta XIII semana comum. Elas exprimem algumas realidades centrais da fé cristã.

Primeiro que tudo, recordemos que o homem por si mesmo e a si mesmo entregue, vive em trevas: "Outrora éreis treva!" - diz a Escritura. Marcado visceralmente pelo pecado, o homem é desequilibrado em todos os seus aspectos: sua razão é obtusa, seus sentimentos são traiçoeiros, sua percepção é torta, seus instintos são indisciplinados... Ainda que seja radicalmente bom e sua razão e liberdade não tenham sido de todo anuladas, o homem é sim ferido e, sozinho, jamais perceberá segundo os critérios do Senhor.

É a graça de Deus que muda esta triste situação. Batizados em Cristo, o Seu Santo Espírito vai nos transformando, transfigurando-nos segundo Cristo Jesus, de modo que vamos sendo feitos novas criaturas, com um modo de sentir, pensar, falar e agir segundo Cristo e não segundo nós mesmos ou segundo o mundo. Por isso o Apóstolo afirma: "Outrora éreis treva, mas agora sois luz no Senhor!" Aqui não se trata de ser melhor que os demais, mas de ser diferente, com uma percepção realmente nova de si, das pessoas, do mundo, da vida: "Todo aquele que está em Cristo é uma nova criatura; eis que tudo se fez novo!"

Mas, atenção: para ser luz, é preciso deixar-se iluminar. É o Senhor a Luz que ilumina!

Assim, crendo no Cristo Jesus e Nele vivendo, somos iluminados, somos filhos da Luz.

Então, tudo certo? Tudo tranquilo? De modo algum!

Há uma luta, um desafio tremendo: o mundo permanece nas trevas; e o mundo nos rodeia e envolve! É grande e constante a tentação de ser como todo mundo, pensar como todo mundo, fazer como todo mundo, viver com os critérios de todo mundo!

Por isso, a súplica da oração: "Concedei que não sejamos envolvidos pelas trevas do erro!"

Trevas do erro! São tantas; todas nascidas da ilusão de que somos o centro da nossa própria existência e somos deuses e somos os senhores dos planos, os donos do bem e do mal, sem ter de escutar o Deus que nos dirigiu a Sua Palavra, sem obrigação de obedecer-Lhe. Estes são os parâmetros e os critérios do mundo fechado nas trevas, distante de Deus... E envolvem, sorrateiramente, a tantos que professam a fé em Cristo!

Cuidemos, porque, julgando-nos cristãos, podemos pensar, sentir, falar e agir como o mundo propõe, segundo os cânones do politicamente correto, das modas vigentes e não segundo Cristo!

Empunhando de modo ilusório, contrário ao pensamento do Senhor, a bandeira da liberdade, do amor, do respeito, na verdade nada mais faríamos que mergulhar nas "trevas do erro", afastando-nos do caminho, que é Cristo! A medida e critério do verdadeiro amor, da verdadeira liberdade, do verdadeiro humanismo é Cristo!

No cristão verdadeiro, que luta na oração, na penitência, na escuta da Palavra de Deus, haverá sempre uma luta, um caminho de conversão para não deixar o coração e a inteligência serem tomados pelas trevas, mas iluminados pela luz da Verdade. A Verdade é Cristo. Reconhecendo esta realidade, a oração suplica: "Brilhe em nossas vidas a luz da Vossa verdade!" Em outras palavras: que a Vossa verdade, que é o próprio Senhor Jesus Cristo, iluminando-nos, seja o nosso critério, o nosso referencial, o nosso fundamento para pensar e discernir ante as várias realidade e acontecimentos desta vida.


Pois bem! Tenhamos em mente tais realidades ao fazermos esta oração nas missas desta semana! Cuidado: seja Cristo e não o mundo o nosso critério de bem e mal, certo e errado!

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