Por André
Brandalise.
Uma animação para
crianças e adultos!
Sinopse: Riley é uma garota divertida de 11 anos de
idade, que deve enfrentar mudanças importantes em sua vida quando seus pais
decidem deixar a sua cidade natal, no centro dos Estados Unidos, para viver em
São Francisco. Dentro do cérebro de Riley, convivem várias emoções diferentes,
como a Alegria, o Medo, a Raiva, o Nojinho e a Tristeza. Embora esses grupos
sejam normalmente organizados, a chegada de Riley a uma nova escola faz com que
todas as emoções se misturem.
A Pixar tem o [bom]
hábito de nos trazer belas animações que, assim como a trilogia Toy
Story, servem para adultos e crianças. Divertida Mente é
um desses casos, em que as crianças, com certeza, irão se apaixonar pelos
personagens, dar risadas e chorar com cada um deles, mas os adultos terão
ótimas lições para a sua vida e de seus filhos/netos/sobrinhos/afilhados.
As personagens que
estão na cabeça de Riley (e dos pais também … quer dizer, de todo mundo) foram
muito bem caracterizados, tanto na personalidade específica de cada um, como
nas cores e trejeitos. Cada detalhe foi colocado de forma simples e, ao
mesmo tempo, brilhante.
Cada um tem na
cabeça algo que podemos chamar de “torre de controle”, em que as emoções
controlam as reações da pessoa. Em alguns momentos, vemos as diferenças de
“mentalidade” da filha, da mãe e do pai, mostrando não só a maturidade, em
razão da idade, como a diferença em virtude do sexo (o que também vale para as
emoções que habitam na respectiva “torre”).
A beleza do
filme está em mostrar o relacionamento das emoções e como tentamos
afastar (ou abafar) a tristeza e deixar a alegria tomar conta. Nós, os adultos,
no desejo de proteger as crianças, tentamos fazer o mesmo com
elas. Esquecemos que a tristeza faz parte do crescimento, amadurecimento e
formação da personalidade de cada pessoa e que, muitas vezes, ela é
necessária em diversos momentos para se aprender a enfrentar as diversas
dificuldades da vida.
O papel dos pais
é estar presente, é ajudar a enfrentar os momentos tristes e participar dos
alegres. É também ser o ombro amigo, e quando necessário a autoridade que dá os
limites. É tudo isso e muito mais, mas sem controlar a criança, como se ela
fosse programável igual a uma máquina.
Que maravilhosa
lição aos pais, algo que o Papa Francisco já nos falou (audiência
geral de 04/02/15):
“Portanto, a
primeira necessidade é precisamente esta: que o pai esteja presente na família.
Que se encontre próximo da esposa, para compartilhar tudo, alegrias e dores,
dificuldades e esperanças. E que esteja perto dos filhos no seu crescimento: quando
brincam e quando se aplicam, quando estão descontraídos e quando se sentem
angustiados, quando se exprimem e quando permanecem calados, quando ousam e
quando têm medo, quando dão um passo errado e quando voltam a encontrar o
caminho; pai presente, sempre. Estar presente não significa ser controlador,
porque os pai demasiado controladores anulam os filhos e não os deixam
crescer. (…)
Um pai bom sabe
esperar e perdoar, do profundo do coração. Sem dúvida, também sabe corrigir com
firmeza: não se trata de um pai fraco, complacente, sentimental. O pai que sabe
corrigir sem aviltar é o mesmo que sabe proteger sem se poupar.”
Ao mesmo tempo é uma
outra lição para nós adultos, que esquecemos muitos de nossos momentos na vida,
de aprendizados, de coisas que gostamos. Em alguns momentos eu pensei em mim,
ainda criança ou adolescente, as mudanças próprias da idade, o enfrentamento
das dificuldades, minhas tristezas e alegria, as coisas que tive que deixar
pelo caminho e outras que acolhi. Sim, assim como tantos outros filmes da
Pixar, meus olhos ficaram marejados … e tenho certeza de que você passará por
uma experiência semelhante. Pode não ser a melhor animação da Pixar,
mas está facilmente entre as melhores.
Que possamos
assistir (de preferência no cinema e até mesmo dublado – ótima dublagem) de
coração aberto, vendo a vida com os olhos de cada emoção na “torre de
controle”, pensando no crescimento de tantas crianças ao nosso redor e
lembrando de nós mesmos.
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