Dom Fernando
Arêas Rifan
Bispo da
Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
Muro de Berlim logo após sua construção. |
Domingo passado, dia
9 de novembro, ao menos um milhão de alemães reuniram-se em Berlim para
comemorar os 25 anos da derrubada do muro, erguido pelos comunistas, que,
durante 28 anos, dividiu a Alemanha. Muitíssimos fugitivos, tentando escapar do
regime comunista para o mundo ocidental, - é claro, pois ninguém quis passar de
cá para lá - perderam a vida, na tentativa de atravessar a barreira de 154 km
de extensão. Nos números oficiais, 137 alemães morreram tentando atravessá-la e
outros 5.000 conseguiram furar o seu bloqueio. Na minha coleção de pedras,
guardo como “relíquia” um pedaço do destruído muro de Berlim.
A queda do “muro da
vergonha” simbolizou a falência do comunismo, como regime econômico e
ideológico. Estavam presentes nas comemorações o ex-líder soviético Mikhail
Gorbachev, o ex-presidente polonês Lech Walesa, considerados personagens-chave
do processo que levou ao fim do comunismo europeu. Mas, ausentes em corpo,
presentes, porém, na memória do mundo, deveriam ser homenageados outros
personagens que contribuíram para isso, como Ronald Reagan, Margareth Thatcher
e, especialmente, São João Paulo II.
S. João Paulo II, em
1991, fazia a pergunta: “Após a falência do comunismo, pode-se dizer que o
sistema social vencedor é o capitalismo e que para ele se devem encaminhar os
esforços dos países que procuram reconstruir as suas economias e a sua
sociedade?” E ele mesmo responde: “Se por ‘capitalismo’ se indica um sistema
econômico que reconhece o papel fundamental e positivo da empresa, do mercado,
da propriedade privada e da consequente responsabilidade pelos meios de
produção, da livre criatividade humana no setor da economia, a resposta é
certamente positiva, embora talvez fosse mais apropriado falar de ‘economia de
mercado’, ou simplesmente de ‘economia livre’”.
Comemorações do dia da queda do Muro de Berlim. |
Mas então a Igreja
aprova simplesmente o chamado “capitalismo liberal e selvagem”? O próprio João
Paulo II ensina: “Se por ‘capitalismo’ se entende um sistema onde a liberdade
no setor da economia não está enquadrada num sólido contexto jurídico que a
coloque ao serviço da liberdade humana integral e a considere como uma
particular dimensão desta liberdade, cujo centro seja ético e religioso, então
a resposta é sem dúvida negativa” (Enc. Cent.
Annus, 42).
Se despreza a Deus e
sua lei na economia, o capitalismo se equivale na maldade ao comunismo: “Aqui
está precisamente o grande erro das tendências dominantes no último século,
erro destrutivo, como demonstram os resultados tanto dos sistemas marxistas
como inclusive dos capitalistas. Falsificam o conceito de realidade com a
amputação da realidade fundante, e por isso decisiva, que é Deus... O sistema
marxista, onde governou, não só deixou uma triste herança de destruições
econômicas e ecológicas, mas também uma dolorosa destruição do espírito. E o
mesmo vemos também no ocidente, onde cresce constantemente a distância entre
pobres e ricos e se produz uma inquietante degradação da dignidade pessoal com
a droga, o álcool e as sutis miragens de felicidade” (Bento XVI, Aparecida,
Discurso inaugural).
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