(“Eles não sabem
o que nós seremos capazes de fazer”)
“A gente entra na
rede da Justiça Eleitoral quando os resultados estão sendo transmitidos para a
totalização e depois que 50% dos dados já foram transmitidos, atuamos.
Modificamos resultados mesmo quando a totalização está prestes a ser fechada”.
Essas palavras foram ditas há quase dois anos por umhacker no
seminário “A urna eletrônica é confiável?” ocorrido em 10/12/2012 no auditório
da Sociedade de Arquitetos e Engenheiros do Rio de Janeiro (SEAERJ). Para
fraudar os resultados eleitorais, o hacker obteve acesso
ilegal e privilegiado à intranet da Justiça Eleitoral do Rio de Janeiro, sob a
responsabilidade técnica da empresa Oi, interceptou os dados alimentadores do
sistema de totalização e, após o retardo do envio desses dados aos computadores
da Justiça Eleitoral, modificou resultados beneficiando candidatos em
detrimento de outros – sem nada ser oficialmente detectado[1].
“Eles não sabem o
que nós seremos capazes de fazer”
No início do segundo
turno, as atenções (e, com elas, as intenções de voto) concentraram-se em Aécio
Neves (PSDB). Ele já obtivera o apoio expresso de Marina Silva (PSB) e, com
ela, de boa parte do seu eleitorado. A imagem de Dilma (PT) estava associada ao
pífio crescimento econômico, à alta da inflação, ao escândalo do “mensalão” que
resultara na condenação criminal de vários membros de seu partido e, como se
não bastasse, ao esquema de corrupção da Petrobrás (“petrolão”) no qual se
envolvera o seu governo. A construção de estádios e aeroportos para a Copa não
conseguiu esconder a péssima situação em que se encontram a saúde e a educação
brasileiras. O povo queria mudanças e a eleição de Aécio Neves se apresentava
quase como inevitável.
Meses antes, porém,
em 13/06/2014, quando Dilma fora vaiada no jogo de abertura da Copa, Lula
fizera uma grave ameaça: “Olha, Dilma, eu vou lhe contar uma coisa. Se eles
tentaram duas vezes me derrotar e não me derrotaram [...], se eles não evitaram
a gente te eleger quando ninguém te conhecia, eu vou te contar uma coisa: eles
não sabem, eles não sabem o que nós seremos capazes de fazer democraticamente
para fazer com que você seja a nossa presidenta por mais quatro anos nesse
país”[2].
Em uma situação de
desespero eleitoral, o PT poderia basicamente fazer duas coisas: a) subornar os
institutos de pesquisas para atribuir vantagem à candidata petista; b) fraudar
os resultados do sistema eletrônico de votação. A julgar pelo contínuo
envolvimento do PT com a corrupção, o partido não teria escrúpulos em fazer
ambas as coisas. O fato é que os institutos de pesquisa, que inicialmente apontavam
Aécio como favorito, por volta do dia 20 de outubro noticiaram um empate
técnico entre os candidatos e, a partir daí, o favoritismo de Dilma[3].
Quanto às urnas eletrônicas, elas não haviam resistido a um teste de
vulnerabilidade feito em 2012 por uma equipe da Universidade de Brasília (UnB)
com a permissão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Lamentavelmente, neste
ano, o TSE, cujo presidente é o antigo militante petista “companheiro” Ministro
Dias Toffoli, negou o pedido de realização de testes públicos nas urnas antes
das eleições[4].
No domingo do
segundo turno das eleições, 26 de outubro de 2014, o resultado saiu tão rápido
quanto inseguro: Dilma Rousseff (PT) venceu com 54.501.118 votos válidos
(51,64%), enquanto o candidato Aécio Neves (PSDB) recebeu 51.041.155 votos
válidos (48,36%). Uma vitória estranha, sem festa, sem aplausos... Algo bem
diferente teria ocorrido se Dilma perdesse. Não faltariam pessoas chorando de
alegria, exultando pelo tão esperado fim da era petista, louvando e agradecendo
a Deus.
No dia 30 de
outubro, o PSDB protocolou junto ao TSE um pedido de auditoria de todo o
processo eleitoral, desde a votação até a totalização final dos votos. O pedido
era feito para “tranquilizar os eleitores quanto à não intervenção de terceiros
nos sistemas informatizados”[5].
A violência com que o PT reagiu a este pedido faz pensar que a desconfiança
pública tinha fundamento. Afinal, que mal poderia haver em uma simples
auditoria?
Para tristeza dos
petistas, o TSE acolheu o pedido do PSDB. Durante a sessão, o Ministro Gilmar
Mendes criticou duramente as palavras de Lula “eles não sabem o que nós somos
capazes de fazer etc.”, que podem ser entendidas pelo povo como “eu sou capaz
de fraudar a eleição”. Referindo-se ao ex-presidente, o Ministro disse: “As
pessoas que ocuparam cargos públicos têm que se comportar com alguma
dignidade!”[6].
Seja como for, que
eu saiba o Brasil é o único país do mundo que ainda usa uma urna eletrônica de
primeira geração (tipo DRE), em que o voto do eleitor desaparece no teclado sem
deixar nenhum vestígio impresso. Os outros países que adotam a votação
eletrônica utilizam urnas que registram o voto em duas vias: uma eletrônica e
outra impressa, possibilitando uma auditoria do resultado independentemente do
programa utilizado pelo computador.
Deputados
derrubam decreto pró-totalitarismo
Dois dias após a sua
reeleição, em 28 de outubro de 2014, Dilma sofreu uma duríssima derrota no
Congresso Nacional. Os deputados aprovaram por votação simbólica o Projeto de
Decreto Legislativo 1491, de 2014 (PDC 1491/2014), que susta a aplicação do
Decreto 8243/2014, que institui a Política Nacional de Participação Social -
PNPS e o Sistema Nacional de Participação Social – SNPS. O decreto derrubado é
aquele com o qual Dilma pretendia criar uma infinidade de “conselhos” (“soviet”
em russo) aparelhados por movimentos sociais aliados do governo (como o MST),
tornando dispensável o Legislativo. Apenas o PT, o PCdoB, o PSOL e parte do
PROS ficaram ao lado do governo; todos os demais partidos se uniram à oposição.
A derrota foi muito humilhante para quem pensava que poderia instituir por
decreto um regime totalitário.
Mais abortos
O ano ainda não
acabou, Dilma ainda não tomou posse do seu segundo mandato, mas o aborto não
pode faltar. No dia 10 de novembro de 2014, o governo publicou no Diário
Oficial da União uma portaria que inclui na Tabela de Procedimentos, Medicamentos,
Órteses/Próteses e Materiais Especiais do SUS um novo “procedimento” chamado:
“Atendimento Multiprofissional para Atenção Integral às Pessoas em Situação de
Violência Sexual e todos os seus atributos”[7].
Segundo a própria portaria, o procedimento “consiste em atendimento por equipe
multiprofissional em serviço de referência para atenção integral às pessoas em
situação de violência sexual, conforme disposições das Normas Técnicas
e Linhas de cuidado do Ministério da Saúde”.
A referência às
Normas Técnicas do Ministério da Saúde dissipa qualquer dúvida, uma vez que, ao
falarem da violência sexual, elas concentram toda a sua atenção na prática do aborto.
Eis novamente o PT usando as verbas públicas para a difusão da cultura da
morte.
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