Dom Fernando
Arêas Rifan
Bispo da
Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
Hoje celebramos a
festa de Nossa Senhora do Monte Carmelo ou do Carmo, devoção antiquíssima na
Igreja, especialmente difundida pelo uso do Escapulário em sua honra.
Quase na divisa com
o Líbano, o monte Carmelo, com 600 metros de altitude, situa-se na terra de
Israel. “Carmo”, em hebraico, significa “vinha” e “El” significa “Senhor”,
donde Carmelo significa a vinha do Senhor. Ali se refugiou o profeta Elias, que
lá realizou grandes prodígios, e depois o seu sucessor, Eliseu. Eles reuniram
no monte Carmelo os seus discípulos e com eles viviam em ermidas. Na pequena
nuvem portadora da chuva após a grande seca, Elias viu simbolicamente Maria, a
futura mãe do Messias esperado.
Assim, Maria foi
venerada profeticamente por esses eremitas e, depois da vinda de Cristo, por
seus sucessores cristãos, como Nossa Senhora do Monte Carmelo.
No século XII, os
muçulmanos conquistaram a Terra Santa e começaram a perseguir os cristãos,
entre eles os eremitas do Monte Carmelo, muitos dos quais fugiram para a
Europa. No ano 1241, o Barão de Grey da Inglaterra retornava das Cruzadas com
os exércitos cristãos, convocados para defender e proteger contra os muçulmanos
os peregrinos dos Lugares Santos, e trouxe consigo um grupo de religiosos do
Monte Carmelo, doando-lhes uma casa no povoado de Aylesford. Juntou-se a eles
um eremita chamado Simão Stock, inglês de família ilustre do condado de Kent.
De tal modo se distinguiu na vida religiosa, que os Carmelitas o elegeram como
Superior Geral da Ordem, que já se espalhara pela Europa.
No dia 16 de julho
de 1251, no seu convento de Cambridge, na Inglaterra, rezava insistentemente o
santo para que Nossa Senhora lhe desse um sinal do seu maternal carinho para
com a Ordem do Carmo, por ela tão amada, mas então muito perseguida. A Virgem
Santíssima ouviu essas preces fervorosas de São Simão Stock, dando-lhe, como
prova do seu carinho e de seu amor por aquela Ordem, o Escapulário marrom, como
veste de proteção, fazendo-lhe a célebre e consoladora promessa: “Recebe, meu
filho, este Escapulário da tua Ordem, que será o penhor do privilégio que eu
alcancei para ti e para todos os filhos do Carmo. Todo aquele que morrer com
este Escapulário será preservado do fogo eterno. É, pois, um sinal de salvação,
uma defesa nos perigos e um penhor da minha especial proteção”. O Papa Pio XII,
na carta dirigida a todos os carmelitas, em 11 de fevereiro de 1950, escreveu
que entre as manifestações da devoção à Santíssima Virgem “devemos colocar em
primeiro lugar a devoção do Escapulário de Nossa Senhora do Carmo que, pela sua
simplicidade, ao alcance de todos, e pelos abundantes frutos de santificação,
se encontra extensamente divulgada entre os fiéis cristãos”. Mas faz uma
advertência sobre sua eficácia, para que não seja usado como superstição: “O
sagrado Escapulário, como veste mariana, é penhor e sinal da proteção de Deus;
mas não julgue quem o usar poder conseguir a vida eterna, abandonando-se à
indolência e à preguiça espiritual”.
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