Dom Fernando
Arêas Rifan
Bispo da
Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
Cultura é uma
palavra oriunda do latim – colere, cultivar –
usada para várias acepções, podendo significar um complexo de
conhecimento, culto, crenças, artes, moral e costumes de uma sociedade,
geralmente associada ao conceito de civilização, incluindo todas as áreas do
comportamento humano.
Santo Agostinho, na
célebre obra sobre as civilizações - “A Cidade de Deus” – resume a História do
mundo na notável frase: “Dois amores fundaram duas cidades, a saber: o amor
próprio, levado ao desprezo de Deus, construiu a cidade terrena; o amor a Deus,
levado ao desprezo de si próprio, construiu a cidade celestial” (A Cidade de
Deus, XIV, 28).
Seguindo a diretiva
de São Paulo – “Não vos conformeis com este mundo” (Rm 12,2) - o Papa Francisco
tem falado nas “culturas” que caracterizam a civilização atual, com as quais
não devemos nos conformar. “Tenham a coragem de ir ‘contra a corrente’”. Hoje
domina a “cultura do provisório, do relativo, onde muitos pregam que o
importante é ‘curtir’ o momento, que não vale a pena comprometer-se por toda a
vida, fazer escolhas definitivas, ‘para sempre’... Deus chama para escolhas
definitivas, Ele tem um projeto para cada um: descobri-lo, responder à própria
vocação é caminhar para a realização feliz de si mesmo... Alguns são chamados a
se santificar constituindo uma família por meio do sacramento do matrimônio. Há
quem diga que hoje o casamento está ‘fora de moda’... O Senhor chama alguns ao
sacerdócio, outros para servir os demais na vida religiosa, nos mosteiros,
dedicando-se à oração pelo bem do mundo...” (JMJ Rio, 28/7/2013). Compromissos
definitivos!
“A civilização mundial ultrapassou os limites porque
criou tal culto do deus dinheiro, que estamos na presença de uma filosofia e
uma prática de exclusão dos dois polos da vida que constituem as promessas dos
povos. A exclusão dos idosos... a exclusão dos jovens” (JMJ Rio,
25/7/2013).
Contra a cultura do
descartável, da exclusão, do individualismo, devemos promover a cultura do encontro:
“Hoje vivemos em um mundo que está se tornando cada vez menor... Os progressos
dos transportes e das tecnologias de comunicação deixam-nos mais próximos...
Todavia, dentro da humanidade, permanecem divisões...”. A cultura do encontro
requer acolhida e amor ao próximo (Mensagem para o dia mundial das
comunicações, 24/1/2014).
Assim, contra a
cultura do egoísmo, promovamos a cultura da caridade. Contra a cultura do
interesse, a cultura da gratuidade e do amor. Contra a cultura do barulho e da
velocidade, a do silêncio, da serenidade e da oração. Contra a cultura da
violência e da guerra, a cultura da paz. Contra a cultura da malandragem e da
esperteza, a cultura do estudo, da disciplina, do empenho e do esforço. Contra
a cultura do desleixo e da sujeira, a cultura do capricho e da limpeza. Contra
a cultura do feio, a cultura da beleza. Contra a cultura do protecionismo, do
populismo e da demagogia, a cultura do mérito, do bem comum e da caridade
social.
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