Dom Fernando
Arêas Rifan
Bispo da
Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
Santo Amaro – cuja
festa celebraremos no próximo dia 15 – é objeto de grande devoção em nossa
região devido à presença dos monges beneditinos que foram os valorosos
missionários da zona rural de Campos dos Goytacazes, em cujo município se situa
o célebre Mosteiro de São Bento, em Mussurepe. Por isso, vale a pena recordar
um pouco a sua vida, por muitos desconhecida.
Santo Amaro, ou São
Mauro, foi monge e abade beneditino, ou seja, da Ordem de São Bento. Nascido em
Roma, de família senatorial, Amaro, quando tinha apenas doze anos, foi entregue
no mosteiro por seu pai, Egrico, homem ilustre pela virtude e pela nobreza do
nascimento, confiando-o aos cuidados de São Bento, em 522.
Correspondeu tão bem
à afeição e à solicitude do mestre que foi em breve proposto como modelo aos
outros religiosos. São Gregório exaltou-o por se ter distinguido no amor da
oração e do silêncio. Sempre se lhe notou profunda humildade e admirável
simplicidade de coração. Mas nele sobressaia a virtude da obediência, sendo por
isso recompensado por Deus, com o milagre semelhante ao de São Pedro no lago de
Tiberíades, caminhando sobre as águas. Foi o caso de um jovem chamado Plácido,
que caiu num lago perto de Subiaco, onde ficava o mosteiro. São Bento soube-o
por revelação e, chamando Amaro, disse-lhe: “Irmão Amaro, vai depressa procurar
Plácido, que está prestes a se afogar”. Munido com a bênção do mestre, o discípulo
correu sobre a água a socorrer Plácido, a quem agarrou pelos cabelos e trouxe
para a margem, não se apercebendo Amaro ter saído da terra firme. Quando deu
pelo milagre, atribuiu-o aos méritos de São Bento. Mas este o atribuiu à
obediência do discípulo.
“O homem obediente
contará vitórias” (Pr 21,28). A obediência é a virtude cristã pela qual a
pessoa sujeita sua própria vontade à de seu superior, no qual vê um
representante de Deus. O maior exemplo de obediência temos em Jesus Cristo,
obediente até a morte de Cruz (Fl 2, 8), reparando assim a desobediência de
Adão (Rm 5, 19-20). Assim, o conselho evangélico da obediência, professado na
vida consagrada, assumido livremente com espírito de fé e amor no seguimento de
Cristo obediente até a morte, leva o consagrado à submissão da vontade aos
legítimos superiores, que fazem as vezes de Deus quando ordenam de acordo com
as próprias constituições (cf. CDC cân. 601).
Santo Amaro foi fiel
ao seu ideal monástico, a ponto de todos o considerarem o perfeito herdeiro espiritual
de São Bento. Segundo uma tradição, foi Santo Amaro que substituiu São Bento
quando este se transferiu para Monte Cassino. Consta também que Santo Amaro se
distinguiu particularmente por sua aplicação aos estudos. Sendo enviado à
França, lá fundou o Mosteiro de Glanfeuil, em Anjou, vindo a falecer em 15 de
janeiro de 584.
Possa o exemplo de
Santo Amaro levar os filhos a serem mais obedientes aos seus pais, os alunos
aos seus mestres, os cidadãos às leis e superiores civis, os católicos aos seus
superiores hierárquicos. “Sede submissos uns aos outros no temor de Cristo” (Ef
5, 21).
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