Por Emanuel Jr.
Essa minha pergunta não é muito
comum, como bem sabemos, nas escolas de ensino fundamental e médio de nosso
país. Os professores de história (ou estória você escolhe) fazem questão de
fazer uma confusão generalizada quanto ao termo. Na verdade eu até hoje não
entendi se fazem isso por absoluta má-fé ou porque na verdade não tem a mínima ideia
mesmo e na falta de conhecimento é melhor atacar a Igreja e pronto.
Agora me digam uma coisa: se no
ensino fundamental e médio não ensinam o que significa indulgência será que na
faculdade ensinam? Prefiro não comentar...
Vamos aos fatos. É muito mais fácil
dizer e repetir indefinidamente que a Igreja vendeu indulgências e levar todo
mundo a erro deixando no ar, ou bem claro, que isso era o mesmo que o perdão
dos pecados. A lógica é fazer o seguinte caminho: a Igreja vende o perdão de Deus
e lucra com isso. É o mesmo que vender lotes no céu. A verdade é que está tudo
errado. Esqueçam, apaguem isso tudo da cabeça porque nada disso tem valor por
um simples fato: mentiram pra você.
O Catecismo da Igreja Católica
esclarece sobre as Indulgências que podem ser alcançadas:
§1479 - Uma vez que os fiéis defuntos em vias de purificação também são
membros da mesma comunhão dos santos, podemos ajudá-los obtendo para eles
indulgências, para libertação das penas temporais devidas por seus pecados.
Me digam uma coisa: “libertação da
penas temporais devidas pelos seus pecados” é o mesmo que perdão dos pecados?
Ponham a mão na consciência e debrucem sobre seus alfarrábios. Claro que não!
Vamos continuar no mesmo Catecismo
porque ele fala muito melhor do que esse ínfimo interlocutor:
§1498 - Pelas indulgências, os fiéis podem obter para si mesmos e também
para as almas do Purgatório, a remissão das penas temporais, seqüelas dos
pecados.
Oh céus!!! Então quer dizer que
pode-se até obter indulgências para quem já morreu? Sim. E para não falar que
minha opinião não vale nada, como já disseram esses dias em um site desses por
ai, vamos ver o que o Papa Paulo VI fala sobre o assunto:
"Indulgência é a remissão, diante de Deus, da pena temporal devida
aos pecados já perdoados quanto à culpa, que o fiel, devidamente disposto e em
certas e determinadas condições, alcança por meio da Igreja, a qual, como
dispensadora da redenção, distribui e aplica, com autoridade, o tesouro das
satisfações de Cristo e dos Santos" (Paulo VI, Const. Apost.,
Indulgentiarum doctrina, 2)
Acho que ficou bem claro que o pecado
já está perdoado quando se é aplicada a indulgência ,não é? Pois bem, se já
está perdoado então quer dizer que não é o perdão e se não é o perdão então não
tem como a Igreja vender ou ter vendido o perdão de Deus, que é gratuito. Aliás
gratuito não, a moeda é o arrependimento acompanhado de confissão ou o batismo,
claro!
Como parece não ter ficado muito
claro, vamos desenhar. A cada pecado, dois efeitos aparecem: a culpa (ou pena
eterna), e a pena temporal. Exemplificando temos que um criminoso atinge a
vítima e também a sociedade através do seu delito. Pela violação da ordem
social advindo do crime que cometeu, o criminoso cumpre uma pena que a
Instituição Estado impõe. Transportando: o pecador comete o pecado (crime
contra Deus) e recebe uma pena (penitência) da Igreja (Instituição Divina) para
que seu erro seja sanado. Voltando ao criminoso, já em relação à vítima direta
de sua ação criminosa, deve, além da pena (prisão, por exemplo) a ser cumprida
conforme o Direito, indenizar pelos danos que aquela pessoa em particular
sofreu. Essa indenização é a pena temporal que gera a indulgência no caso da Igreja.
Ao pecar, ofendemos a Deus e essa
ofensa gera uma desordem a ser reparada. Essa ofensa corresponde à culpa, à
pena eterna, e a tal desordem à pena temporal. Por esse motivo é que o
sacerdote nos dá uma penitência a ser cumprida. Não se trata de “pagar” pelos
pecados, pois Cristo já o fez. Nem condição para o perdão. A penitência imposta
serve, na verdade, para reparar as consequências do pecado já perdoado na
confissão. Não rezamos “três ave-marias”, por exemplo, para que o pecado seja
perdoado, porém para reparar a pena temporal unida à pena eterna do pecado
cometido, esta última perdoada pelo sangue de Jesus na absolvição sacerdotal.
O perdão, portanto já existe. A pena
temporal é que é "paga". Séculos atrás era comum pessoas de muita
posse pagar essas penas com valores altíssimos em dinheiro ou em terras ou em
ouro ou qualquer outro bem material. Trata-se de costume e, muitas vezes de
vontade, porque, queiram os catolicofóbicos ou não, a grande maioria entregava
riquezas à Igreja por livre e espontânea vontade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário