Dom Fernando
Arêas Rifan
Bispo da
Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
Celebramos
nesta semana a Epifania (manifestação) do Senhor. Foi o dia em que Jesus se
manifestou como Salvador de todos os povos, na pessoa dos Reis do Oriente, que
vieram visitar o Menino Jesus em Belém, exemplo de perseverança na vocação, ao
chamado de Deus, nas dificuldades e tentações da vida. “Aquela estrela era a
graça”, diz Santo Agostinho.
Deus
usa de vários meios para chamar a si as pessoas, meios adaptados à
personalidade e às condições de cada um. Aos pastores, judeus, já
familiarizados com as revelações divinas do Antigo Testamento, Deus chamou
através dos anjos, mensageiros da boa nova do nascimento de Jesus. Os Magos,
porém, eram pagãos. Como eram astrônomos e astrólogos, Deus os chamou através
de uma estrela misteriosa. Jesus não discrimina ninguém: no seu presépio vemos
pobres e ricos, judeus e árabes. Todos são bem-vindos ao berço do pacífico
Menino Deus.
Jesus
veio ao mundo trazer a paz, a sua paz, a verdadeira: “Dou-vos a minha paz. Não
é à maneira do mundo que eu a dou” (Jo 14, 27).
“Príncipe da Paz” é o título que lhe dava o profeta Isaías: “seu nome
será... Príncipe da Paz” (Is 9,5). Esse foi o cântico dos anjos na noite de
Natal: “Glória a Deus no mais alto dos céus, e, na terra, paz aos que são do
seu agrado!” (Lc 2, 14). Essa foi a sua saudação ao ressuscitar:“A paz esteja
convosco”(Jo 20,19ss).
Em
sua mensagem de Natal “Urbi et Orbi”, o Papa Francisco lembrou-se dos que
sofrem com a guerra e a perseguição no Oriente Médio, sobretudo os cristãos:
“A Ele, Salvador do mundo, peço
hoje que olhe para os nossos irmãos e irmãs do Iraque e da Síria que há tanto
tempo sofrem os efeitos do conflito em curso e, juntamente com os membros de
outros grupos étnicos e religiosos, padecem uma perseguição brutal. Que o Natal
lhes dê esperança, como aos inúmeros desalojados, deslocados e refugiados,
crianças, adultos e idosos, da região e do mundo inteiro; mude a indiferença em
proximidade e a rejeição em acolhimento, para que todos aqueles que agora estão
na provação possam receber a ajuda humanitária necessária para sobreviver à
rigidez do inverno, retornar aos seus países e viver com dignidade. Que o
Senhor abra os corações à confiança e dê a sua paz a todo o Médio Oriente, a
começar pela Terra abençoada do seu nascimento, sustentando os esforços
daqueles que estão ativamente empenhados no diálogo entre Israelitas e
Palestinianos”.
“Jesus Menino. Penso em todas
as crianças assassinadas e maltratadas hoje, seja naquelas que o são antes de
ver a luz, privadas do amor generoso dos seus pais e sepultadas no egoísmo duma
cultura que não ama a vida; seja nas crianças desalojadas devido às guerras e
perseguições, abusadas e exploradas sob os nossos olhos e o nosso silêncio
cúmplice; seja ainda nas crianças massacradas nos bombardeamentos, inclusive
onde o Filho de Deus nasceu. Ainda hoje o seu silêncio impotente grita sob a
espada de tantos Herodes. Sobre o seu sangue, estende-se hoje a sombra dos
Herodes do nosso tempo.Verdadeiramente há tantas lágrimas neste Natal que se
juntam às lágrimas de Jesus Menino!”.
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