sexta-feira, 6 de junho de 2014

O preço a pagar.


Dom Fernando Arêas Rifan
Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney

“Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça, porque deles é o reino dos céus” (Mt 5,10). Esta é a oitava das bem-aventuranças, exclamações com as quais Jesus começou o seu “sermão da montanha”, resumo do seu Evangelho. A perseguição e o martírio se tornaram então uma característica dos seus discípulos. “Sereis expulsos, perseguidos, presos, açoitados, mortos, por causa do meu nome, levados à presença de reis e governadores, para testemunhar de mim perante eles” (Mc13,9 - Lc21,13 – Jo16,2, passim). Assim o martírio, testemunho pelo sofrimento por causa da Fé ou da virtude, sempre esteve presente na Igreja, desde os primeiros tempos, como vemos nos Atos dos Apóstolos, passando pelas perseguições romanas até aos tempos modernos. A Igreja sempre teve mártires e os tem hoje.

Entre os inúmeros exemplos de cristãos perseguidos atualmente nos países muçulmanos, está o interessante caso de Mohammed al-Sayyid al-Moussawi, nascido no Iraque, em uma família xiita rica e aristocrática, descendente de Maomé.

Muçulmano convicto, foi prestar o serviço militar, onde descobriu, com terror e assombro que teria que dividir a caserna com um cristão, a quem ele tinha aprendido a detestar e evitar. Pensava em convertê-lo ao islamismo, mas depois foi cativado pela gentileza e amizade do seu colega. Um dia, na ausência do companheiro, Mohammed folheou o seu livro sobre Jesus, que, sem saber por que, lhe provocou uma alegria que lhe fez bem. Ele pediu depois ao colega que lhe desse o Evangelho. O colega cristão recusou, dizendo que só lhe daria, se ele primeiro lesse honestamente o Alcorão. Essa leitura, feita com seriedade, o decepcionou e perturbou, ao ver as contradições e constatar que o comportamento e a vida de Maomé, um amontoado de adultérios e de roubos, eram para ele uma fonte de vergonha.

Ao ler o Evangelho, ficou encantado com o Pão da Vida, com o qual misteriosamente ele havia sonhado. E surgiu nele um sentimento fortíssimo e amoroso por esse Jesus Cristo de que os Evangelhos falam. Só uma ideia vinha à sua mente: converter-se ao cristianismo, uma loucura que podia custar-lhe a vida, pois no islamismo a mudança de religião é um crime, punido com pena de morte. Sua família fez tudo para que desistisse da sua decisão. Sofreu intimidações, murros, a prisão e a tortura, um longo calvário, mas ele não cedeu. A autoridade religiosa muçulmana pronunciou contra ele uma fatwa, sentença de morte. Seus irmãos dispararam contra ele em plena rua. Gravemente ferido, desmaiou. Perdeu tudo. Conseguiu fugir e hoje, com o nome de Joseph Fadelle, vive na França com a sua família. É cristão católico, com nacionalidade francesa. Sua história ele a descreve no seu livro “O PREÇO A PAGAR por me tornar cristão”, publicado aqui pelas Paulinas, cuja leitura fascinante recomendo a todos.


Hoje ele nos diz: “Eu ganhei tudo com Cristo. Todo cristão é chamado a tomar a sua cruz seguindo Jesus Cristo... Isso traz uma paz e uma alegria profundas... É preciso pôr Cristo no centro das famílias e no centro de nossas vidas”.

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