Por Denilson
Cardoso de Araújo
Boa
intenção havia. Resgatar da marginalidade social famílias de fato. Vieram a Lei
do Divórcio, a união estável e a descriminalização do adultério. Mas o pano de
fundo foi a ascensão neoliberal. E onde o mercado é rei, coisas, leis, pessoas
e famílias são insumos do sistema. A meta não é melhorar a sociedade, mas o
lucro de alguns. O prazer individual, base do capitalismo, virou incenso no
culto fanático ao materialismo imediatista. A paixão, esse sentimento juvenil,
pisou o pescoço do amor sacrificial. Morreu a capacidade de renúncia e
solidariedade que permite casamentos sólidos. Vieram os casamentos de
embriaguez, sustentados no fio de cabelo da libido, destruídos no solavanco do
primeiro quebra-molas da estrada.
Assim,
acresço à lista de Zygmunt Bauman sobre os dias atuais (Tempos Líquidos, Vida
Líquida, Amor Líquido, Mundo Líquido), o “casamento líquido”. Mal dos tempos,
matriz de desgraças. Se casamento viabiliza a família, e esta é base da
sociedade, impossível é sociedade decente com famílias erguidas sobre
casamentos de areia.
Daí
que família hoje - e casamento, portanto - é discurso de segurança pública! A
esmagadora maioria dos autores de crimes vem de famílias sem pai. A violência
escolar, antessala do ato infracional, nasce da falta de autoridade ou
inexistência de família. Tudo agravado na avalanche de novas famílias
desfuncionais oriundas de gravidezes precoces, decorrentes do sexo
irresponsável estimulado pela mídia, com conivência e patrocínio governamental.
Urge
quebrar este perverso círculo vicioso. Tanto tema transversal enlouquecendo as
escolas, para que crianças aprendam ecologia, trânsito, gestão financeira,
sexualidade... Prioridade é ensinar o valor da família, de casamentos sérios,
que abdicam imediatos prazeres em prol da felicidade de ver filhos vitoriosos
vindos de lares estáveis.
Delícias
do relacionamento amoroso, do terno convívio, da intimidade saudável, da
cumplicidade de vida e projetos que permitem o casamento, jamais descartam a
capacidade de renúncia e a predisposição a cotas de sacrifício como pedras de
fundação de um casamento sólido. Paixão como alicerce torna pífias as bodas:
líquidas. Sentimento exigente, autocentrado, não permite equilíbrios. Açúcar
que é, paixão não gosta de se molhar. E vida é tempestades.
Devia
ser prioridade governamental. Países há já gastando dinheiro para auxiliar a
estabilidade dos casamentos. O Japão estimula pais em casa, ao lado das mães.
Outros cogitam pagar para que mães se mantenham com os filhos na primeira
infância. Medidas mais baratas que bolsas família e despesas públicas com mazelas
da drogadição, da criminalidade e da juventude sem rumos. Casamento sólido é
medida de economia familiar e estatal. Sendo sustentáculo da família, é
garantia de autoridade parental e, portanto, de filhos capazes de cidadania.
Mas
para isso é necessário governos com vergonha na cara, que afrontem a mídia
criminosa, que faz regra no desvio ou exceção (adultério, relações
triangulares, bissexualidade, sexo precoce, homossexualidade). E - à parte
enlaces ruinosos e doentios que devem mesmo acabar - é preciso casais dispostos
a não abortar a relação; a enfrentar intempéries de ocasião com as mesmas mãos
dadas que terçaram ternos dedos nos inícios de caminhadas ao sol da paixão. Aos
que assim persistirem, após as escarpas das lutas, as lagoas douradas da vida
que não se viveu em vão. Valeu a pena, meu velho, dirão.
Olá caros amigos! Gostaria de saber o nome da fonte (Letra) usada no logotipo do blog, pois, estou a procura desta há tempos e não encontro. meu e-mail é diegom_navarro@hotmail.com
ResponderExcluirAgradeço!!