Ivanaldo Santos (ivanaldosantos@yahoo.com.br)
Durante a campanha eleitoral brasileira
de 2010 houve um grande debate sobre o aborto. Naquele momento histórico ficou
bem claro que, do ponto de vista das atuais normas democráticas, a grande
maioria da população brasileira é contra o aborto e contra a sua possível
legalização. No meio de todo o debate que houve em 2010 estava a então
candidata a presidência da república, a Sra. Dilma Rousseff, e o seu respectivo
partido político, o Partido dos Trabalhadores (PT). Naquele momento histórico
ambos se diziam favoráveis a legalização do aborto. Com medo de perder as
eleições, a então candidata Dilma Rousseff emitiu um carta pública, que foi
destinada a sociedade civil brasileira, se dizendo pessoalmente contra a
legalização do aborto e, caso eleita presidente da república, não enviaria ao
congresso nacional nenhum projeto de lei com o objetivo de legalizar essa prática.
É preciso ressaltar que a proibição
do aborto não é um simples tuba cultural, mas um ato de grande violência, pois
o aborto nada mais é do que o assassinato do bebê ainda no ventre da mãe. O
aborto é o impedimento radical da realização de qualquer projeto de liberdade,
de conquista de direitos sociais e coisas semelhantes, pois é o assassinato,
antes mesmo do indivíduo ter nascido. Por isso o aborto é um ato profundamente
antiético, anti-humano e contrário a liberdade e os direitos humanos.
De fato ao ser eleita e, por
conseguinte, tomar posse no cargo de presidente da república, Dilma Rousseff nunca
enviou ao congresso nacional um projeto de lei para legalizar o aborto. No
entanto, isso não significa que seu governo não tenha tido uma política de
incentivo ao aborto. Pelo contrário, o atual governo se especializou em ações
invisíveis, nos bastidores do poder, de incentivo, promoção e até mesmo de
legalização do aborto.
O último e mais ambicioso capítulo na
luta de “bastidores”, que o atual governo trava para legalizar o aborto, foi a Lei
12.845, sancionada pela presidente Dilma Rousseff em 1º de agosto de 2013, cuja
portaria nº 415 foi publicada na quarta-feira, dia 21 de maio de
2014, abrindo assim brechas para a prática do aborto no sistema SUS, com
recurso público. A portaria n°415 inclui o procedimento de interrupção da
gestação/antecipação terapêutica do parto, previstas em lei, e todos os seus
atributos na Tabela de Procedimentos, medicamentos, órteses/próteses e
materiais especiais do Sistema único de Saúde (SUS). De acordo com a referida
tabela, o SUS pagará R4 443,40 para cada aborto realizado no Brasil.
É preciso explicar que, de acordo com
essa lei, uma mulher poderá chegar a um hospital público ou conveniado com o
SUS e dizer que foi estuprada e, por causa disso, não haverá nenhuma denuncia a
polícia ou ao órgão de investigação competente e ser submetida a prática do
aborto. De acordo com a portaria nº 415 o médio que realizar o aborto receberá
R$ 443,40. Na prática o atual governo brasileiro cria uma espécie de “política
do silencio” em torno do estupro e da gravidez. Essa política pode ser
sintetizada na seguinte proposição: o governo não pergunta e a mulher nada diz.
Na prática qualquer mulher, no
Brasil, pode inventar que foi estuprada (sem entrar na discussão dos casos
reais e brutais de estupro), ir a um hospital público, e, com isso, fazer um
aborto de forma tranquila. Isso acontece porque, de acordo com as normas
técnicas do atual governo, ninguém vai lhe fazer qualquer pergunta, e, ao mesmo
tempo, essa mulher vai fazer um aborto. O atual governo brasileiro “inventou”
uma forma indiretamente de legalizar o aborto.
A atual “política de bastidores”,
voltada para o aborto, desenvolvida pelo atual governo brasileiro têm duas
graves consequências. Primeira, a impunidade do crime de estupro, pois não
existe denúncia legal e investigação policial contra um crime perverso, covarde
e antiético contra a dignidade da mulher. Segundo, na prática o aborto está
100% legalizado no Brasil, pois qualquer mulher pode ir a um hospital público,
dizer que foi estuprada e, com isso, realizar um aborto.
O problema é que essa política de
incentivo e de legalização do aborto vem sendo desenvolvida pelo atual governo
brasileiro sem que a sociedade civil seja consulta ou informada, sem que o
Congresso nacional seja consultado. A população nacional e o Congresso estão
sendo ignorados pelo atual governo. Por isso, a política de inventivo e de
legalização do aborto desenvolvida pelo atual governo brasileiro é antidemocrática,
autoritária e antética. Trata-se de uma política desenvolvida nos bastidores do
poder que, em grande medida, ignora a sociedade civil e o Congresso nacional.
Em última instância, é uma política desenvolvida por uma elite de burocratas e
de ideólogos que querem impor a população brasileira sua visão de mundo e seu
estilo de vida. Lamentavelmente essa imposição está sendo feita sem a consulta
ao Congresso e sem que a população tenha conhecimento do que está acontecendo.
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