Por Paulo Henrique Cremoneze
O amigo Emanuel
Jr me confiou a missão, honrosa, de escrever sobre os santos e as relações
de suas vidas e obras com os dias atuais, ressaltando os valores morais
fundamentais e os muitos aspectos da vida.
Já escrevi
antes para a Revista In Guardia, importante publicação voltada à cultura, à
defesa da ordem moral e à propagação da fé católica. Mesmo assim, sinto-me
apreensivo e emocionado, pois a tarefa, agora, é de envergadura maior, um
compromisso mais robusto e sólido, muito abaixo da minha capacidade, mas ao
sabor do que a revista merece.
Faltam-me
atributos e qualidades para a missão, dada minha miséria, mas, ao menos, me
sobram vontade e devoção.
Santo Inácio de
Loyola disse que Deus leva em conta tanto as nossas boas e retas intenções,
quanto nossas ações concretas, de tal modo que se estas não foram exatamente
perfeitas, àquelas também O agradarão.
Assim, rogo a
gentil compreensão de cada amigo leitor para perdoar minha pouca capacidade e
levar em conta a reta e boa intenção que é falar de um dos tesouros da nossa
santa Igreja, a comunhão dos Santos.
São Bernardo de Claraval |
Inicio
escrevendo sobre o santo que mais venero, Bernardo de Claraval.
Evidentemente
que escreverei sobre ele em agosto, quando da sua festa, dia 20, e em
oportunidades futuras, especialmente ano que vem, quando a antiga abadia de Claraval,
filha de Cister e mãe de dezenas e dezenas de outras abadias pela Europa,
completará 900 anos.
Por enquanto,
escreverei aquilo que considero básico e necessário para um primeiro momento.
E o faço porque
a santa Igreja vive um momento delicado e complexo, de muitos ataques, externos
e internos, os quais reclamam de nossa parte orações fervorosas e ações
concretas.
Sempre que a
sombra do medo açoita meu coração e a esperança esmorece um pouco, diante dos
problemas e poderosos inimigos que a Igreja enfrenta, incluindo doutrinas
hereges como a Teologia da Libertação, lembro-me de São Bernardo e de toda sua
luta.
Bernardo evitou
um cisma, combateu um anti-Papa, extirpou heresias, pregou uma das santas
cruzadas, cuidou dos seus monges, escreveu obras doutrinárias sólidas e ainda
por cima viveu como contemplativo.
Os problemas da
Igreja e do mundo dos tempos de Bernardo eram muito maiores e piores do que os
de hoje, e isso muito me consola.
Afinal, a
história da Igreja sempre foi pontilhada de sombras e perseguições, até mesmo
de pecados, donde podemos inferir, não só pela promessa Divina de as portas do
Inferno jamais sobre Ele vencerem, que, não raro, nós, fiéis zelosos, nos
atormentamos sem necessidade ou além do que é necessário.
Mas, que isso
não seja motivo de comodismo, pois Bernardo, místico, contemplativo, monge,
jamais deixou de arregaçar as mangas de seu hábito e de sua casula em favor do
bom combate e da defesa da Igreja.
Bernardo disse
que o grande mistério da Igreja é o da lua. A lua é a Igreja que reflete a luz
de Cristo. É a lua, a Igreja, que ilumina as trevas da noite nos corações dos
homens com a luz que vem do próprio Deus, Nosso Senhor Jesus Cristo.
E essa missão
depende em grande medidas dos esforços dos filhos da Igreja em santificarem
suas próprias vidas para o bem cumprir da missão e da vocação da Igreja, noiva
do Cristo.
Por isso, nos
tempos difíceis, tempos de confusão, tempos de dúvidas, precisamos fortalecer
as virtudes da fé, da esperança e do amor, travando o bom combate, com os
alimentos dos sacramentos e as inspirações vindas dos santos.
Por isso, muito
nos aproveita falar rapidamente desse grande Santo, Bernardo de Claraval.
Deixemos de lado a hagiografia e nos concentremos na biografia daquele que
fez da sua vida serviço total à vontade de Deus, disse sim como Maria ao plano
de salvação e imitou Cristo com tanto rigor que sua santidade se fez em vida,
antes mesmo da rápida ascensão à glória dos altares.
São Bernardo de Claraval, abade, sacerdote e monge cisterciense, trovador
de Maria, glória da Igreja, defensor da Cristandade, protetor da Santa Sé,
extirpador de cismas, combatente das heresias, pregador invulgar das Cruzadas,
místico e doutrinador, doutor da Santa Igreja, gigante da santa e reta fé,
imitador de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Um dos maiores santos da Igreja de todos os tempos.
Nascido numa grande família nobre da Borgonha,
no castelo de Fontaine-lès-Dijon, Bernardo foi o terceiro de
sete filhos de Tescelin o Vermelho (Tescelin Sorrel) e de Aleth de Montbard.
Com a idade de nove anos, foi enviado para a Escola Canônica de Châtillon-sur-Seine, onde mostrou um gosto
particular e apurado pela literatura. Em 1112, decide entrar na Abadia de
Cister, fundada em 1098 por São Roberto de Molesme, e na qual Santo Estevão
Harding havia acabado de ser eleito Abade. Convenceu vários amigos, irmãos e parentes a
ingressarem com ele na vida monástica e chega assim com outros 30 candidatos.
Desde jovem, Bernardo demonstrou profunda vocação para os estudos das
coisas de Deus, um amor desmensurado pela Virgem Maria e uma vida de pureza e
santidade, voltada para a imitação de Cristo.
Em 1115, Estevão Harding envia o
jovem à frente de um grupo de monges para fundar uma nova casa cisterciense
no vale de Langres.
A fundação é chamada "Vale Claro", ou Clairvaux – Claraval. Bernardo
é nomeado Abade desta nova Abadia, e confirmado por Guilherme de Champeux, bispo de Châlons
e célebre teólogo.
Os primórdios de Claraval são difíceis: a disciplina imposta por São
Bernardo é bastante severa. Bernardo busca formação nas Sagradas Escrituras e nos Padres da
Igreja. Ele tem uma predileção quase exclusiva pelo Cântico dos Cânticos e por Santo
Agostinho. O livro e o autor correspondem às tendências da época.
Bernardo, como jovem abade, demonstrou seu potencial e transformou a Ordem
Cisterciense, elevando-a a categoria de grande reformadora da família
beneditina e defensora dos mais nobres e elevados valores morais da Santa
Igreja. Bernardo se mostrou um titã da fé.
Muitas pessoas afluem à nova abadia e Bernardo acaba de converter toda sua
família: seu pai, Tescelin, e seus cinco irmãos tornam-se monges em Claraval.
Sua irmã, Umbelina, toma igualmente o hábito no priorado
de Jully-les-Nonnains. A partir de 1118, novas casas são fundadas (a exemplo da Abadia Nossa
Senhora de Fontenay, para evitar a superlotação de Claraval. Em 1119, Bernardo faz parte
do Capítulo Geral dos Cistercienses convocado por Estevão Harding, que dá sua
forma definitiva à Ordem. A Carta da Caridade, que é então redigida, é
confirmada pouco depois pelo papa Calisto II.
Pode-se dizer que o agir de Bernardo, o crescimento da Ordem Cisterciense e
os mosteiros por ele fundados dão um novo desenho à Europa e revitalizaram a fé
em todos os sentidos.
É nesta época que Bernardo escreve suas primeiras obras, tratados e homilias
e, sobretudo, uma Apologia, escrita a pedido de Guilherme de Saint-Thierry,
que defende os beneditinos brancos (os cistercienses segundo a cor de seu
hábito) contra os beneditinos negros (clunisienses). Pedro, o Venerável, abade
de Cluny,
lhe responde amigavelmente, e apesar de suas diferenças ideológicas, os dois
homens tornam-se amigos. Ele envia igualmente numerosas cartas para incentivar
à reforma o resto do clero,
em particular os bispos.
Sua carta ao arcebispo de Sens, Henrique de Boisrogues, chamada mais tarde de
De Officiis Episcoporum (Da conduta dos Bispos) é reveladora do importante
papel dos monges no XII século, e das tensões entre o clero regular e secular.
Concílio de Troyes quando Bernando de Claraval conseguiu o reconhecimento para a Ordem do Templo, os Templários |
Em 1128, Bernardo participa do concílio de Troyes,
convocado pelo papa Honório II e presidido por Matthieu d’Albano,
legado do papa. Bernardo é nomeado secretário do concílio, mas ao mesmo tempo é
contestado por uma parte do clero, que pensa que Bernardo, simples monge, se
intromete em coisas que não são lhe concernem. Ele termina por se desculpar,
mas o concílio é fortemente influenciado por sua atuação. É durante o concílio
que Bernardo consegue o reconhecimento para a Ordem do
Templo, os Templários, cujos estatutos são escritos por ele mesmo.
Inocencio II e Rogerio de Sicilia |
Torna-se uma personalidade importante e respeitada na Cristandade; ele
intervém em assuntos públicos, defende os direitos da Igreja contra os
príncipes seculares e aconselha papas e reis. Em 1130, depois da morte de
Honório II, durante o cisma de Anacleto II, é a sua voz que faz com que
Inocêncio II seja aceito. Em 1132, ele consegue do papa a independência de
Claraval em relação a Cluny.
Nesse período de desenvolvimento das escolas urbanas, no qual os novos
problemas são discutidos na forma de questões (quaestio), de argumentação e
busca de uma conclusão (disputatio), São Bernardo é defensor de uma linha
tradicionalista. Ele combate as posições de Abelardo,
e as faz ser condenadas no concílio de Sens em 1140.
Em 1145, Claraval dá um papa à Igreja, Eugênio III.
Quando o reino de Jerusalém é ameaçado, Eugênio III, ele
mesmo um cisterciense, pede a Bernardo que pregue a segunda cruzada em Vézelay em 31 de março de 1146 e mais tarde em
Spire. Ele o faz com tanto sucesso que o rei Luís VII, o Jovem e o imperador Conrado III tomam eles
mesmos a cruz.
No concílio de
Reims, em 1148, ele faz uma acusação de heresia contra Gilbert de la Porreé,
bispo de Poitiers. Não obtém grande sucesso e seu adversário conserva sua
posição e prestígio. Cheio de zelo pela Ortodoxia, combate também as teses de Pierre de Bruys, de Arnaldo de Bréscia, e condena os excessos de
Raul, um antigo monge de Claraval, que exige o massacre dos Judeus. Neste
mesmo ano, ele prega a cruzada em Hainaut e permanece em Mons, a capital dos condes
de Hainaut.
São Bernardo fundou 72 mosteiros, espalhados por toda Europa: 35 na França,
14 na Espanha, 10 na Inglaterra e Irlanda, 6 em Flandres, 4 na Itália, 4 na
Dinamarca, 2 na Suécia e 1 na Hungria, além de muitos outros que se filiaram à
Ordem.
Em 1151, dois anos antes de sua morte, existem 500
abadias cistercienses. Há 700 monges ligados a Claraval.
Bernardo morre em 1153 com 63 anos.
Foi canonizado em 18 de junho de 1174 por Alexandre III e declarado
Doutor da
Igreja por Pio VIII em 1830. É comemorado no dia 20 de agosto.
As obras de São
Bernardo são vastas e muitas. Lutou pela Igreja em tudo o que pode e sempre
disseminou o amor de Cristo. Operou milagres em vida, discursou diretamente
influenciado pelo Espírito Santo, e escreveu, cartas, tratados e obras que o
fizeram ser o último dos Padres da Igreja.
Os Padres da
Igreja são aqueles doutrinadores de peso invulgar e que formaram a base do
pensamento cristão ao longo dos séculos. Segundo os estudiosos, Bernardo de
Claraval foi o último e igualmente digno representante dela.
Alegra-me
saber, aliás, que muitos consideram o Papa Bento um doutrinador admirável e do
calibre dos Padres da Igreja, dada sua moral elevada e seu conhecimento sem
par.
Bernardo
percorreu toda a Europa a fim de convencer os reis e nobres a aderirem à causa
do verdadeiro Papa, Inocêncio II.
Meu amor por
Bernardo é tanto que tento, ano após ano, refazer seus caminhos e visitar
lugares, sagrados ou seculares, que ele visitou.
Catedral de Troyes onde estão as relíquias de São Bernardo de Claraval |
Qual não foi
minha alegria de estar em Clairvaux, Fotenay, abadias por ele fundadas. Em
visitar a Catedral da Sicília, onde ele admoestou o rei Rogério, de rezar na
Catedral de Troyes, onde estão suas relíquias, de rezar ajoelhado diante da tumba
e dos restos mortais de Santo Ambrósio de Milão, onde ele também esteve,
ajoelhou-se e rezou.
Que graça Deus
me concedeu e como sou grato.
Bernardo que
pregou na cidade dos meus antepassados, Cremona e da qual empresto o nome
familiar. Bernardo que jamais tergiversou valores, que sempre foi fiel à Deus e
que, mesmo sendo duro no bom combate, jamais deixou de amar e de exercer a
misericórdia.
Bernardo que
defendeu a fé, abençoou e praticamente fundou a mítica Ordem dos Cavaleiros
Templários e que, mesmo sendo todo amor, não pensou duas vezes em defender o
uso do gládio para a proteção da Terra Santa e a da Justiça.
Por isso e por
tantas coisas mais, amo Bernardo e tenho por ele especial e amorosa devoção.
Estou seguro
que o exemplo dele, sua fé, sua postura, seu comprometimento com a Igreja são
especialmente importantes para nós nos dias correntes.
Bernardo era
devoto de Maria, apaixonado por nossa Senhora, a ponto de ser chamado seu
trovador. Ele disse que olhar a estrela e ver Maria, confiar em Maria, viver
como Maria viveu para melhor imitar Jesus. A devoção mariana é elevada em
Bernardo, a ponto dele contribuir com a oração do MEMORARE, acrescentando a
parte final e exaltativa à Maria.
Não à toa,
Bernardo é escolhido por Dante para ser aquele que conduz a alma boa para o
último estágio do céu, ao lado de Maria, diretamente para Cristo. Não à toa,
muitos artistas, como o espanhol Francisco Ribalta, retratam Bernardo como
sendo o santo em êxtase que o próprio Cristo desce da Cruz para abraçar.
Conhecer
Bernardo é amar Maria e, mais ainda, Jesus. Conhecer Bernardo é reformar-se a
si mesmo. Conhecer Bernardo é dilatar o amor, mas saber ser rigoroso quando
necessário. Conhecer Bernardo é defender a Igreja, amá-la incondicionalmente.
Bernardo que
deixa uma valiosa lição de humildade ao ensinar que devemos, para a reformar
íntima e lutar contra os pecados, caminhar sempre com os olhos cravados na
Terra.
Deixo ao amigo
leitor, algumas das preciosas palavras de Bernardo, as quais dispensam
quaisquer comentários:
PENSAMENTOS DE SÃO BERNARDO DE CLARAVAL
"Nos perigos, nas angústias, nas dúvidas, pensa em Maria,
invoca Maria. Que ela não se afaste dos teus lábios, não se afaste de teu
coração".
"Tudo o que temos de benefícios de Deus, nós o recebemos
pela intercessão de Maria. E por que é assim? Porque Deus assim o quer".
"Quem somos nós, e qual a nossa força para resistirmos a
tantas tentações? Certamente era isso que Deus queria: que nós, vendo a nossa
insuficiência e a falta de auxílio, recorressemos com toda humildade à sua
misericórdia".
"Maria recebeu de Deus uma dupla plenitude de graça. A
primeira foi o Verbo eterno feito homem em suas puríssimas entranhas. A segunda
é a plenitude das graças que, por intermédio desta divina Mãe, recebemos de
Deus".
"O avarento está sempre faminto como um mendigo, nunca
chega a ficar satisfeito com os bens que deseja. O pobre, como senhor de tudo,
os despreza, pois não deseja nada".
"A oração controla nossos afetos e dirige nossas ações para
Deus"
"Não consideres tanto o que sofres, mas o que Jesus sofreu
por ti".
"O que é Deus? Ele é ao mesmo tempo comprimento, largura,
altura e profundidade... Esse comprimento, o que é ele? A eternidade, pois ela
é tão longa que não tem limites seja quanto ao lugar, seja quanto ao tempo. É
Deus também largura? E essa largura, que é ela senão a caridade que se estende
até o infinito? Deus é altura e profundidade; e por essa altura deveis entender
seu poder; e por profundeza, sua sabedoria. Ó sabedoria cheia de poder que
chega a todos os recantos com força. Ó poder cheio de sabedoria que tudo dispõe
com doçura"
"Os clérigos que estudam por puro amor da ciência: é uma
curiosidade ignominiosa; outros o fazem para alardear um renome de sábios: é
uma vaidade vergonhosa... outros ainda estudam e vendem seu saber em troca de
dinheiro e honras: é um tráfico vergonhoso. Mas há também os que estudam para
edificar seu próximo: é uma obra de caridade; outros, finalmente, para edificar
a si mesmos: é uma atitude de prudência..."
"Se a pobreza não fosse um grande bem, Jesus Cristo não
teria escolhido para si, nem a teria deixado em herança para os seus
preferidos".
"Fica sabendo, ó cristão, que mais se merece em participar
devotamente de uma só Missa do que com distribuir todas as riquezas aos pobres
e peregrinar toda a terra"
"Amo porque amo, amo para amar. Grande coisa é o amor,
contanto que vá a seu princípio, volte à sua origem, mergulhe em sua fonte,
sempre beba donde corre sem cessar".
"Deus é sabedoria e quer ser amado não só suave mas também
sapientemente... Aliás com muita facilidade o espírito do erro zombará do teu
zelo, se desprezares a ciência; nem o astuto inimigo tem instrumento mais
eficaz para arrancar do coração o amor, do que conseguir que no mesmo amor se
ande incautamente, e não com a razão"
"O servo de Maria não pode perecer".
"Maria é a onipotência suplicante".
"Quem não medita não julga com severidade a si mesmo,
porque não se conhece"
"Há o espírito de sabedoria e de inteligência que, à
maneira da abelha que produz cera e mel, tem com que acender a luz da ciência e
infundir o sabor da graça. Não espere, portanto, receber o beijo, nem o que
compreende a verdade, mas não a ama; nem o que a ama, mas não a
compreende"
"Quando Deus ama não quer outra coisa senão ser amado, já
que ama para ser amado; porque bem sabe que serão felizes pelo amor aqueles que
O amarem".
"Ó Virgem cheia de bondade, o pobre Adão, expulso do
paraíso com a sua mísera descendência, implora a tua resposta; Abraão a
implora, Davi a implora. Os outros patriarcas, teus antepassados, que também
habitam a região da sombra da morte, suplicam esta resposta. O mundo inteiro a
espera, prostrado a teus pés".
"A Eucaristia é o amor que supera todos os outros amores no
céu e na terra"
"Deus depositou em Maria a plenitude de todo bem".
"Onde há amor, não há canseira, mas gosto".
"São fortes as potências do inferno, entretanto, a oração é
mais forte do que todos os demônios".
Possuireis todas as coisas sobre as quais se estender a vossa
confiança. Se esperais muito de Deus, Ele fará muito por vós. Se esperais
pouco, Ele fará pouco".
"O amor do Esposo, ou melhor, o Esposo-Amor, somente
procura a resposta do amor e a fidelidade. Seja permitido à amada corresponder
ao amor! Por que a esposa e esposa do Amor não deveria amar? Por que não seria
amado o Amor?"
"A causa para amar a Deus é o próprio Deus; a medida, é
amá-lo sem medida".
"Oh! amor santo e casto! Oh! doce e suave afeto!... Tanto
mais doce e suave, porque é todo divino o sentimento que se prova.
Experimentá-lo é divinizar-se".
"É melhor para mim, Senhor, abraçar-te na tribulação e
estar contigo na fornalha, do que estar sem ti até mesmo no Céu".
"Que faria a ciência sem o amor? Envaideceria. Que faria o
amor sem a ciência? Erraria".
"Por vós, Maria, temos acesso ao Filho, por vós que achaste
a graça, Mãe da Salvação, para que por vós nos receba Aquele que por vós nos
foi dado".
"Da cruz e das chagas do nosso Redentor sai um grito para
nos fazer entender o amor que Ele nos tem".
"Busquemos a graça, mas busquemos por intermédio de Maria!
Por ela acha-se o que se busca e não se pode ser desatendido".
"Todo o nosso mérito consiste em confiarmos plenamente em
Deus".
"Nossa esperança não pode ser incerta, pois que ela se
apóia nas promessas divinas".
"Com a oração a alma consegue o auxílio divino, diante do
qual desaparece todo o poder das criaturas".
"Existe indubitavelmente uma espantosa analogia entre o
azeite e o nome do Amado, pelo que a comparação apresentada pelo Espirito Santo
não é arbitrária. A não ser que possais sugerir algo de melhor, afirmarei que o
nome de Jesus possui semelhança com o azeite na tripla utilidade deste último,
nomeadamente, para iluminar, na alimentação e como lenitivo. Mantém a chama,
alimenta o corpo, alivia a dor. É luz, alimento e medicina. Observai como as
mesmas propriedades podem ser encontradas no nome do noivo divino. Quando
pronunciado fornece luz; quando meditado, alimenta; quando invocado, serena e
abranda".
"Deus quis que não recebêssemos nada que não passe pelas
mãos de Maria"
"A vista ofuscada pela raiva não enxerga direito".
"Quando estou dividido em mim mesmo é porque não estou
unido com Deus".
"Quando se vê uma pessoa perturbada, a causa da perturbação
não é outra coisa senão a incapacidade de satisfazer a própria vontade".
"Não é a pobreza que é considerada virtude, mas o amor à
pobreza".
"Ninguém tenha em pouca conta a oração, porquanto Deus não
a tem em pouca conta; pois Ele ou dá o que pedimos, ou dá o que deve ser-nos
mais útil".
"Tal é a vontade de Deus, que quis que tenhamos tudo por
Maria".
"Toda alma que ama a Deus, torna-se sua esposa".
"A humilhação nos leva à humildade, assim como a paciência
à paz e o estudo à ciência. Quereis experimentar se vossa humildade é
verdadeira, até onde vai, se adianta ou recua? As humilhações vos fornecerão o
meio".
"Quando a caridade vem e é perfeita, realiza a união
espiritual, e serão dois (Deus e alma) não em uma só carne, mas em um só
espírito, tal como diz o apóstolo: 'Quem se achega a Deus torna-se um só
espírito com Ele' (I Cor 6,17). Se ama perfeitamente, a alma está desposada com
Deus. Amor mútuo, íntimo, válido, que não vive em uma só carne, mas que une em
um só espírito, e de dois faz um só".
"Poderíamos definir a humildade assim: 'É uma virtude que
estimula o homem a menosprezar-se ante a clara verdade de seu próprio
conhecimento'".
"Tu encontrarás mais coisas nas florestas do que nos livros;
as árvores e as pedras te ensinarão mais do que qualquer mestre te poderá
dizer".
"Amemos e seremos amados. Naqueles que amamos encontraremos
repouso, e o mesmo repouso ofereceremos a todos os que amamos. Amar em Deus é
ter caridade; procurar ser amado por Deus é servir à caridade".
"Só nos casos de confiança o Senhor deita o azeite de sua
misericórdia".
"Quereis um advogado junto a Jesus? Recorrei a Maria, pois
nela não há senão pura compaixão pelos males alheios. Pura não só porque ela é
imaculada, mas porque nela só existe compaixão pura e simples. Digo-o sem
hesitar: Maria será ouvida devido à consideração que lhe é devida. O Filho
ouvirá a Mãe, e o Pai, seu Filho. Eis, pois, a escada dos pecadores, minha
absoluta confiança; eis todo o fundamento de minha esperança".
"'Senhor, que queres que eu faça?' (pergunta Paulo). É esta
certamente a forma de uma perfeita conversão. Quão poucos se ajustam a esta
forma de perfeita obediência que, de tal modo tenham abdicado à vontade-própria
que nem sequer mais tenham seu próprio coração e a toda hora se perguntem, não
o que eles querem, mas o que o Senhor quer".
"Que união feliz! Que união feliz, se já a experimentaste!
Bem a conhecia, por experiência, o Salmista ao exclamar: ' Minha felicidade, ó
Deus, é estar junto de Ti' (Sl 72,28). Sim, é muito bom se te unes a Deus com
todo o teu ser. E quem então adere tão perfeitamente a Deus? Aquele que,
habitando em Deus, sendo amado por Deus, atrai Deus a si com um amor
recíproco".
"O amor não busca outro motivo e nenhum fruto fora de si;
ele é seu próprio fruto, seu próprio deleite".
"Ser deificado é tornar-se caridade porque Deus é caridade;
por isso todos os esforços da alma devem ter como alvo a caridade. A caridade
dá a visão de Deus e a semelhança a Deus".
"Recorre a Maria! Sem a menor dúvida eu digo, certamente o
Filho atenderá sua Mãe".
"Para chegarmos à perfeição temos necessidade da meditação
e da petição; pela meditação vemos o que nos falta; pela súplica recebemos o
que nos é necessário".
"Quem recorreu à Vossa proteção e foi por Vós desamparado,
ó Maria?"
"Desapareça a vontade própria e não haverá inferno".
"Se os homens fizessem guerra à vontade própria, ninguém se
condenaria".
"Nos perigos, nas angústias, nas dúvidas, pensa em Maria,
invoca Maria. Que ela não se afaste dos teus lábios, não se afaste de teu
coração".
"Não há música mais suave, palavra mais jubilosa,
pensamento mais doce que Jesus, Filho de Deus!".
"Não se poderiam encontrar palavras mais suaves para
exprimir as doces e recíprocas relações que se dão entre Deus e a alma reunida
a seu corpo ressuscitado, que as de esposo e esposa. Como estes possuem tudo em
comum, nada de particular, nada de dividido, ambos têm uma herança, uma casa,
uma mesa, um quarto conjugal, um mesmo corpo".
Por fim, brindo
os amigos com a oração do MEMORARE, cujo conteúdo se acredita piamente que
Bernardo tenha contribuído para a formatação final e que a Igreja recomenda
seja rezada todos os dias pelos fiéis e uma oração pedindo a intercessão de São
Bernardo de Claraval. Voltarei a falar ainda mais deste grande santo no futuro,
mas espero que ao menos por enquanto o amigo leitor se sinta mais encorajado na
fé com base no exemplo deste gigante da Igreja.
Antes das
orações, desejo registrar uma fala de Bernardo que merece sempre especial
atenção: “(...) que o Senhor nunca nos
tire a Graça de sermos pecadores perdoados, filhos da Igreja”.
MEMORARE
Oração em parte atribuída à São Bernardo de Claraval
Memorare, o
piisima Virgo Maria, non esse auditum a saeculo, quemquam ad tua currentem
praesidia, tua implorantem auxilia, tua petentem suffragia esse derelicta. Nos
tali animati confidentia ad te, Virgo Virginum, Mater, currimus; ad te venimus;
coram te gementes peccatores assistimus. Noli, Mater Verbi, verba nostra
despicere, sed audi propitia et exaudi. Amen.
Lembrai-vos, ó Piíssima Virgem Maria, de que nunca se ouviu dizer, que
algum daqueles que tenha recorrido à vossa clemência, implorado a vossa
assistência, reclamado o vosso socorro, fosse por vós abandonado.
Animado eu, pois, com igual confiança, a vós,
Virgem das Virgens, como Mãe recorro, de vós me valho e gemendo sob o peso de
meus pecados, me prosto a vossos pés.
Não desprezeis as minhas súplicas, ó mãe do
Verbo de Deus humanado, mas dignai-vos de as ouvir propícia e de me alcançar o
que vos rogo.
Amém.
Oração a São Bernardo de
Claraval
Ó grandioso São Bernardo que em vosso tempo
desprezastes os apelos do mundo para consagrar toda sua vida a Deus, Nosso
Senhor Jesus Cristo, ajudai-nos a nos livrar do que é efêmero e apenas zelar
pelo o que é eterno, unindo nossos corações ao coração de Deus.
Fazei com que nos aproximemos cada vez mais da
Virgem Maria como vós o fizestes em vida, cantando nosso amor por ela e por
toda a Igreja, os caminhos para o amor a Deus.
Inspirai-nos a viver as virtudes teologais e
evangélicas como vós as vivestes, coroando nossas vidas nos caminhos da
santidade.
São Bernardo, que possamos seguir vosso
exemplo para imitarmos a Cristo, vivendo um contínuo processo de conversão às
coisas de Deus, ao espaço do Sagrado. Amém.
São Bernardo, rogai por nós que intercedemos a
vós.
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