segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

São Bernardo de Claraval: filho dileto da Igreja, "fidei defensor".

Por Paulo Henrique Cremoneze

O amigo Emanuel Jr me confiou a missão, honrosa, de escrever sobre os santos e as relações de suas vidas e obras com os dias atuais, ressaltando os valores morais fundamentais e os muitos aspectos da vida.

Já escrevi antes para a Revista In Guardia, importante publicação voltada à cultura, à defesa da ordem moral e à propagação da fé católica. Mesmo assim, sinto-me apreensivo e emocionado, pois a tarefa, agora, é de envergadura maior, um compromisso mais robusto e sólido, muito abaixo da minha capacidade, mas ao sabor do que a revista merece.

Faltam-me atributos e qualidades para a missão, dada minha miséria, mas, ao menos, me sobram vontade e devoção.

Santo Inácio de Loyola disse que Deus leva em conta tanto as nossas boas e retas intenções, quanto nossas ações concretas, de tal modo que se estas não foram exatamente perfeitas, àquelas também O agradarão.

Assim, rogo a gentil compreensão de cada amigo leitor para perdoar minha pouca capacidade e levar em conta a reta e boa intenção que é falar de um dos tesouros da nossa santa Igreja, a comunhão dos Santos.

São Bernardo de Claraval
Inicio escrevendo sobre o santo que mais venero, Bernardo de Claraval.

Evidentemente que escreverei sobre ele em agosto, quando da sua festa, dia 20, e em oportunidades futuras, especialmente ano que vem, quando a antiga abadia de Claraval, filha de Cister e mãe de dezenas e dezenas de outras abadias pela Europa, completará 900 anos.

Por enquanto, escreverei aquilo que considero básico e necessário para um primeiro momento.

E o faço porque a santa Igreja vive um momento delicado e complexo, de muitos ataques, externos e internos, os quais reclamam de nossa parte orações fervorosas e ações concretas.

Sempre que a sombra do medo açoita meu coração e a esperança esmorece um pouco, diante dos problemas e poderosos inimigos que a Igreja enfrenta, incluindo doutrinas hereges como a Teologia da Libertação, lembro-me de São Bernardo e de toda sua luta.

Bernardo evitou um cisma, combateu um anti-Papa, extirpou heresias, pregou uma das santas cruzadas, cuidou dos seus monges, escreveu obras doutrinárias sólidas e ainda por cima viveu como contemplativo.


Os problemas da Igreja e do mundo dos tempos de Bernardo eram muito maiores e piores do que os de hoje, e isso muito me consola.

Afinal, a história da Igreja sempre foi pontilhada de sombras e perseguições, até mesmo de pecados, donde podemos inferir, não só pela promessa Divina de as portas do Inferno jamais sobre Ele vencerem, que, não raro, nós, fiéis zelosos, nos atormentamos sem necessidade ou além do que é necessário.

Mas, que isso não seja motivo de comodismo, pois Bernardo, místico, contemplativo, monge, jamais deixou de arregaçar as mangas de seu hábito e de sua casula em favor do bom combate e da defesa da Igreja.

Bernardo disse que o grande mistério da Igreja é o da lua. A lua é a Igreja que reflete a luz de Cristo. É a lua, a Igreja, que ilumina as trevas da noite nos corações dos homens com a luz que vem do próprio Deus, Nosso Senhor Jesus Cristo.

E essa missão depende em grande medidas dos esforços dos filhos da Igreja em santificarem suas próprias vidas para o bem cumprir da missão e da vocação da Igreja, noiva do Cristo.

Por isso, nos tempos difíceis, tempos de confusão, tempos de dúvidas, precisamos fortalecer as virtudes da fé, da esperança e do amor, travando o bom combate, com os alimentos dos sacramentos e as inspirações vindas dos santos.

Por isso, muito nos aproveita falar rapidamente desse grande Santo, Bernardo de Claraval.

Deixemos de lado a hagiografia e nos concentremos na biografia daquele que fez da sua vida serviço total à vontade de Deus, disse sim como Maria ao plano de salvação e imitou Cristo com tanto rigor que sua santidade se fez em vida, antes mesmo da rápida ascensão à glória dos altares.

São Bernardo de Claraval, abade, sacerdote e monge cisterciense, trovador de Maria, glória da Igreja, defensor da Cristandade, protetor da Santa Sé, extirpador de cismas, combatente das heresias, pregador invulgar das Cruzadas, místico e doutrinador, doutor da Santa Igreja, gigante da santa e reta fé, imitador de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Um dos maiores santos da Igreja de todos os tempos.

Nascido numa grande família nobre da Borgonha, no castelo de Fontaine-lès-Dijon, Bernardo foi o terceiro de sete filhos de Tescelin o Vermelho (Tescelin Sorrel) e de Aleth de Montbard. Com a idade de nove anos, foi enviado para a Escola Canônica de Châtillon-sur-Seine, onde mostrou um gosto particular e apurado pela literatura. Em 1112, decide entrar na Abadia de Cister, fundada em 1098 por São Roberto de Molesme, e na qual Santo Estevão Harding havia acabado de ser eleito Abade. Convenceu vários amigos, irmãos e parentes a ingressarem com ele na vida monástica e chega assim com outros 30 candidatos.

Desde jovem, Bernardo demonstrou profunda vocação para os estudos das coisas de Deus, um amor desmensurado pela Virgem Maria e uma vida de pureza e santidade, voltada para a imitação de Cristo.

Em 1115, Estevão Harding envia o jovem à frente de um grupo de monges para fundar uma nova casa cisterciense no vale de Langres. A fundação é chamada "Vale Claro", ou Clairvaux – Claraval. Bernardo é nomeado Abade desta nova Abadia, e confirmado por Guilherme de Champeux, bispo de Châlons e célebre teólogo.

Os primórdios de Claraval são difíceis: a disciplina imposta por São Bernardo é bastante severa. Bernardo busca formação nas Sagradas Escrituras e nos Padres da Igreja. Ele tem uma predileção quase exclusiva pelo Cântico dos Cânticos e por Santo Agostinho. O livro e o autor correspondem às tendências da época.

Bernardo, como jovem abade, demonstrou seu potencial e transformou a Ordem Cisterciense, elevando-a a categoria de grande reformadora da família beneditina e defensora dos mais nobres e elevados valores morais da Santa Igreja. Bernardo se mostrou um titã da fé.

Muitas pessoas afluem à nova abadia e Bernardo acaba de converter toda sua família: seu pai, Tescelin, e seus cinco irmãos tornam-se monges em Claraval. Sua irmã, Umbelina, toma igualmente o hábito no priorado de Jully-les-Nonnains. A partir de 1118, novas casas são fundadas (a exemplo da Abadia Nossa Senhora de Fontenay, para evitar a superlotação de Claraval. Em 1119, Bernardo faz parte do Capítulo Geral dos Cistercienses convocado por Estevão Harding, que dá sua forma definitiva à Ordem. A Carta da Caridade, que é então redigida, é confirmada pouco depois pelo papa Calisto II.

Pode-se dizer que o agir de Bernardo, o crescimento da Ordem Cisterciense e os mosteiros por ele fundados dão um novo desenho à Europa e revitalizaram a fé em todos os sentidos.

É nesta época que Bernardo escreve suas primeiras obras, tratados e homilias e, sobretudo, uma Apologia, escrita a pedido de Guilherme de Saint-Thierry, que defende os beneditinos brancos (os cistercienses segundo a cor de seu hábito) contra os beneditinos negros (clunisienses). Pedro, o Venerável, abade de Cluny, lhe responde amigavelmente, e apesar de suas diferenças ideológicas, os dois homens tornam-se amigos. Ele envia igualmente numerosas cartas para incentivar à reforma o resto do clero, em particular os bispos. Sua carta ao arcebispo de Sens, Henrique de Boisrogues, chamada mais tarde de De Officiis Episcoporum (Da conduta dos Bispos) é reveladora do importante papel dos monges no XII século, e das tensões entre o clero regular e secular.

Concílio de Troyes quando Bernando de Claraval conseguiu o reconhecimento para a Ordem do Templo, os Templários
Em 1128, Bernardo participa do concílio de Troyes, convocado pelo papa Honório II e presidido por Matthieu d’Albano, legado do papa. Bernardo é nomeado secretário do concílio, mas ao mesmo tempo é contestado por uma parte do clero, que pensa que Bernardo, simples monge, se intromete em coisas que não são lhe concernem. Ele termina por se desculpar, mas o concílio é fortemente influenciado por sua atuação. É durante o concílio que Bernardo consegue o reconhecimento para a Ordem do Templo, os Templários, cujos estatutos são escritos por ele mesmo.

Inocencio II e Rogerio de Sicilia
Torna-se uma personalidade importante e respeitada na Cristandade; ele intervém em assuntos públicos, defende os direitos da Igreja contra os príncipes seculares e aconselha papas e reis. Em 1130, depois da morte de Honório II, durante o cisma de Anacleto II, é a sua voz que faz com que Inocêncio II seja aceito. Em 1132, ele consegue do papa a independência de Claraval em relação a Cluny.

Nesse período de desenvolvimento das escolas urbanas, no qual os novos problemas são discutidos na forma de questões (quaestio), de argumentação e busca de uma conclusão (disputatio), São Bernardo é defensor de uma linha tradicionalista. Ele combate as posições de Abelardo, e as faz ser condenadas no concílio de Sens em 1140.

Em 1145, Claraval dá um papa à Igreja, Eugênio III. Quando o reino de Jerusalém é ameaçado, Eugênio III, ele mesmo um cisterciense, pede a Bernardo que pregue a segunda cruzada em Vézelay em 31 de março de 1146 e mais tarde em Spire. Ele o faz com tanto sucesso que o rei Luís VII, o Jovem e o imperador Conrado III tomam eles mesmos a cruz.

No concílio de Reims, em 1148, ele faz uma acusação de heresia contra Gilbert de la Porreé, bispo de Poitiers. Não obtém grande sucesso e seu adversário conserva sua posição e prestígio. Cheio de zelo pela Ortodoxia, combate também as teses de Pierre de Bruys, de Arnaldo de Bréscia, e condena os excessos de Raul, um antigo monge de Claraval, que exige o massacre dos Judeus. Neste mesmo ano, ele prega a cruzada em Hainaut e permanece em Mons, a capital dos condes de Hainaut.

São Bernardo fundou 72 mosteiros, espalhados por toda Europa: 35 na França, 14 na Espanha, 10 na Inglaterra e Irlanda, 6 em Flandres, 4 na Itália, 4 na Dinamarca, 2 na Suécia e 1 na Hungria, além de muitos outros que se filiaram à Ordem.

Em 1151, dois anos antes de sua morte, existem 500 abadias cistercienses. Há 700 monges ligados a Claraval.

Bernardo morre em 1153 com 63 anos.

Foi canonizado em 18 de junho de 1174 por Alexandre III e declarado Doutor da Igreja por Pio VIII em 1830. É comemorado no dia 20 de agosto.

As obras de São Bernardo são vastas e muitas. Lutou pela Igreja em tudo o que pode e sempre disseminou o amor de Cristo. Operou milagres em vida, discursou diretamente influenciado pelo Espírito Santo, e escreveu, cartas, tratados e obras que o fizeram ser o último dos Padres da Igreja.

Os Padres da Igreja são aqueles doutrinadores de peso invulgar e que formaram a base do pensamento cristão ao longo dos séculos. Segundo os estudiosos, Bernardo de Claraval foi o último e igualmente digno representante dela.

Alegra-me saber, aliás, que muitos consideram o Papa Bento um doutrinador admirável e do calibre dos Padres da Igreja, dada sua moral elevada e seu conhecimento sem par.

Bernardo percorreu toda a Europa a fim de convencer os reis e nobres a aderirem à causa do verdadeiro Papa, Inocêncio II.

Meu amor por Bernardo é tanto que tento, ano após ano, refazer seus caminhos e visitar lugares, sagrados ou seculares, que ele visitou.

Catedral de Troyes onde estão as relíquias
de São Bernardo de Claraval
Qual não foi minha alegria de estar em Clairvaux, Fotenay, abadias por ele fundadas. Em visitar a Catedral da Sicília, onde ele admoestou o rei Rogério, de rezar na Catedral de Troyes, onde estão suas relíquias, de rezar ajoelhado diante da tumba e dos restos mortais de Santo Ambrósio de Milão, onde ele também esteve, ajoelhou-se e rezou.

Que graça Deus me concedeu e como sou grato.

Bernardo que pregou na cidade dos meus antepassados, Cremona e da qual empresto o nome familiar. Bernardo que jamais tergiversou valores, que sempre foi fiel à Deus e que, mesmo sendo duro no bom combate, jamais deixou de amar e de exercer a misericórdia.

Bernardo que defendeu a fé, abençoou e praticamente fundou a mítica Ordem dos Cavaleiros Templários e que, mesmo sendo todo amor, não pensou duas vezes em defender o uso do gládio para a proteção da Terra Santa e a da Justiça.

Por isso e por tantas coisas mais, amo Bernardo e tenho por ele especial e amorosa devoção.

Estou seguro que o exemplo dele, sua fé, sua postura, seu comprometimento com a Igreja são especialmente importantes para nós nos dias correntes.

Bernardo era devoto de Maria, apaixonado por nossa Senhora, a ponto de ser chamado seu trovador. Ele disse que olhar a estrela e ver Maria, confiar em Maria, viver como Maria viveu para melhor imitar Jesus. A devoção mariana é elevada em Bernardo, a ponto dele contribuir com a oração do MEMORARE, acrescentando a parte final e exaltativa à Maria.

Não à toa, Bernardo é escolhido por Dante para ser aquele que conduz a alma boa para o último estágio do céu, ao lado de Maria, diretamente para Cristo. Não à toa, muitos artistas, como o espanhol Francisco Ribalta, retratam Bernardo como sendo o santo em êxtase que o próprio Cristo desce da Cruz para abraçar.

Conhecer Bernardo é amar Maria e, mais ainda, Jesus. Conhecer Bernardo é reformar-se a si mesmo. Conhecer Bernardo é dilatar o amor, mas saber ser rigoroso quando necessário. Conhecer Bernardo é defender a Igreja, amá-la incondicionalmente.

Bernardo que deixa uma valiosa lição de humildade ao ensinar que devemos, para a reformar íntima e lutar contra os pecados, caminhar sempre com os olhos cravados na Terra.

Deixo ao amigo leitor, algumas das preciosas palavras de Bernardo, as quais dispensam quaisquer comentários:

PENSAMENTOS DE SÃO BERNARDO DE CLARAVAL

"Nos perigos, nas angústias, nas dúvidas, pensa em Maria, invoca Maria. Que ela não se afaste dos teus lábios, não se afaste de teu coração".

"Tudo o que temos de benefícios de Deus, nós o recebemos pela intercessão de Maria. E por que é assim? Porque Deus assim o quer".

"Quem somos nós, e qual a nossa força para resistirmos a tantas tentações? Certamente era isso que Deus queria: que nós, vendo a nossa insuficiência e a falta de auxílio, recorressemos com toda humildade à sua misericórdia".

"Maria recebeu de Deus uma dupla plenitude de graça. A primeira foi o Verbo eterno feito homem em suas puríssimas entranhas. A segunda é a plenitude das graças que, por intermédio desta divina Mãe, recebemos de Deus".

"O avarento está sempre faminto como um mendigo, nunca chega a ficar satisfeito com os bens que deseja. O pobre, como senhor de tudo, os despreza, pois não deseja nada".

"A oração controla nossos afetos e dirige nossas ações para Deus"

"Não consideres tanto o que sofres, mas o que Jesus sofreu por ti".

"O que é Deus? Ele é ao mesmo tempo comprimento, largura, altura e profundidade... Esse comprimento, o que é ele? A eternidade, pois ela é tão longa que não tem limites seja quanto ao lugar, seja quanto ao tempo. É Deus também largura? E essa largura, que é ela senão a caridade que se estende até o infinito? Deus é altura e profundidade; e por essa altura deveis entender seu poder; e por profundeza, sua sabedoria. Ó sabedoria cheia de poder que chega a todos os recantos com força. Ó poder cheio de sabedoria que tudo dispõe com doçura"

"Os clérigos que estudam por puro amor da ciência: é uma curiosidade ignominiosa; outros o fazem para alardear um renome de sábios: é uma vaidade vergonhosa... outros ainda estudam e vendem seu saber em troca de dinheiro e honras: é um tráfico vergonhoso. Mas há também os que estudam para edificar seu próximo: é uma obra de caridade; outros, finalmente, para edificar a si mesmos: é uma atitude de prudência..."

"Se a pobreza não fosse um grande bem, Jesus Cristo não teria escolhido para si, nem a teria deixado em herança para os seus preferidos".

"Fica sabendo, ó cristão, que mais se merece em participar devotamente de uma só Missa do que com distribuir todas as riquezas aos pobres e peregrinar toda a terra"

"Amo porque amo, amo para amar. Grande coisa é o amor, contanto que vá a seu princípio, volte à sua origem, mergulhe em sua fonte, sempre beba donde corre sem cessar".

"Deus é sabedoria e quer ser amado não só suave mas também sapientemente... Aliás com muita facilidade o espírito do erro zombará do teu zelo, se desprezares a ciência; nem o astuto inimigo tem instrumento mais eficaz para arrancar do coração o amor, do que conseguir que no mesmo amor se ande incautamente, e não com a razão"

"O servo de Maria não pode perecer".

"Maria é a onipotência suplicante".

"Quem não medita não julga com severidade a si mesmo, porque não se conhece"

"Há o espírito de sabedoria e de inteligência que, à maneira da abelha que produz cera e mel, tem com que acender a luz da ciência e infundir o sabor da graça. Não espere, portanto, receber o beijo, nem o que compreende a verdade, mas não a ama; nem o que a ama, mas não a compreende"

"Quando Deus ama não quer outra coisa senão ser amado, já que ama para ser amado; porque bem sabe que serão felizes pelo amor aqueles que O amarem".

"Ó Virgem cheia de bondade, o pobre Adão, expulso do paraíso com a sua mísera descendência, implora a tua resposta; Abraão a implora, Davi a implora. Os outros patriarcas, teus antepassados, que também habitam a região da sombra da morte, suplicam esta resposta. O mundo inteiro a espera, prostrado a teus pés".

"A Eucaristia é o amor que supera todos os outros amores no céu e na terra"

"Deus depositou em Maria a plenitude de todo bem".

"Onde há amor, não há canseira, mas gosto".

"São fortes as potências do inferno, entretanto, a oração é mais forte do que todos os demônios".

Possuireis todas as coisas sobre as quais se estender a vossa confiança. Se esperais muito de Deus, Ele fará muito por vós. Se esperais pouco, Ele fará pouco".

"O amor do Esposo, ou melhor, o Esposo-Amor, somente procura a resposta do amor e a fidelidade. Seja permitido à amada corresponder ao amor! Por que a esposa e esposa do Amor não deveria amar? Por que não seria amado o Amor?"

"A causa para amar a Deus é o próprio Deus; a medida, é amá-lo sem medida".

"Oh! amor santo e casto! Oh! doce e suave afeto!... Tanto mais doce e suave, porque é todo divino o sentimento que se prova. Experimentá-lo é divinizar-se".

"É melhor para mim, Senhor, abraçar-te na tribulação e estar contigo na fornalha, do que estar sem ti até mesmo no Céu".

"Que faria a ciência sem o amor? Envaideceria. Que faria o amor sem a ciência? Erraria".

"Por vós, Maria, temos acesso ao Filho, por vós que achaste a graça, Mãe da Salvação, para que por vós nos receba Aquele que por vós nos foi dado".

"Da cruz e das chagas do nosso Redentor sai um grito para nos fazer entender o amor que Ele nos tem".

"Busquemos a graça, mas busquemos por intermédio de Maria! Por ela acha-se o que se busca e não se pode ser desatendido".

"Todo o nosso mérito consiste em confiarmos plenamente em Deus".

"Nossa esperança não pode ser incerta, pois que ela se apóia nas promessas divinas".

"Com a oração a alma consegue o auxílio divino, diante do qual desaparece todo o poder das criaturas".

"Existe indubitavelmente uma espantosa analogia entre o azeite e o nome do Amado, pelo que a comparação apresentada pelo Espirito Santo não é arbitrária. A não ser que possais sugerir algo de melhor, afirmarei que o nome de Jesus possui semelhança com o azeite na tripla utilidade deste último, nomeadamente, para iluminar, na alimentação e como lenitivo. Mantém a chama, alimenta o corpo, alivia a dor. É luz, alimento e medicina. Observai como as mesmas propriedades podem ser encontradas no nome do noivo divino. Quando pronunciado fornece luz; quando meditado, alimenta; quando invocado, serena e abranda".

"Deus quis que não recebêssemos nada que não passe pelas mãos de Maria"

"A vista ofuscada pela raiva não enxerga direito".

"Quando estou dividido em mim mesmo é porque não estou unido com Deus".

"Quando se vê uma pessoa perturbada, a causa da perturbação não é outra coisa senão a incapacidade de satisfazer a própria vontade".

"Não é a pobreza que é considerada virtude, mas o amor à pobreza".

"Ninguém tenha em pouca conta a oração, porquanto Deus não a tem em pouca conta; pois Ele ou dá o que pedimos, ou dá o que deve ser-nos mais útil".

"Tal é a vontade de Deus, que quis que tenhamos tudo por Maria".

"Toda alma que ama a Deus, torna-se sua esposa".

"A humilhação nos leva à humildade, assim como a paciência à paz e o estudo à ciência. Quereis experimentar se vossa humildade é verdadeira, até onde vai, se adianta ou recua? As humilhações vos fornecerão o meio".

"Quando a caridade vem e é perfeita, realiza a união espiritual, e serão dois (Deus e alma) não em uma só carne, mas em um só espírito, tal como diz o apóstolo: 'Quem se achega a Deus torna-se um só espírito com Ele' (I Cor 6,17). Se ama perfeitamente, a alma está desposada com Deus. Amor mútuo, íntimo, válido, que não vive em uma só carne, mas que une em um só espírito, e de dois faz um só".

"Poderíamos definir a humildade assim: 'É uma virtude que estimula o homem a menosprezar-se ante a clara verdade de seu próprio conhecimento'".

"Tu encontrarás mais coisas nas florestas do que nos livros; as árvores e as pedras te ensinarão mais do que qualquer mestre te poderá dizer".

"Amemos e seremos amados. Naqueles que amamos encontraremos repouso, e o mesmo repouso ofereceremos a todos os que amamos. Amar em Deus é ter caridade; procurar ser amado por Deus é servir à caridade".

"Só nos casos de confiança o Senhor deita o azeite de sua misericórdia".

"Quereis um advogado junto a Jesus? Recorrei a Maria, pois nela não há senão pura compaixão pelos males alheios. Pura não só porque ela é imaculada, mas porque nela só existe compaixão pura e simples. Digo-o sem hesitar: Maria será ouvida devido à consideração que lhe é devida. O Filho ouvirá a Mãe, e o Pai, seu Filho. Eis, pois, a escada dos pecadores, minha absoluta confiança; eis todo o fundamento de minha esperança".

"'Senhor, que queres que eu faça?' (pergunta Paulo). É esta certamente a forma de uma perfeita conversão. Quão poucos se ajustam a esta forma de perfeita obediência que, de tal modo tenham abdicado à vontade-própria que nem sequer mais tenham seu próprio coração e a toda hora se perguntem, não o que eles querem, mas o que o Senhor quer".

"Que união feliz! Que união feliz, se já a experimentaste! Bem a conhecia, por experiência, o Salmista ao exclamar: ' Minha felicidade, ó Deus, é estar junto de Ti' (Sl 72,28). Sim, é muito bom se te unes a Deus com todo o teu ser. E quem então adere tão perfeitamente a Deus? Aquele que, habitando em Deus, sendo amado por Deus, atrai Deus a si com um amor recíproco".

"O amor não busca outro motivo e nenhum fruto fora de si; ele é seu próprio fruto, seu próprio deleite".

"Ser deificado é tornar-se caridade porque Deus é caridade; por isso todos os esforços da alma devem ter como alvo a caridade. A caridade dá a visão de Deus e a semelhança a Deus".

"Recorre a Maria! Sem a menor dúvida eu digo, certamente o Filho atenderá sua Mãe".

"Para chegarmos à perfeição temos necessidade da meditação e da petição; pela meditação vemos o que nos falta; pela súplica recebemos o que nos é necessário".

"Quem recorreu à Vossa proteção e foi por Vós desamparado, ó Maria?"

"Desapareça a vontade própria e não haverá inferno".

"Se os homens fizessem guerra à vontade própria, ninguém se condenaria".

"Nos perigos, nas angústias, nas dúvidas, pensa em Maria, invoca Maria. Que ela não se afaste dos teus lábios, não se afaste de teu coração".

"Não há música mais suave, palavra mais jubilosa, pensamento mais doce que Jesus, Filho de Deus!".

"Não se poderiam encontrar palavras mais suaves para exprimir as doces e recíprocas relações que se dão entre Deus e a alma reunida a seu corpo ressuscitado, que as de esposo e esposa. Como estes possuem tudo em comum, nada de particular, nada de dividido, ambos têm uma herança, uma casa, uma mesa, um quarto conjugal, um mesmo corpo".

Por fim, brindo os amigos com a oração do MEMORARE, cujo conteúdo se acredita piamente que Bernardo tenha contribuído para a formatação final e que a Igreja recomenda seja rezada todos os dias pelos fiéis e uma oração pedindo a intercessão de São Bernardo de Claraval. Voltarei a falar ainda mais deste grande santo no futuro, mas espero que ao menos por enquanto o amigo leitor se sinta mais encorajado na fé com base no exemplo deste gigante da Igreja.

Antes das orações, desejo registrar uma fala de Bernardo que merece sempre especial atenção: “(...) que o Senhor nunca nos tire a Graça de sermos pecadores perdoados, filhos da Igreja”.

MEMORARE
Oração em parte atribuída à São Bernardo de Claraval

Memorare, o piisima Virgo Maria, non esse auditum a saeculo, quemquam ad tua currentem praesidia, tua implorantem auxilia, tua petentem suffragia esse derelicta. Nos tali animati confidentia ad te, Virgo Virginum, Mater, currimus; ad te venimus; coram te gementes peccatores assistimus. Noli, Mater Verbi, verba nostra despicere, sed audi propitia et exaudi. Amen.

Lembrai-vos, ó Piíssima Virgem Maria, de que nunca se ouviu dizer, que algum daqueles que tenha recorrido à vossa clemência, implorado a vossa assistência, reclamado o vosso socorro, fosse por vós abandonado.

Animado eu, pois, com igual confiança, a vós, Virgem das Virgens, como Mãe recorro, de vós me valho e gemendo sob o peso de meus pecados, me prosto a vossos pés.

Não desprezeis as minhas súplicas, ó mãe do Verbo de Deus humanado, mas dignai-vos de as ouvir propícia e de me alcançar o que vos rogo.

Amém.

Oração a São Bernardo de Claraval

Ó grandioso São Bernardo que em vosso tempo desprezastes os apelos do mundo para consagrar toda sua vida a Deus, Nosso Senhor Jesus Cristo, ajudai-nos a nos livrar do que é efêmero e apenas zelar pelo o que é eterno, unindo nossos corações ao coração de Deus.

Fazei com que nos aproximemos cada vez mais da Virgem Maria como vós o fizestes em vida, cantando nosso amor por ela e por toda a Igreja, os caminhos para o amor a Deus.

Inspirai-nos a viver as virtudes teologais e evangélicas como vós as vivestes, coroando nossas vidas nos caminhos da santidade.

São Bernardo, que possamos seguir vosso exemplo para imitarmos a Cristo, vivendo um contínuo processo de conversão às coisas de Deus, ao espaço do Sagrado. Amém.


São Bernardo, rogai por nós que intercedemos a vós. 

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