Por Carlos
Ramalhete.
Se "Fora da
Igreja não há Salvação", o que é o Ecumenismo?
Infelizmente esta é
uma confusão muito comum, especialmente em certos meios ditos
"progressistas"; esta confusão, na verdade, é fruto do chamado
"relativismo", uma heresia já condenada pela Igreja muitas e muitas
vezes.
Antes de mais nada,
vejamos o que é o ecumenismo verdadeiro (não o da LBV...):
A palavra
"ecumênico" sempre foi usada no sentido de uma reunião do conjunto
dos bispos da Igreja. Assim, por exemplo, um Concílio que reúna os bispos do
mundo todo é um concílio ecumênico, mesmo (e especialmente!) se não houver
nenhum não-católico presente.
Infelizmente esta
palavra começou a ser usada no fim do século passado para definir um movimento
surgido nos meios protestantes, que busca fazer uma reunião meramente jurídica
de todas as seitas protestantes (não devemos nos esquecer que na eclesiologia
protestante a Igreja, com "I" maiúsculo, não existe visivelmente,
sendo composta por uma união invisível de todas as seitas); assim este
movimento pseudo-ecumênico, expresso por exemplo no Conselho Mundial de
Igrejas, deseja fazer com que as seitas aceitem a validade, por exemplo, dos
Sacramentos ministrados por outras seitas. No caso de seitas que não acreditem
em sacramentos, o objetivo do movimento seria fazer com que admitissem que as
seitas que acreditam são verdadeiramente "cristãs" no mesmo sentido
que o são os membros de sua seita própria.
Ora, esta visão é
incompatível com a Fé cristã. O protestantismo prega que a fé apenas salva, mas
não se preocupa com a questão que evidentemente surge em decorrência desta
crença: fé em quê? Para um protestante, trata-se de uma aceitação subjetiva de
um "jesus" salvador, não de uma aceitação real d'O Jesus Salvador.
Digo isso por uma razão simples de perceber: se cada um interpreta
diferentemente a Escritura e acredita que o que Ele pede é uma coisa diferente
do que outro protestante (por vezes na mesma seita!) acredita, não se está
aceitando Jesus, mas sim inventando um "jesus" pessoal, um
"jesus" que corresponde na verdade apenas às ânsias e preconceitos do
"crente".
Assim Monique Evans
e Tiazinha, por exemplo, crêem em um "jesus" que não vê absolutamente
problema nenhum na difusão de pornografia, "jesus" esse radicalmente
diferente, por exemplo, do "jesus" de uma senhora da "Assembléia
de Deus", que não tira suas saias longas e não corta o cabelo.
Do mesmo modo o
"pastor" Caio Fábio acredita em um "jesus" que permite o
divórcio (em frontal contradição com as próprias palavras de Cristo registradas
no Evangelho!), mas preocupa-se principalmente com problemas sócio-policiais da
população favelada...
Para Monique Evans e
Tiazinha, entretanto, Caio Fábio é certamente um cristão, e presumivelmente o
contrário também é verdade.
Este é o
"espírito ecumênico" do Conselho Mundial de Igrejas, que aliás já
está tendo problemas graves devido a, por exemplo, a pregação
pró-homossexualismo de algumas seitas que dele fazem parte, pregação essa que
já provocou a saída de vários grupos deste Conselho.
A mensagem do falso
ecumenismo é "tolerância", compreendida como na verdade mero
indiferentismo: não importa em que "jesus" é a fé do
"crente", importa que ele tenha fé.
O
"ecumenismo" da LBV é aparentemente o paroxismo deste tipo de
mentalidade indiferentista, mas na verdade o é apenas para consumo externo. Nas
creches e escolas da LBV, por exemplo, as crianças são indoutrinadas na
doutrina própria desta seita, que entre outras coisas ensina o
reencarnacionismo, as várias revelação sucessivas (incluindo aí Allan Kardec e
o próprio fundador da LBV), a inexistência do Espírito Santo (visto como uma
reunião de "espíritos evoluídos"), etc.
Assim eles
consideram que todas as religiões são aceitáveis, mas a verdade seria a pregada
por eles. Como são reencarnacionistas, não vêem necessidade de confronto;
afinal se o sujeito for um bom protestante, ou católico, ou macumbeiro, na
"próxima encarnação" ele poderá ter acesso à verdade LBVista...
Estes falsos
ecumenismos são totalmente diferentes da noção católica de ecumenismo. Já vimos
que a palavra "ecumênico" sempre teve na Igreja a conotação de algo
relativo a uma reunião de toda a Igreja, não de uma reunião interreligiosa.
Vimos igualmente que o relativismo é algo totalmente contrário à fé cristã.
Como então se coloca
o afã "ecumênico" da Igreja, no que diz respeito ao diálogo com os
protestantes e cismáticos orientais?
Trata-se de, como
Cristo, ir buscar à ovelha que está afastada, trazer para a Igreja aqueles que
estão fora dela, quer formal quer materialmente. O Concílio Vaticano II pede,
como norma pastoral, que isto seja feito partindo-se do que já é de
conhecimento ou uso do herege ou cismático. Nisto o texto conciliar corrobora a
imortal sabedoria do Doutor Angélico, S. Tomás de Aquino, que já dizia:
"Ao debater com pagãos, uso a Razão; com judeus, o Antigo Testamento; com
hereges, toda a Escritura".
Assim devemos
perceber os reflexos da verdadeira Fé cristã que estão contidos em cada seita
ou crença pessoal, para a partir destes reflexos incentivar o herege ao estudo
para que ele perceba os erros e incoerências da falsa fé que tem.
"Ora",
diria o indiferentista, "e os 'elementos de santificação' que existem nas
seitas?" Respondo que eles existem, como podemos ver nos próprios
documentos do Concílio, apenas em função da Igreja. Trata-se de, para usar uma
parábola evangélica, migalhas que caem da mesa. Um batismo válido ministrado por
uma seita protestante não é válido por ter sido ministrado por esta seita, mas
sim apesar disto!
Assim um batismo
válido ministrado por, digamos, uma seita pentecostal faz com que a pessoa que
foi batizada torne-se não pentecostal, mas católica. Alguém que morra logo após
um batismo válido ministrado por uma seita pentecostal morre como católico, e
como tal é salvo.
Este pertencer
invisível à Igreja, entretanto, não é garantia de salvação. Muito pelo
contrário, aliás. Alguém que tenha nascido em um ambiente protestante, nunca
tenha tido contacto algum com a verdadeira fé (situação evidentemente
impossível no Brasil...) e siga a falsa fé em que foi educado após um batismo
válido pode ser salvo, se, e somente se, ele nunca abandonar a Graça de Deus
infusa pelo batismo.
Ora, como é
abandonada esta graça? Pelo pecado mortal (pecado cometido deliberada e
conscientemente em matéria grave). Assim a chance de um protestante se salvar
está em não pecar nunca mortalmente após um batismo válido (e batismo é só uma
vez: se ele foi batizado em criança é este o batismo válido; se o foi em
adulto, não adianta reiterar o batismo: o segundo vale apenas por um banho sem
sabonete...), seguindo assim sempre a sua consciência de forma irrepreensível e
aceitando todas as graças dadas por Deus.
Ora, será que isso é
comum? Será que é comum que uma pessoa, mais ainda, uma pessoa sem acesso ao
Santíssimo Sacramento e fechada em um ambiente de mentiras e heresias, consiga
sempre corresponder à graça de Deus de tal maneira que nunca, jamais peque
mortalmente? Certamente que não.
Tal acontecimento é
evidentemente raríssimo, mas pode existir. Devido a sua raridade e, mais ainda,
à presunção em que implicaria confiar que ocorra tal comportamento, é um dever
de caridade de todo católico buscar trazer à Igreja este pobre protestante,
para que, tendo acesso aos Sacramentos e à Verdade, possa evitar as chamas
eternas do Inferno.
A única outra chance
que um protestante hipotético, nascido e criado sem contacto algum com a
Igreja, poderia ter de salvar-se é uma perfeita contrição na hora da morte. O
que é uma perfeita contrição? É um arrependimento completo de seus pecados,
movido por um amor absoluto e perfeito a Deus. Por Deus vem o horror aos
pecados, e Deus não deixaria de perdoar alguém que estivesse tão perfeitamente
arrependido de seus pecados e a buscar a união com Ele.
Ora, o
protestantismo desincentiva a contrição, vista por eles como demonstração de
falta de fé. Afinal, eles acreditam que o pecado do homem é encoberto por
Jesus, mas continua existindo; eles não acreditam em santificação do homem, mas
acham que Cristo mente a Deus Pai, dizendo que o homem está sem pecado, para
que ele possa entrar no Céu. Assim preocupar-se por um pecado cometido seria
uma demonstração de falta de fé no "pistolão" celestial que os faria
entrar no Céu mesmo sendo sempre pecadores. E é apenas, nesta heresia, a falta
de fé que pode fazer com que alguém não seja salvo...
No caso de um
católico que apostate e venha a ser, digamos, batista ou pentecostal, a situação
é muito mais grave, assim como é gravíssima a situação de um protestante
nascido em país católico (e que assim teve contato com a Verdade). Isto ocorre
por uma razão muito simples: a Verdade atrai quem a busca, e a graça da
conversão é sempre dada por Deus a todos, mesmo os piores pecadores.
O próprio fato de um
católico apostatar da Verdadeira Fé e unir-se a uma seita é na verdade um ato
de afastamento de Deus, de negação de Sua Graça. O nosso protestante hipotético
que nunca tivesse conhecido a Igreja nem cometido pecado mortal, por exemplo,
seria indubitavelmente alguém que, pela oração, pela caridade, pelos meios que
estivessem a seu dispor, procurara sempre aceitar a graça de Deus. Este
protestante hipotético, caso tivesse qualquer chance de contacto com a Igreja
(nem que fosse pela TV ou pela Net), aceitaria a graça que Deus sempre está a
oferecer a todos os pecadores e hereges e se converteria.
Assim um protestante
em país católico ou, pior ainda, um católico que se tornou protestante é alguém
que se negou a aceitar uma graça dada por Deus, escolhendo separar-se de Deus.
Vemos assim como é perigosa esta situação. A pessoa escolheu, movido
provavelmente por interesses outros (possibilidade de segundas núpcias, desejo
de ser o árbitro final do certo e do errado - a exemplo de Adão e Eva no Paraíso...),
abandonar a Cristo e inventar seu próprio "jesus", negando-se assim a
aceitar aquilo que Deus pede dele e para o quê Ele oferece a cada instante os
meios (a graça da conversão).
Mesmo que esta
pessoa tenha cometido este ato (negar-se a aceitar a graça) sem ter consciência
de seu erro, isto não deixou de ser um ato de separação de Deus. Trata-se de ao
mesmo tempo a comprovação de uma negação provavelmente habitual da graça (posto
que se ele estivesse habitualmente disposto a aceitar as graças dadas por Deus
não teria negado a mais importante!) e uma decisão de não mais aceitar a
reconciliação com Deus (feita pelo Sacramento que Cristo instituiu) após um
pecado mortal que ele venha a cometer.
Além disso,
provavelmente não durará muito para ele cometer um pecado mortal, visto o seu
fechamento, doravante habitual, para a graça. Não podemos esquecer que é apenas
pela graça de Deus livremente aceita que podemos não pecar; a nossa natureza
sozinha nos leva a pecar. "Abyssus abyssum invocat", o abismo atrai
abismo. Quanto mais a pessoa peca, quanto mais ela se afasta da graça de Deus,
mais fácil se torna pecar.
O dogma (um dogma é
algo que é Verdade Revelada, que deve ser crida por todo cristão; um exemplo
disso é a Santíssima Trindade, Três Pessoas e Um Só Deus) nos afirma claramente
que "Fora da Igreja não Há Salvação". Não é possível salvar-se fora
da Igreja, que é a Comunhão dos Santos. Não é possível salvar-se em estado de
pecado mortal, não é possível salvar-se em uma seita herética.
A eventual salvação
de um herege vem de sua conversão ou, no caso de alguém que nunca, jamais,
tenha tido acesso à Igreja, pela aceitação de todas as graças dadas por Deus, o
que levaria a uma conversão caso ele tivesse a oportunidade; é a isto que se
refere o documento *Diálogo e Anúncio* do Pontifício Conselho para o Diálogo
Inter-religioso: "Em muitos casos, eles já podem ter respondido
implicitamente à oferta de Deus de salvação em Jesus Cristo; um sinal disto
pode ser a prática sincera das próprias tradições religiosas, à medida que elas
contêm autênticos valores religiosos. Podem já ter sido atingidos pelo Espírito
e, de certo modo, estar associados, sem o saberem, ao Mistério Pascal de Jesus
Cristo (cf. GS 22)."
É o caso de alguém
nascido protestante ou até pagão, sem jamais ter tido contato com a Fé Cristã
verdadeira, que tenha sempre, ao longo de sua vida, respondido "sim"
a tudo o que Deus dele pediu, praticando sinceramente as práticas religiosas de
sua comunidade, no que elas contém de conforme à Lei Natural. Assim alguém que
tenha sido criado, digamos, em uma comunidade de adoradores de ídolos que fazem
sacrifícios humanos não poderia jamais tomar parte nos ditos sacrifícios,
abomináveis à luz da Lei Natural que todos nós já temos inscrita em nosso coração
e que não precisamos aprender de fontes externas.
A associação deste
hipotético pagão ou protestante com a Igreja, Corpo Místico de Cristo,
ocorreria sem que ele o soubesse; sua resposta habitual de aceitação das graças
dadas por Deus corresponderia, na Infinita Misericórdia do Senhor, a uma
aceitação da oferta de Deus de Salvação no Cristo Jesus. Esta oferta só não foi
aceita de forma explícita por não ter sido conhecida, pelo fato deste
protestante ou pagão hipotético nunca ter visto um só católico em toda a sua
vida.
Esta pessoa está
assim unida de forma invisível à Igreja; ela está materialmente na Igreja, mas
não formalmente, e só não está formalmente na Igreja por falta de oportunidade.
Enquanto ela se mantiver dentro da Igreja, ainda que desta forma invisível, ela
pode ser salva. Se um dia, porém, ela deixar de aceitar as graças dadas por
Deus e pecar consciente e deliberadamente em matéria grave, ela só poderá
voltar à Igreja se tiver uma perfeita contrição, já que não tem acesso ao
Sacramento da Confissão.
Assim, portanto, é o
dever de todo católico unir-se ao afã ecumênico da Igreja, buscando a conversão
dos hereges e cismáticos, buscando trazê-los de volta à Igreja, fora da qual
não há Salvação.
O Santo Padre João
Paulo II, através de organizações com este objetivo, trata desta nobre missão
no âmbito mais amplo, buscando fazer com que seitas e grupos cismáticos voltem
à Igreja em bloco. Até agora já foram vários grupos a abandonar seus erros e
voltar à fidelidade e obediência ao Romano Pontífice, condição necessária (ao
menos implicitamente) para a salvação.
A nós cabe fazê-lo
no âmbito individual, trazendo pessoas (amigos, conhecidos, vizinhos...) de
volta à Igreja, de volta a Cristo, de volta à possibilidade de Salvação.
Louvado seja Nosso
Senhor Jesus Cristo.
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