Por Emanuel Jr.
A encíclica Rerum Novarum em seu número 5 começa manifestando a importância do
direito natural.
Quem realmente está no centro? |
Como uma encíclica social, aliás
a base de todas elas no âmbito moderno, a Rerum
Novarum monta toda uma sequência lógica para mostrar a impossibilidade do
direito natural frente ao socialismo e consequentemente o paradoxo entre ser
católico e ser socialista. A partir dessa encíclica várias vezes constou em
outros documentos, homilias e audiências os motivos diversos dessa impossibilidade,
incongruência e paradoxo.
A questão é ligeiramente simples,
contudo difícil de entender devido a nossa grande contaminação marxista em
nossa forma de pensar, ver o mundo, raciocinar e conceber a forma de se
argumentar.
O marxismo em seu mais puro
berço, o próprio Marx, tem em sua base o materialismo, ou seja, a
impossibilidade de conceber qualquer prova que não seja empírica. A prova
filosófica e a prova lógica são solenemente descartadas.
Assim sendo, o que não é provado
empiricamente simplesmente não existe. Dessa forma, Deus não existe, pois não
pode ser provado empiricamente. Conceber que tudo o que está a sua volta não
pode ter resposta para a pergunta “quem os criou”, não pode ser entendido como
prova se o raciocínio for puramente argumentativo lógico, em outras palavras:
ninguém se importa com Sócrates e sua lógica.
Esse pensamento empirista e,
podemos dizer, cientificista, vem crescendo desde o período consagrado como
iluminismo. O iluminismo foi uma ruptura muito grande com o pensamento que
tangia a época. Até então ciências filosóficas, sociológicas e teológicas eram consideradas
ciências na gênese da palavra. Hoje são consideradas mais como formas individuais
e variáveis e se direcionar um raciocínio.
Não se trata de teoria da conspiração. |
Não se trata de imaginar que é
uma teoria da conspiração que vem sendo orquestrada desde antes do iluminismo
para preparar um socialismo latente que hoje vivemos e que tende e piorar, se
arraigar e aprofundar cada vez mais daqui pra frente.
Trata-se de pensar logicamente:
para o socialismo nascente era muito conveniente esse tipo de pensamento
cientificista e empirista. Conveniente porque não se argumenta ou se prova Deus
fora da filosofia e teologia, isso enquanto falamos de ciências. Obviamente que
se experimenta Deus pela fé, pela contemplação e reflexão, mas dentro das
ciências apenas dentro da filosofia e teologia, isso se a tivermos como coisas
totalmente diferentes, o que muita gente não concorda. Assim fez alguns famosos
conhecidos: Santo Agostinho, Santo Tomás de Aquino, só pra falar sobre os mais
comentados.
O Direito Natural, por sua vez,
advém primordialmente de algo inscrito desde sempre no ser humano. Impossível
pensar o direito natural como algo desenhado no homem após seu nascimento pelo
contato com a sociedade, sem corromper esse direito em todos os seus níveis.
Portanto, se essa inscrição vem com o ser humano, nada mais correto pensar que alguém
ou algo fez essa inscrição. Sejamos sinceros e não vamos argumentar sobre o
acaso. Acaso é o caminho fácil e não estamos dispostos a pegar atalhos errados
e terminar o artigo por aqui.
Se alguém inscreveu isso no ser
humano esse alguém é superior. Não vamos aqui nos ater ao Deus cristão,
muçulmano ou judeu; apenas no que importa para essa argumentação: sua
existência. Se Deus existe, existe algo após essa vida e existe hierarquia, já
que não estamos no mesmo nível de um ser superior que nos cria. Se essa
hierarquia existe em um nível superior, nada mais justo pensar que é impossível
eliminá-la em um nível inferior. O nível inferior, nesse caso somos nós.
Enfim, afora as divagações, a
prova empírica elimina Deus do caminho. Elimina porque uma ciência empírica
falha nunca vai conseguir demonstrar a existência de algo superior e perfeito,
a não ser que Ele se deixe revelar. Se Ele se deixar revelar, não será mérito
dessa ciência empírica, mas sim uma simples concessão desse ser superior e
perfeito. Aos que creem, sabemos que Deus não se revela dessa forma, portanto,
sabemos que isso não vai acontecer por mais que a propaganda seja contrária a
essa afirmação.
A prova empírica, eliminando Deus
do caminho, abre as portas para o antropocentrismo, que por sua vez não pode
aceitar o Direito Natural, caso contrário o homem não estaria no centro, mas
sim a Natureza da qual esse Direito vem.
Nada mais cômodo para o
socialismo crescente, portanto, eliminar com o Direito Natural através de um cientificismo
que não leva ninguém a lugar nenhum, ou melhor, nos leva a simplesmente ignorar
questões que sempre nos foram muito caras como ética, moral e liberdade de
consciência.
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