terça-feira, 30 de setembro de 2014

Direito natural e a prova empírica no marxismo.


Por Emanuel Jr.

A encíclica Rerum Novarum em seu número 5 começa manifestando a importância do direito natural.

Quem realmente está no centro?
Como uma encíclica social, aliás a base de todas elas no âmbito moderno, a Rerum Novarum monta toda uma sequência lógica para mostrar a impossibilidade do direito natural frente ao socialismo e consequentemente o paradoxo entre ser católico e ser socialista. A partir dessa encíclica várias vezes constou em outros documentos, homilias e audiências os motivos diversos dessa impossibilidade, incongruência e paradoxo.

A questão é ligeiramente simples, contudo difícil de entender devido a nossa grande contaminação marxista em nossa forma de pensar, ver o mundo, raciocinar e conceber a forma de se argumentar.

O marxismo em seu mais puro berço, o próprio Marx, tem em sua base o materialismo, ou seja, a impossibilidade de conceber qualquer prova que não seja empírica. A prova filosófica e a prova lógica são solenemente descartadas.

Assim sendo, o que não é provado empiricamente simplesmente não existe. Dessa forma, Deus não existe, pois não pode ser provado empiricamente. Conceber que tudo o que está a sua volta não pode ter resposta para a pergunta “quem os criou”, não pode ser entendido como prova se o raciocínio for puramente argumentativo lógico, em outras palavras: ninguém se importa com Sócrates e sua lógica.

Esse pensamento empirista e, podemos dizer, cientificista, vem crescendo desde o período consagrado como iluminismo. O iluminismo foi uma ruptura muito grande com o pensamento que tangia a época. Até então ciências filosóficas, sociológicas e teológicas eram consideradas ciências na gênese da palavra. Hoje são consideradas mais como formas individuais e variáveis e se direcionar um raciocínio.

Não se trata de teoria da conspiração.
Não se trata de imaginar que é uma teoria da conspiração que vem sendo orquestrada desde antes do iluminismo para preparar um socialismo latente que hoje vivemos e que tende e piorar, se arraigar e aprofundar cada vez mais daqui pra frente.

Trata-se de pensar logicamente: para o socialismo nascente era muito conveniente esse tipo de pensamento cientificista e empirista. Conveniente porque não se argumenta ou se prova Deus fora da filosofia e teologia, isso enquanto falamos de ciências. Obviamente que se experimenta Deus pela fé, pela contemplação e reflexão, mas dentro das ciências apenas dentro da filosofia e teologia, isso se a tivermos como coisas totalmente diferentes, o que muita gente não concorda. Assim fez alguns famosos conhecidos: Santo Agostinho, Santo Tomás de Aquino, só pra falar sobre os mais comentados.

O Direito Natural, por sua vez, advém primordialmente de algo inscrito desde sempre no ser humano. Impossível pensar o direito natural como algo desenhado no homem após seu nascimento pelo contato com a sociedade, sem corromper esse direito em todos os seus níveis. Portanto, se essa inscrição vem com o ser humano, nada mais correto pensar que alguém ou algo fez essa inscrição. Sejamos sinceros e não vamos argumentar sobre o acaso. Acaso é o caminho fácil e não estamos dispostos a pegar atalhos errados e terminar o artigo por aqui.

Se alguém inscreveu isso no ser humano esse alguém é superior. Não vamos aqui nos ater ao Deus cristão, muçulmano ou judeu; apenas no que importa para essa argumentação: sua existência. Se Deus existe, existe algo após essa vida e existe hierarquia, já que não estamos no mesmo nível de um ser superior que nos cria. Se essa hierarquia existe em um nível superior, nada mais justo pensar que é impossível eliminá-la em um nível inferior. O nível inferior, nesse caso somos nós.

Enfim, afora as divagações, a prova empírica elimina Deus do caminho. Elimina porque uma ciência empírica falha nunca vai conseguir demonstrar a existência de algo superior e perfeito, a não ser que Ele se deixe revelar. Se Ele se deixar revelar, não será mérito dessa ciência empírica, mas sim uma simples concessão desse ser superior e perfeito. Aos que creem, sabemos que Deus não se revela dessa forma, portanto, sabemos que isso não vai acontecer por mais que a propaganda seja contrária a essa afirmação.

A prova empírica, eliminando Deus do caminho, abre as portas para o antropocentrismo, que por sua vez não pode aceitar o Direito Natural, caso contrário o homem não estaria no centro, mas sim a Natureza da qual esse Direito vem.


Nada mais cômodo para o socialismo crescente, portanto, eliminar com o Direito Natural através de um cientificismo que não leva ninguém a lugar nenhum, ou melhor, nos leva a simplesmente ignorar questões que sempre nos foram muito caras como ética, moral e liberdade de consciência.

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