Por Dom
Fernando Arêas Rifan
Bispo da
Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
No próximo dia 28,
último domingo de setembro, celebraremos o dia nacional da Bíblia, que coincide
com a festa de São Jerônimo, o grande tradutor dos Livros Santos. Aliás, o mês
de setembro é o mês da Bíblia, todo dedicado a despertar e promover entre os
fiéis o conhecimento e o amor dos Livros Sagrados, a Palavra de Deus escrita,
redigida sob a moção do Divino Espírito Santo, motivando-os para sua leitura
cotidiana, atenta e piedosa.
É de São Jerônimo a
célebre frase: “Ignorar a Sagrada Escritura é ignorar o próprio Cristo”.
Portanto, o conhecimento e o amor às Escrituras decorrem do conhecimento e do
amor que todos devemos a Nosso Senhor.
O ponto central da
Bíblia, convergência de todas as profecias, é Jesus Cristo. O Antigo Testamento
é preparação para a sua vinda e o Novo, a realização do seu Reino. “O Novo
estava latente no Antigo e o Antigo se esclarece no Novo” (Santo Agostinho).
Dizemos que a Bíblia
foi inspirada por Deus, que vem a ser assim o seu autor principal, embora
escrita por homens, por Deus movidos e assistidos enquanto escreviam.
A Bíblia não é um
livro só, mas um conjunto de 73 livros, redigidos por autores diferentes em
épocas, línguas e locais diversos, num espaço de tempo de cerca de mil e
quinhentos anos. Sua unidade se deve ao fato de terem sido todos eles
inspirados por Deus, seu autor principal e garantia da sua inerrância.
É o livro sagrado
por excelência, escrito para o nosso bem. “Toda a Escritura é inspirada por Deus,
e útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para formar na justiça.
Por ela, o homem de Deus se torna perfeito, capacitado para toda boa obra” (II
Tim 3, 16-17).
Mas a Bíblia não é
um livro de ciências humanas. Por isso a Igreja Católica reprova a leitura
fundamentalista da Bíblia, que teve sua origem na época da Reforma Protestante
e que pretende dar a ela uma interpretação literal em todos os seus detalhes, o
que não é correto.
Além disso, a Bíblia
não é um livro fácil de ser lido e interpretado. São Pedro, falando das
Epístolas de São Paulo, nos diz que “nelas há algumas passagens difíceis de
entender, cujo sentido os espíritos ignorantes ou pouco fortalecidos deturpam,
para a sua própria ruína, como o fazem também com as demais Escrituras” (II Ped
3, 16).
Por isso, o mesmo
São Pedro nos adverte: “Sabei que nenhuma profecia da Escritura é de
interpretação pessoal. Porque jamais uma profecia foi proferida por efeito de
uma vontade humana. Homens inspirados pelo Espírito Santo falaram da parte de
Deus” (2Pd 1, 20-21). Assim, o ofício de
interpretar autenticamente a palavra de Deus escrita (a Bíblia Sagrada) ou
transmitida oralmente (a Sagrada Tradição) foi confiado unicamente ao
Magistério vivo da Igreja, cuja autoridade se exerce em nome de Jesus Cristo,
que disse aos Apóstolos e seus sucessores “até a consumação dos séculos”: “Ide
e ensinai a todos os povos tudo o que vos ensinei... quem vos ouve a mim ouve”.
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