Dom Fernando Arêas
Rifan
Bispo da
Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney.
Foi comemorado dia 8
passado o dia internacional da mulher, mas ainda é oportuno voltar ao tema. E
digamos logo, sem rodeios, por amor à verdade: foi o cristianismo que salvou a
dignidade da mulher! A história, nos testemunhos de Juvenal e Ovídio, nos conta
que a moral sexual e a fidelidade conjugal, antes do cristianismo, estavam em
extrema degradação. Constatamos isso, vendo atualmente a situação da mulher nos
povos que não têm o cristianismo. No começo do século II, Tácito afirmava que
uma mulher casta era um fenômeno raro. Galeno, o médico grego do século II,
ficava impressionado com a retidão do comportamento sexual dos cristãos. Os
próprios historiadores são obrigados a confessar que foram os cristãos que
restauraram a dignidade do matrimônio.
O cristianismo
estendeu o conceito de adultério também à infidelidade do marido, pois no mundo
antigo ele só se limitava à infidelidade da esposa. O cristianismo santificou o
matrimônio, elevando-o à ordem de sacramento, proibindo o divórcio, que prejudica,
sobretudo, a mulher. O cristianismo, ao contrário da mentalidade machista,
iguala o pecado do homem e da mulher: o sexto e o nono mandamentos valem
igualmente para os dois.
As mulheres encontraram na Igreja, conforme a sua própria condição, seu lugar digno: foi-lhes permitido formar comunidades religiosas dotadas de governo próprio, dirigir suas próprias escolas, conventos, colégios, hospitais e orfanatos, coisa impensável no mundo antigo (cf. Thomas E. Woods Jr, “Como a Igreja Católica construiu a civilização ocidental”).
Isso confere com o
que ensina Papa B. João Paulo II: “Cristo se constituiu, perante os seus
contemporâneos, promotor da verdadeira dignidade da mulher e da vocação correspondente a tal dignidade. Às
vezes, isso provocava estupor, surpresa, muitas vezes raiando o escândalo:
‘ficaram admirados por estar ele conversando com uma mulher’ (Jo 4, 27), porque este comportamento
se distinguia daquele dos seus contemporâneos. Em todo o ensinamento de Jesus,
como também no seu comportamento, não se encontra nada que denote a
discriminação, própria do seu tempo, da mulher. Devemos nos colocar no contexto
do ‘princípio’ bíblico, no qual a verdade revelada sobre o homem como ‘ imagem
e semelhança de Deus’ constitui abase imutável de toda a antropologia cristã. ‘Deus criou o homem à sua imagem; à
imagem de Deus o criou, criou-os homem e mulher’ (Gn 1, 27). Os dois são seres humanos, em grau
igual, ambos criados à imagem de Deus” (Mulieris dignitatem,sobre a
dignidade e a vocação da mulher).
Mas, “a igualdade de
dignidade não significa ser idêntico aos homens. Isso só empobrece as mulheres
e toda a sociedade, deformando ou perdendo a riqueza única e valores próprios
da feminilidade. Na visão da Igreja, o homem e a mulher foram chamados pelo
Criador para viver em profunda comunhão entre si, conhecendo-se mutuamente,
para dar a si mesmos e agir em conjunto, tendendo para o bem comum com as
características complementares do que é feminino e masculino” (João Paulo II,
Mensagem sobre a mulher, 26/5/1995).
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