Dom Fernando Arêas Rifan
Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
Em
companhia de Maria e José e incentivados por São Paulo: “Alegrai-vos sempre no
Senhor” (Fl 4,4), vamos celebrar nesta quinta-feira o Santo Natal, feliz e
alegre, como foi o primeiro
Natal. Nasceu Jesus, o Messias! Deus se fez homem! E os anjos anunciaram aos
pastores essa felicidade. A reaparição da estrela misteriosa fez renascer a
alegria e a felicidade no coração dos Magos que vieram do Oriente (Mt 2, 10).
Segundo
a filosofia (Cícero e Boécio), felicidade é o estado constituído pelo acúmulo
de todos os bens com a ausência de todos os males. Então, como poderemos chamar
feliz um Natal onde houve desprezo, rejeição – Jesus nasceu numa estrebaria por
falta de lugar para Ele nas casas e nas hospedarias -, lágrimas, gritos, morte,
luto – Herodes, perseguindo Jesus, mandou matar as crianças de Belém – fuga,
desterro, pobreza, sacrifícios? Realmente, felicidade perfeita, na definição
filosófica, só se encontrará no Céu, na Jerusalém celeste, onde Deus “enxugará
toda a lágrima dos seus olhos e já não haverá morte, nem luto, nem grito, nem
dor, porque tudo isto passou” (Ap 21,4).
É
a grande lição do Natal: é possível ser feliz na dor, no desprezo, no luto,
aqui na terra. Aqui, a felicidade consiste em ter Jesus, em estar com Jesus, em
amar Jesus de todo o coração, com a esperança de tê-lo perfeitamente um dia no
Céu. Talvez tenha sido essa a felicidade que Assis Valente, autor de
“Anoiteceu”, não conhecia quando a pediu ao Papai Noel. Talvez por isso tenha
se matado, pois ele e ela, como ele imaginava, não vieram.
Não se vai à Igreja para parar de sofrer, já que o
sofrimento é inseparável da vida humana, mas para aprender a sofrer. O cristão
é otimista e feliz, por causa da esperança, mesmo que sofra. Por isso, o
primeiro Natal foi cheio de felicidade. A pobre estrebaria de Belém era o Céu.
Faltava tudo e não faltava nada. Ali estava a felicidade e a alegria: Jesus.
“A alegria do Evangelho enche o coração e a vida
inteira daqueles que se encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar por Ele
são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo, renasce sem cessar a
alegria” (Papa Francisco, Evangelii
gaudium, 1). O presépio de Belém é o princípio da pregação de Jesus, o
resumo do seu Evangelho. Daquele pequeno púlpito, silenciosamente, ele nos
ensina o desprezo da vanglória desse mundo, o valor da pobreza e do
desprendimento, o nada das riquezas, a necessidade da humildade, o apreço das
almas simples, a paciência, a mansidão, a caridade para com o próximo, a
harmonia na convivência humana, o perdão das ofensas, a grandeza de coração,
enfim, as virtudes cristãs que fariam o mundo muito melhor, se as praticasse.
É por isso que o Natal cristão é festa de paz e
harmonia, de confraternização em família, de troca de presentes entre amigos,
de gratidão e de perdão. Pois é a festa daquele que, sendo Deus, tornou-se
nosso irmão aqui na terra, ensinando-nos o que é a felicidade.
É assim que desejo aos meus caros leitores um
verdadeiro ALEGRE E FELIZ NATAL!
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