Por André
Brandalise
Antes de falar sobre
os filmes, entendo que devemos fazer uma apresentação sobre a saga. Então vamos
lá...
Percy Jackson
& the Olympians (Percy
Jackson e os Olimpianos no Brasil) é uma série de cinco livros juvenis de
aventura escrita por Rick Riordan, retratando a mitologia grega no século XXI.
O personagem principal é Percy Jackson, que descobre ser um meio-sangue, filho
de Poseidon, deus do mar, com uma humana. Além dele, outros personagens
notórios são Annabeth Chase, filha de Atena, Grover Underwood, um sátiro
adolescente, Thalia Grace, filha de Zeus, Luke Castellan, filho de Hermes,
entre outros.
Os livros fazem uma
adaptação moderna das estórias de Hércules, Perseu, Aquiles, etc., que segundo
a mitologia grega seriam filhos de deuses do Olimpo com humanos, portanto,
semideuses. Estes personagens fizeram parte de diversos livros, filmes,
seriados e desenhos durante muitos anos, o que veio a dar mais
"graça" às aulas de história sobre a Grécia Antiga.
E essa releitura da
mitologia, de que modo nos atinge? Bom, para chegarmos a esta resposta
precisamos conhecer sobre os filmes, e por isso colocarei as sinopses de cada
um.
Percy Jackson & the Olympians: The Lightning Thief (no Brasil, Percy
Jackson e o Ladrão de Raios)
Percy Jackson
(Logan Lerman) é um jovem que enfrenta problemas na escola, devido ao que
acredita ser dislexia e déficit de atenção. Ele foi criado por sua mãe, Sally
(Catherine Keener), e vive com Gabe Ugliano (Joe Pantoliano), seu padrasto, que
odeia. Após ser atacado em plena excursão escolar, é revelado a Percy que ele é
um semideus, ou seja, filho do deus Poseidon (Kevin McKidd) com uma humana, e
possui poderes. Protegido por Grover Underwood (Brandon T. Jackson), ele é
levado ao acampamento dos meio sangue, onde está em segurança. Lá ele tem
Chiron (Pierce Brosnan) como tutor e passa a treinar para se tornar um grande
guerreiro. Só que Percy é acusado de ter roubado o raio de Zeus (Sean Bean),
uma poderosa arma de destruição que pode fazer com que os deuses entrem em
guerra. É quando Hades (Steve Coogan) visita o acampamento e oferece a Percy
uma troca: que ele entregue o raio, o qual não possui, em troca da devolução de
sua mãe, que faleceu em meio à fuga. Ele então parte para chegar ao Mundo
Inferior, onde vivem Hades e Perséfone (Rosario Dawson), juntamente com Grover
e Annabeth Chase (Alexandra Daddario), uma poderosa guerreira que conheceu no
acampamento.
Percy Jackson:
Sea of Monsters (no Brasil, Percy
Jackson e o Mar de Monstros)
O aniversário de
17 anos de Percy Jackson (Logan Lerman) foi surpreendentemente calmo, sem
ataques de monstros ou algo do tipo. Entretanto, uma inocente partida faz com
que Percy e seus amigos se vejam desafiados a um jogo de vida ou morte contra
um grupo de gigantes canibais. A chegada de Annabeth (Alexandra Daddario) traz
ainda outra má notícia: a proteção mágica do Acampamento Meio-Sangue foi
enveneada por uma arma misteriosa e, ao menos que seja curada, todos os
semideuses serão mortos. Não demora muito para que Percy e seus amigos tenham
que enfrentar o mar de monstros para salvar o local.
Quando falamos de
filmes, desenhos, livros, etc, que envolve alguma mitologia, devemos lembrar
que é essencial que as crianças que forem assistir devem receber antes uma
preparação dentro da fé católica. Acredito que isso seria importante mesmo nos
casos em que não se tratam de mitologias, pois se não soubermos lidar com os
contos de fadas, deveríamos evitar que as crianças tivessem contato com este
gênero do cinema e literatura.
De qualquer forma, é
sempre importante lembrar o que já citamos no texto sobre A Origem dos
Guardiões:
(...) Contos de
fada, pois, não são responsáveis por levar às crianças medo, ou qualquer dos
contornos do medo; contos de fada não dão à criança a ideia do mal ou do feio;
isso já está nela, porque já está no mundo. Contos de fada não dão à criança
sua primeira noção de bicho-papão. O que os contos de fada lhe dão é sua
primeira ideia clara da possível derrota do monstro. O bebê conhece o dragão em
seu íntimo desde o momento em que sobreveio a imaginação. O que o conto de fada
lhe proporciona é um São Jorge para matar o dragão. O que o conto de fada faz é
exatamente isso: habitua-o, por uma série de imagens claras, à ideia de que
esses terrores ilimitados têm um limite, de que esses inimigos sem forma têm
inimigos nos cavaleiros de Deus, de que há algo no universo mais místico que a
escuridão e mais forte que o medo. (...)
(CHESTERTON, G.K. "Tremendous Trifles",
XVII: "The Red Angel")
Sobre os filmes
propriamente ditos, gostaria de fazer duas analogias que me chamaram a atenção:
- o
distanciamento dos deuses do Olimpo com seus filhos
Zeus proibiu os
deuses do Olimpo de manter contato com seus filhos, o que causa para alguns dos
adolescentes decepção, tristeza, raiva, desejo de vingança ou como fazem
alguns, vivem sua vida na esperança de ter a atenção de seus pais.
Fazendo um paralelo
com a nossa vida cristã, vemos que muitos reagem da mesma forma que os
personagens (adolescentes) dos filmes. Muita gente diz que Deus esqueceu da
humanidade e não consegue enxergar o que Ele faz e como se faz presente, e
diante disso se rebelam com seu Pai.
O que precisamos ver
é que Deus não nos trata como formigas em um aquário, mas sim que cuida de cada
um de nós de forma especial e única. O Papa Bento XVI já nos lembrou essa
situação:
“Deus não é um
ser obscuro ou impassível, mas manifesta-se como uma pessoa que ama as suas
criaturas”.
Os filmes nos
mostram o risco que corremos ao não vermos a presença de Deus em nossas vidas,
e de não reconhecer sua ação de Pai. Ao mesmo tempo, ao nos distanciarmos de
Deus estamos nos afastamos de nós mesmos, como já nos alertou o Papa Bento XVI:
"Isto é
importante: quem está longe de Deus também está longe de si mesmo, alienado de
si mesmo, e só pode encontrar a si se se encontra com Deus. Deste modo,
consegue chegar a seu verdadeiro eu, sua verdadeira identidade."
- a disputa entre
os filhos dos diferentes deuses do Olimpo
Os filhos de cada
deus do Olimpo moram juntos no acampamento, formando uma família de meio-irmãos
que defendem a sua "casa", lutando para mostrar aos demais que seria
o melhor. Claro que entre as casas existem algumas amizades, mas a rivalidade é
gigante. Uma única diferença está em Percy Jackson, que mesmo tentando mostrar
seus valor e vencer as provas para a sua casa (que a princípio só tem a ele
mesmo, já que é o filho único de Poseidon - sem nenhuma comparação ou
referência a Cristo), muitas vezes deixa a rivalidade de lado para ajudar
alguém de outra família que precisa de ajuda, e assim perder a disputa.
Se fizermos um
paralelo com o que temos entre as diferentes religiões no mundo, vemos algo
semelhante. São conflitos entre judeus e muçulmanos, muçulmanos e cristãos, e
por aí vai. Hoje o Papa Francisco nos lembrou de algo muito importante:
"Jesus
quer-nos dizer com esta afirmação quase paradoxal que a fé não é algo de
decorativo. A fé obriga-nos a uma opção fundamental a escolher Deus como
critério-base. Com Jesus o ser humano passou a conhecer Deus. E um Deus com
rosto humano. Jesus trás a paz e a reconciliação mas não a qualquer preço. E
seguir Jesus - continuou o Papa Francisco - implica renunciar ao mal, ao
egoísmo e escolher o bem, a verdade, a justiça mesmo quando isso nos obriga a
sacrifícios. E isto divide, mesmo as relações mais próximas. Mas, atenção não é
Jesus que divide!
Desta forma, esta
palavra do Evangelho não autoriza ao uso da força para difundir a fé. É
precisamente o contrário: a verdadeira força do cristianismo é a força da
verdade e do amor, que comporta renunciar a todo o tipo de violência. Fé e
violência são incompatíveis!"
Ou seja, de certa
forma o Papa Francisco nos pede para agirmos como Percy Jackson, e em vez de
mostrar a todos o valor do cristianismo à força, devemos agir conforme Cristo
nos deu o exemplo e escolher fazer o bem. Esta é a melhor forma de mostrar o
nosso valor, e assim não criar divisão. Manter-se nos caminhos da fé, sem
dúvida, mas respeitar quem pensa diferente (ainda que não concordemos com seu
pensamento e nos posicionemos de forma contrária). ·
ENFIM, os filmes não são obras que causam risco à fé se
forem visto como mitologia/conto de fadas, mas ao mesmo tempo não apresentam
tantos elementos que mereçam destaque.
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