Dom Fernando
Arêas Rifan
Bispo da
Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
Hoje, festa da
Transfiguração do Senhor, celebramos o Santíssimo Salvador ou Senhor Bom Jesus,
padroeiro de várias cidades e Dioceses do Brasil, e, especialmente, da nossa
cidade e Diocese de Campos. "Feliz a nação cujo Deus é o Senhor”, reza o
Salmo 32. Feliz, portanto, nossa cidade! Nosso padroeiro é o próprio Jesus
Cristo, filho de Deus feito homem, enquanto considerado como nosso Redentor,
aquele que pagou o nosso resgate, morrendo por nós na cruz, salvando-nos da
eterna condenação.
O pecado original do
primeiro homem foi exatamente não reconhecer a Deus como seu Senhor, querendo
ele mesmo ser o senhor do bem e do mal. Jesus, Senhor e Deus como o Pai, feito
homem pela nossa salvação, o novo Adão, veio nos ensinar a reconhecer a Deus
como Nosso Senhor. Por isso ele é o nosso Salvador.
O grande dogma do
“povo da primitiva aliança”, na introdução aos Mandamentos, começa com as
palavras: “Ouve, Israel! O SENHOR nosso Deus é o único SENHOR” (Dt 6,4).
Obedecemos a Deus porque o reconhecemos como o Senhor. Essa é a primeira oração
que uma criança judia aprende e é parte integral do culto de Israel. É uma
profissão de fé, expressão da convicção da soberania de Deus. Jesus, o
Salvador, que muitas vezes repetiu essa profissão de fé, veio ensinar esse
caminho da humildade, fazendo-se Ele mesmo obediente até à morte.
O Papa São João
Paulo II, na sua exortação apostólica “Ecclesia in Europa”, nos apontava Jesus
Cristo como fundamento único e indefectível da verdadeira esperança, num mundo
que, esquecido de sua herança cristã, mergulha no agnosticismo prático e no
indiferentismo religioso, no nihilismo filosófico, no relativismo gnoseológico,
moral e jurídico, no pragmatismo e hedonismo cínico na configuração da vida
quotidiana, que constituem a apostasia silenciosa do homem saciado que vive
como se Deus não existisse.
O mesmo nos ensinava
o Papa Bento XVI: “Não tenhais medo de Cristo! Ele não tira nada, ele dá tudo.
Quem se doa por Ele, recebe o cêntuplo. Sim, abri de par em par as portas a
Cristo e encontrareis a vida verdadeira. Quem faz entrar Cristo, nada perde,
nada absolutamente nada daquilo que torna a vida livre, bela e grande. Só nesta
amizade se abrem de par em par as portas da vida. Só nesta amizade se abrem
realmente as grandes potencialidades da condição humana. Só nesta amizade
experimentamos o que é belo e o que liberta” (24/4/2005).
Esse é o nosso
tesouro. “Não tenho ouro nem prata, mas trago o que de mais precioso me foi
dado: Jesus Cristo!” (Papa Francisco, na chegada ao Rio,JMJ).
No contexto do
relativismo atual, é preciso, portanto, confessar e repropor a verdade de
Cristo, como único Salvador, solução e esperança para o mundo. Quando nossos
concidadãos reconhecerem a Deus como seu Senhor, obedecendo aos seus
mandamentos, aí então seremos felizes e teremos uma cidade e uma nação felizes.
Que esta festa do Santíssimo Salvador sirva de reflexão de humildade e
reconhecimento da soberania de Deus em nossas vidas, nossas leis, nossas
instituições, na educação de nossos jovens e na convivência de nossas famílias.
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