Por Evelyn Mayer
No ano de 2011, pela quarta vez consecutiva, o colégio
fluminense São Bento conquistou o primeiro lugar no ENEM (Exame
Nacional do Ensino Médio). A prova é aplicada pelo Ministério da Educação com o
intuito de avaliar o desempenho de estudantes da rede pública e privada em todo
o país, bem como, por esta avaliação, ajudar os estudantes a ingressarem em
faculdades por meio de bolsas de estudos, também estas criadas pelo Governo
Federal.
Contudo, o colégio foi alvo de
críticas. A professora da Universidade de São Paulo (USP) Cláudia Vianna,
especialista em gênero e educação, afirmou que "não é possível desenvolver
a personalidade integral do aluno onde há segregação". Pensamento como
este também se aplica ao defender a não-aplicação do método “Homescholling”
(ensino doméstico) em que os pais dedicam-se em educar os filhos,
ensinando-lhes as disciplinas próprias em um ensino regular, só que em casa. Ou
seja: os pais passam a ser os professores e ensinam aos filhos conforme suas
próprias ideologias e concepções sobre as disciplinas.
Discordo em muito da afirmação da
professora Vianna por um motivo muito simples: sua afirmação é falaciosa!
Em entrevista à Revista Exame (veja
aqui: http://exame.abril.com.br/economia/brasil/noticias/primeiro-colocado-do-enem-remete-ao-seculo-19-diz-professora-da-usp), Vianna
alegou: “É muito complicado dizer que a segregação garante qualidade. Vivemos
num mundo misto que aliás, mostra que as meninas têm mais sucesso que os
meninos. Que desenvolvimento é esse que só dá certo quando eu separo? Qual a
mensagem que você passa? Como se propõe a prepará-los para o mundo que é misto?
Que principio é esse que não trabalha com o heterogêneo?", questionou.”
Avaliando estas afirmações, nota-se que a professora Vianna não é clara com o
que diz. Ou – pior! – não leu a própria entrevista que deu.
O Colégio São Bento está, pela quarta
vez consecutiva, em primeiro lugar no resultado do ENEM. A metodologia do
colégio não está embasada no Anarquismo, no Positivismo, nas ideologias
Freirianas ou Boffianas; ao contrário: o colégio baseia-se numa educação
católica, onde a qualidade não está na interação entre meninos e meninas, mas
sim, em que o menino seja formado em sua integralidade. É até injusto ver a
professora dizer que a metodologia é do século XIX, haja vista a educação em que meninos e meninas interagem é “recente”.
Se você questionar os seus pais – ou, talvez, os seus avós – se surpreenderão
ao ver que muitos deles estudaram em escolas cujas metodologias eram de alunos separados
conforme o gênero. A qualidade ou adequação ao mundo misto ficou prejudicada
por isso? Você, conhecendo seus pais e avós, comungaria da afirmação da
professora Vianna? Minha mãe estudou nesta metodologia e não teve nenhum
problema em socializar-se com meninos, muito menos ficou prejudicada em sua
feminilidade. Minha irmã estudou em um colégio de freiras no final do século XX
e também não obteve problema algum de interação ou formação integral.
Pensar que a segregação impede a
qualidade é o mesmo que dizer que meninos e meninas dependem um dos outros para
aprenderem. Ora, isso não é verdade, afinal, meninos e meninas criam seus
primeiros referenciais em casa: pai, mãe, avó, tio, irmãos... logo, ela não
precisa necessariamente da escola para socializar-se. Ao contrário: indo à
escola, a criança leva consigo sua noção de socialização, vivida primeiramente
em casa.
A professora cita que neste mundo
misto em que vivemos, as meninas têm mais sucesso que os meninos. Fica vaga
esta afirmação, já que a professora não mostra em qual contexto ela se aplica.
Quais são as pesquisas que afirmam ou teorizam esta ‘verdade’? Contrapondo o
argumento da professora da USP, a Universidade de Otago comparou
o desempenho escolar de mais de 900 meninos e meninas no ensino médio de
escolas mistas e separadas na Nova Zelândia (ver aqui: http://www.ogalileo.com.br/noticias/nacional/meninos-tem-nota-melhor-se-nao-estudam-com-meninas-mostra-pesquisa). Conforme a
pesquisa, quando os alunos estudam em uma escola em que todos os alunos possuem
o mesmo gênero, as chances de competirem justamente são maiores. E por quê?
Porque os meninos tendem, principalmente na adolescência – graças aos
hormônios! – a não se concentrarem nas aulas, perdendo o tempo ‘analisando’ as
colegas de classe. Quando estão em uma sala onde só há meninos, conseguem
concentrar-se melhor nos estudos.
Se levarmos em conta o que Vianna propõe, o sucesso das meninas de hoje
não está em sua capacidade intelectual, mas pela efervescência masculina. Seria
isso justo?
Observando o que propõe a pesquisa da Universidade de Otago, separando
dá-se aos alunos de ambos os sexos o privilégio e a oportunidade de um
aprendizado mais concentrado nas disciplinas, no conhecimento; a escola e os
professores conseguem preparar devidamente seus alunos, seja na formação humana
quanto na profissional e intelectual. A mensagem que se passa é a de que o
aluno entende que lá ele está para aprender e não para namorar, sabotar ou exibir-se.
Falaciosa também é a afirmação de
Vianna que o colégio São Bento prima tão somente pela heterogeneidade. Na
própria entrevista a coordenadora do mesmo (ou seja, uma mulher!) menciona
sobre os benefícios de uma educação segregada. O colégio também conta com
algumas professoras. Isso não é convívio com o universo feminino?
O que talvez falte à professora da
USP é compreender o que a Universidade de Otago já o fez: a segregação auxilia no
processo de ensino-aprendizagem. Ganham todos: meninos, meninas, professores
(as), sociedade. Ponto a mais para a Igreja Católica, que com tanta eloquência
vem há séculos lutando por uma educação de qualidade. Qualidade esta que não se
aplica em teorias modernas, mas sem consistência. Antes, sua metodologia é a
formação do ser humano em sua tridimensionalidade. Esta sim é uma metodologia
que ultrapassa qualquer teoria pautada em revolução.
Nenhum comentário:
Postar um comentário