Dom Fernando
Arêas Rifan
Bispo da
Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
A Páscoa, maior
festa religiosa do calendário cristão, é a celebração da gloriosa Ressurreição
de Jesus Cristo, a sua vitória sobre o pecado, sobre a morte e sobre a aparente
derrota da Cruz. Cristo ressuscitou glorioso e triunfante para nunca mais morrer,
dando-nos o penhor da nossa vitória e da nossa ressurreição. Choramos a sua
Paixão e nos alegramos com a vitória da sua Ressurreição. Para se chegar a ela,
para vencer com ele, aprendemos que é preciso sofrer com ele: “Quem quiser vir
após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Mt 16,24). “Que por
sua Paixão e Cruz cheguemos à glória da Ressurreição!”. A morte não é o fim. O
Calvário não foi o fim. Foi o começo de uma redenção, de uma nova vida. A
Páscoa é, portanto, a festa da alegria e a da esperança na vitória futura.
Como figura, esta
festa já existia no Antigo Testamento. Era a celebração da libertação da
escravidão do Egito, na qual sofreram os israelitas, povo de Deus, por muitas
gerações, sendo libertados por Moisés que, por ordem do Senhor, fulminou os
egípcios com as célebres dez pragas. Na última dessas pragas, na passagem do
anjo de Deus (Páscoa quer dizer passagem, em hebraico), os egípcios foram
castigados com a morte dos seus primogênitos, ao passo que os hebreus foram poupados
por causa do sangue do cordeiro que imolaram, conforme o Senhor havia
prescrito. Todos os anos, em ação de graças, eles repetiam, por ordem de Deus,
essa ceia de Páscoa: milhares de cordeiros eram imolados na sexta-feira antes
da Páscoa.
Assim o cordeiro
ficou sendo por excelência a vítima do sacrifício. São João Batista, ao
apresentar Jesus ao povo, disse: “Eis o Cordeiro de Deus, aquele que tira o
pecado do mundo!” Esse Cordeiro de Deus, numa sexta-feira antes da Páscoa foi
também imolado, realizando, com o seu sangue, a libertação do mundo do pecado,
ressuscitando no terceiro dia. Essa é a nossa festa da Páscoa, a festa da
Ressurreição de Cristo, o verdadeiro Cordeiro de Deus, o fim do Antigo
Testamento e o começo da nova Aliança entre Deus e os homens, o início da
Igreja.
“Se se considera a
importância que tem o sábado na tradição do Antigo Testamento, baseada no
relato da criação e no Decálogo, torna-se evidente que só um acontecimento com
uma força extraordinária poderia provocar a renúncia ao sábado e sua
substituição pelo primeiro dia da semana. Só um acontecimento que se tivesse
gravado nas almas com uma força fora do comum poderia haver suscitado uma
mudança tão crucial na cultura religiosa da semana. Para isso não teriam bastado
as meras especulações teológicas. Para mim, a celebração do Dia do Senhor,
que distingue a comunidade cristã desde o princípio, é uma das provas mais
fortes de que aconteceu uma coisa extraordinária nesse dia: o
descobrimento do sepulcro vazio e o encontro com o Senhor Ressuscitado” (Bento
XVI – Jesus de Nazaré II).
Feliz e Santa Páscoa
para todos: que todos fiquemos alegres com a esperança que Jesus Cristo nos dá
com o seu triunfo, penhor da nossa vitória um dia no Céu, onde todos esperamos
nos encontrar.
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