Por Lizandra Danielle.
Situação
histórica
O século XVI foi marcado pelo crescimento
do Protestantismo. Em 1517 na Alemanha o frade agostiniano Martinho Lutero
começou a sua revolta pregando uma lista com 95 teses contra a Igreja Católica
na porta da igreja do castelo de Wittenberg, na véspera do dia de Todos os
Santos. A partir daí começaram a aparecer vários movimentos reformadores, como
os de Huldreich Zwínglio (1484/1531) e João Calvino (1509/1564), ambos na
Suíça.
O início do século XVI também é marcado
pela invasão e conquista da civilização asteca pelos espanhóis.
Na época das aparições de Nossa Senhora de
Guadalupe a cultura pagã de índios era muito forte na região do México. Muitas
tribos costumavam oferecer sacrifícios humanos aos deuses.
O Império Asteca foi responsável pela morte
de milhares de homens, mulheres e crianças em rituais cruéis de sacrifícios
oferecidos aos deuses e até mesmo aos demônios cultuados, o principal deles
denominado Tlacaellel. Alguns rituais foram registrados, o pior deles foi em
1487, quando foram oferecidos 80.000 homens num período de 4 dias, em dedicação
do novo templo dedicado ao deus Huitzilopochtli.
*Aparições
Todas as aparições de Nossa Senhora de
Guadalupe que aconteceram no México foram escritas na língua Azteca (Nahuatl)
por Antônio Valeriano, de origem indígena. Ele relata que um índio da tribo
Quauhtlatoatzin, batizado posteriormente com nome de Juan Diego e nascido em
1474, teve a honra de receber a visão e as mensagens de paz da Maria
Santíssima.
Em uma bela manhã de sábado no dia 9 de
dezembro de 1531, o índio Juan Diego, foi até um morro chamado Tepeyac, quando,
de repente começou a escutar bonitos cantos de passarinho e decidiu ir até o
cume. Quando chegou lá avistou uma linda mulher toda revestida de luz cujos
raios refletiam em tudo que estava ao seu redor, as plantas pareciam feitas de
ouro e prata o lugar onde seus pés se apoiavam tinha a aparência de serem várias
pedras preciosas. Segundo Antonio Valeriano ao escrever a história da aparição
de Nossa Senhora em Guadalupe na língua da região -nahua-, a mulher se dirigiu á Juan dizendo
as seguintes palavras:
- ”Sabe e entende, tu é o mais
humilde dos meus filhos. Eu sou a Sempre Virgem Maria, Mãe do Deus Vivo por
quem nós vivemos, do Criador de todas as coisas, Senhor do céu e da terra. Eu
desejo que um templo seja construído aqui, rapidamente; então, Eu poderei
mostrar todo o meu amor, compaixão, socorro e proteção, porque Eu sou vossa
piedosa Mãe e de todos os habitantes desta terra e de todos os outros que me
amam, invocam e confiam em
mim. Ouço todos os vossos lamentos e remédio todas as vossas
misérias, aflições e dores. E para realizar o que a minha clemência pretende,
vá ao palácio do Bispo do México e lhe diga que Eu manifesto o meu grande
desejo, que aqui neste lugar seja construído um templo para mim. Tu dirás
exatamente tudo que viste, admiraste e ouviste. Tem a certeza que ficarei muito
agradecida e te recompensarei. Porque Eu te farei muito feliz e digno da minha
recompensa, por causa do esforço e fadiga que terás para cumprir o que Eu te
ordeno e confio. Observa, tu ouviste minha ordem, meu humilde filho, vai e
coloca todo teu esforço.“
Juan não teve medo e logo depois pós-se a
fazer o que lhe havia sido pedido pela Mãe Celeste. Caminhou rapidamente até a
Cidade do México a procura do Bispo Juan de Zumarraga, de ordem franciscana. Chegando
ao palácio do Bispo, pediu para ser anunciado e, momentos depois entrou, e logo
se ajoelhou e contou ao Bispo tudo o que vira e ouvira. Infelizmente, o Bispo
não lhe deu muito crédito e pediu-lhe para que voltasse outra hora. Muito
triste, Juan saiu do palácio e foi direto ao topo da montanha onde a Vigem se
encontrava. Numa segunda aparição no morro Tepeyac, o índio pediu à Senhora que
mandasse uma pessoa mais importante e bem conhecida em seu lugar para cumprir o
que queria, porém Nossa Senhora lhe respondeu:
- ”Escuta, meu filho caçula, deves
entender que eu tenho vários servos e mensageiros, aos quais Eu posso
encarregar de levar a mensagem e executarem o meu desejo, mas eu quero que tu
mesmo o faças. Eu fervorosamente imploro, meu caçula, e com severidade Eu
ordeno que voltes novamente amanhã ao Bispo. Tu vais em meu Nome e faze saber meu
desejo: que ele inicie a construção do templo como Eu pedi. E novamente dize
que Eu, pessoalmente, a Sempre Virgem Maria, Mãe de Deus Vivo, te ordenei.“
Juan ficou muito
temeroso em cumprir o que a Virgem lhe havia pedido por se considerar indigno
de tamanha confiança, mas, como um bom servo inclinou-se diante Dela e obedeceu-a.
No dia seguinte,
dia 10 de dezembro (domingo), o índio foi à missa por volta das 10 da manhã, em
seguida foi ao encontro do Bispo que com muita dificuldade o atendeu novamente.
Juan ajoelhou-se e implorou para que o Bispo acreditasse nele, pois era uma
ordem da Maria Santíssima. Chorando aos pés do Bispo pediu-lhe que construísse
um templo onde Ela lhe havia aparecido. O Bispo, porém, fez várias perguntas e
concluiu que ele estava muito firme em suas colocações, mas que isso ainda não
provava nada. Pediu então que lhe desse um sinal qualquer, só então acreditaria
ser ele o enviado da Senhora do Céu.
Quando Juan saiu
do palácio o Bispo ordenou a algumas pessoas de sua casa que o acompanhassem até
o local onde supostamente teria acontecido a aparição e que o observassem em
todo momento. No meio do caminho eles perderam Juan de vista e tiveram que
voltar para o palácio onde deram a desculpa que tinham sido enganados pelo
índio. Furiosos, o Bispo e seus acompanhantes planejaram castigá-lo, caso ele
voltasse contando as mesmas mentiras.
No mesmo dia Juan
foi se encontrar com a Senhora para contar que o Bispo estava ordenando um
sinal para que sua mensagem fosse provada. Maria então lhe disse:
- ”Muito bem, meu querido filhinho, retornarás aqui amanhã, então
levarás ao Bispo o sinal por ele pedido. Com isso ele irá acreditar em ti, e a
este respeito, ele não mais duvidará nem desconfiará de ti, e sabe, meu querido
filhinho, Eu te recompensarei pelo teu cuidado, esforço e fadiga gastos em Meu
favor. Vai agora. Espero por ti aqui amanhã.”
Infelizmente quando Juan chegou em casa, encontrou seu tio à beira
da morte, pois tinha contraído uma peste. No outro dia não pode ir ao encontro
de Maria para levar o sinal para o Bispo, como tinha prometido. No dia 12 de
dezembro, foi à procura de um sacerdote para que seu tio pudesse confessar
antes da morte e receber a unção dos enfermos. No caminho para a cidade a
Senhora lhe apareceu de repente, perguntando o que iria fazer, muito
envergonhado de não ter cumprido o prometido Juan explicou toda a situação.
Maria, com suas meigas palavras lhe prometeu a cura de seu tio: não era mais
necessário procurar um sacerdote.
Muito feliz com a notícia, Juan Diego pediu
a Senhora que lhe desse o sinal:
- “Sobe, meu caçula, ao topo da
montanha; lá onde Me viste e te dei a ordem, encontrarás diferentes flores.
Corta-as, junta-as, então volta aqui e traze-as em minha presença”. »
Quando Juan chegou ao topo da montanha
ficou muito espantado com tantas variedades de flores, algumas que nunca nem
tinha visto, uma mais bonita que a outra. O mais espantoso foi ver aquelas
lindas flores brotarem do chão em pleno inverno e em um solo nem um pouco
favorável. Cortou todas que foi possível e colocou em seu tilma (um manto de
material frágil que era comumente usado pelos índios da região).
Voltou ao lugar onde estava Nossa Senhora e
mostrou a Ela as flores, Ela as tocou e ordenou que as levasse ao Bispo.
Quando chegou ao
Bispo mostrou todas aquelas flores; todos que estavam na sala ficaram todos
impressionados por estarem vendo flores frescas fora de época. Juan pediu que
fosse construído um templo no lugar onde as flores tinham sido colhidas. Quando
ele abriu totalmente o tilma apareceu subitamente à imagem de Maria Santíssima
exatamente como ele a via. Todos os presentes ficaram espantados com tamanho
milagre.
*Os significados da imagem
·
A imagem mostra Nossa Senhora iluminada por uma luz
que vem por trás Dela, dando a impressão que seja o sol, lembrando a passagem
da Bíblia onde diz que existe uma mulher revestida de sol. Também simboliza a
grandeza e a vitória do Deus verdadeiro em comparação com o deus sol adorado
pelos índios.
· Também pode ser observada a lua nos pés de Maria. Na
cultura dos índios existia a adoração a um deus que era figurado pela lua
encrespada. A Senhora sobre a lua significa a vitória sobre o falso deus.
· O manto azul naquela época era sinal de virgindade,
realeza e usado pelas deusas adoradas pelos índios. As estrelas encontradas no
manto representam exatamente o modo em que o céu estava no dia 12 de dezembro
em 1531.
· A cabeça inclinada de Maria simboliza o poder que
está por trás dela (Deus verdadeiro), porque os deuses e deusas que os índios
adoravam sempre eram representados com a cabeça inclinada olhando seus
adoradores nos olhos para mostrar a eles seus poderes. Não podemos nos enganar
com a ideia de que Maria queria passar-se por uma deusa, mas sim que todo o
poder encontrado, provém do Deus Salvador.
· O
Coração nas costas da mão representa o Coração Imaculado de Maria. Nas
aparições em Fátima também aparece o mesmo sinal, o que mostra que são eventos
relacionados. E como sempre as mãos de Maria estão postas, pedindo penitências
e muita oração. Entre as mãos se encontra uma chave, que simboliza a grande
força encontrada em uma oração, ligando então os pecadores à porta do Reino dos
Céus.
Além de todas essas simbologias
apresentadas aqui, existem muitos outros sinais mais complexos que representam:
o Espírito Santo; Abraão; os Reis Davi e Salomão; o profeta Daniel; a
maternidade de Maria; Maria, Mãe de Deus; Natividade de Jesus; apresentação do
Menino Jesus no Templo; a Última Ceia; um rosto de duas caras representando
Judas e o demônio; agonia de Jesus no Horto; flagelação de Jesus; a Cruz; a
Sagrada Face.
*Desafiando
a Ciência
Imagem se encontra na Basílica de N. Sra. de Guadalupe no México |
A tilma usada por Juan onde se encontra a
imagem de Nossa Senhora de Guadalupe foi confeccionado com uma fibra vegetal de
ayate, — tela rala de fio de magüey, uma espécie de agave potule zacc mexicana.
Trata-se de um material muito frágil que, geralmente se decompõe com 20 anos,
mas essa é extremamente especial, mesmo exposta a todos os componentes e
agentes naturais do ar (umidade, calor, microorganismos, poeira, etc.) já se
passaram séculos e ela continua intacta por algum motivo inexplicável.
Alguns cientistas sugeriram que a tinta
encontrada na imagem poderia ser uma proteção contra os agentes naturais. Então
foi enviada uma amostra da imagem para ser analisada pelo cientista alemão que
já havia ganhado o prêmio Nobel de Química, Richard Kuhn. E mais uma descoberta
fantástica! A “tinta” do manto não tem origem nem ao reino vegetal, animal ou
mineral, como isso é possível?
A imagem foi
submetida a mais análises por 2 estudiosos, doutor Calagan, da NASA, e o
professor Jody B. Smith, catedrático de Filosofia da Ciência no Pensacolla
College. Fizeram análises fotográficas com raios infravermelhos e chegaram a
várias conclusões impressionantes.
· O
ayate não possui preparação alguma, o que torna inexplicável, à luz dos
conhecimentos humanos e que qualquer tipo de corante ou tinta impregne e se
conserve em fibra tão inadequada.
· Não
foi encontrado nenhum tipo de esboços prévios, como os descobertos pelo mesmo
processo nos quadros de Velázquez, Rubens, El Greco e Ticiano. A imagem foi
pintada diretamente, tal qual a vemos, sem esboços nem retificações.
· Não
há nenhum traço de pincel, uma técnica empregada que é desconhecida pelo homem.
É inusitada, incompreensível e irrepetível.
* Os olhos
da imagem
Depois de anos de pesquisas, foi detectado
que os olhos da imagem refletem imagens como se estivessem vivos no momento em
que apareceu subitamente na tilma, imitando o olho de uma pessoa. È refletido
exatamente a cena que é narrada do momento exato em que o índio Juan Diego
abriu manto onde se encontrava as flores.
Vários oftalmologistas examinaram a figura
e relataram que os olhos da imagem possuem todas as características do olho de
um humano vivo e quando examinados são extremamente vivos e reais.
A cena encontrada nos olhos da imagem é, um
índio no ato de desdobrar o manto, um homem com a mão na barba branca olhando
diretamente para o manto com o rosto de surpresa (com as características do
bispo da época comparado com os retratos existentes dele), uma família com seis
pessoas contendo crianças, alguns religiosos usando o hábito franciscano, uma
mulher negra no canto (provavelmente alguma serviçal do bispo) e outro índio se
posicionando para oração.
Para que essa cena fosse percebida foi
necessária a ampliação de mais de 2000 vezes, ou seja, seria impossível alguém
pintar algo desse tamanho.
*As
lágrimas de Nossa Senhora
No ano de 1994, a imagem de Nossa
Senhora de Guadalupe misteriosamente derramou lágrimas de óleo.
Maria nos ensina que não é mãe apenas de
quem é católico, mas de todas as pessoas. Não importa a religião, tribo, raça
ou se acreditam ou não nela. Ela se manifesta para que todo tipo de ofensa ao
teu Filho seja destruída, informando o que é desagradável a Deus e também para
a proteção de seus filhos aqui na terra, condenando os sacrifícios que eram
oferecidos a deuses indígenas na região do México.
Nenhum católico é obrigado a acreditar na
história contada. A Igreja nos dá a liberdade para crer ou não crer, por se
tratar de uma revelação particular.
Mesmo com todas as mensagens de Nossa
Senhora no México, a situação dos cristãos e, principalmente, católicos, foi
ficando cada vez mais precária. No século XX as perseguições contra os
católicos só aumentaram. Entre 1922 e 1930 todas as propriedades da Igreja
foram confiscadas. O uso da batina (mortuária) pelos padres na rua era
proibida, nenhuma religião cristã pode possuir algum tipo de emissora de rádio
ou TV, a pouco tempo a Igreja conseguiu com muita dificuldade uma emissora de
TV via cabo.
Por mais que a Nossa
Mãe Celeste se esforce para nos avisar e proteger, as ações do maligno
continuam dando frutos na sociedade em que vivemos e aumentará cada vez mais se
continuarmos com os braços cruzados.
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