domingo, 27 de abril de 2014

A Virgem de Guadalupe.


Por Lizandra Danielle.
                                       
Situação histórica

O século XVI foi marcado pelo crescimento do Protestantismo. Em 1517 na Alemanha o frade agostiniano Martinho Lutero começou a sua revolta pregando uma lista com 95 teses contra a Igreja Católica na porta da igreja do castelo de Wittenberg, na véspera do dia de Todos os Santos. A partir daí começaram a aparecer vários movimentos reformadores, como os de Huldreich Zwínglio (1484/1531) e João Calvino (1509/1564), ambos na Suíça.

O início do século XVI também é marcado pela invasão e conquista da civilização asteca pelos espanhóis.

Na época das aparições de Nossa Senhora de Guadalupe a cultura pagã de índios era muito forte na região do México. Muitas tribos costumavam oferecer sacrifícios humanos aos deuses.


O Império Asteca foi responsável pela morte de milhares de homens, mulheres e crianças em rituais cruéis de sacrifícios oferecidos aos deuses e até mesmo aos demônios cultuados, o principal deles denominado Tlacaellel. Alguns rituais foram registrados, o pior deles foi em 1487, quando foram oferecidos 80.000 homens num período de 4 dias, em dedicação do novo templo dedicado ao deus Huitzilopochtli.

*Aparições

Todas as aparições de Nossa Senhora de Guadalupe que aconteceram no México foram escritas na língua Azteca (Nahuatl) por Antônio Valeriano, de origem indígena. Ele relata que um índio da tribo Quauhtlatoatzin, batizado posteriormente com nome de Juan Diego e nascido em 1474, teve a honra de receber a visão e as mensagens de paz da Maria Santíssima. 

Em uma bela manhã de sábado no dia 9 de dezembro de 1531, o índio Juan Diego, foi até um morro chamado Tepeyac, quando, de repente começou a escutar bonitos cantos de passarinho e decidiu ir até o cume. Quando chegou lá avistou uma linda mulher toda revestida de luz cujos raios refletiam em tudo que estava ao seu redor, as plantas pareciam feitas de ouro e prata o lugar onde seus pés se apoiavam tinha a aparência de serem várias pedras preciosas. Segundo Antonio Valeriano ao escrever a história da aparição de Nossa Senhora em Guadalupe na língua da região  -nahua-, a mulher se dirigiu á Juan dizendo as seguintes palavras:

- ”Sabe e entende, tu é o mais humilde dos meus filhos. Eu sou a Sempre Virgem Maria, Mãe do Deus Vivo por quem nós vivemos, do Criador de todas as coisas, Senhor do céu e da terra. Eu desejo que um templo seja construído aqui, rapidamente; então, Eu poderei mostrar todo o meu amor, compaixão, socorro e proteção, porque Eu sou vossa piedosa Mãe e de todos os habitantes desta terra e de todos os outros que me amam, invocam e confiam em mim. Ouço todos os vossos lamentos e remédio todas as vossas misérias, aflições e dores. E para realizar o que a minha clemência pretende, vá ao palácio do Bispo do México e lhe diga que Eu manifesto o meu grande desejo, que aqui neste lugar seja construído um templo para mim. Tu dirás exatamente tudo que viste, admiraste e ouviste. Tem a certeza que ficarei muito agradecida e te recompensarei. Porque Eu te farei muito feliz e digno da minha recompensa, por causa do esforço e fadiga que terás para cumprir o que Eu te ordeno e confio. Observa, tu ouviste minha ordem, meu humilde filho, vai e coloca todo teu esforço.“

Juan não teve medo e logo depois pós-se a fazer o que lhe havia sido pedido pela Mãe Celeste. Caminhou rapidamente até a Cidade do México a procura do Bispo Juan de Zumarraga, de ordem franciscana. Chegando ao palácio do Bispo, pediu para ser anunciado e, momentos depois entrou, e logo se ajoelhou e contou ao Bispo tudo o que vira e ouvira. Infelizmente, o Bispo não lhe deu muito crédito e pediu-lhe para que voltasse outra hora. Muito triste, Juan saiu do palácio e foi direto ao topo da montanha onde a Vigem se encontrava. Numa segunda aparição no morro Tepeyac, o índio pediu à Senhora que mandasse uma pessoa mais importante e bem conhecida em seu lugar para cumprir o que queria, porém Nossa Senhora lhe respondeu:

- ”Escuta, meu filho caçula, deves entender que eu tenho vários servos e mensageiros, aos quais Eu posso encarregar de levar a mensagem e executarem o meu desejo, mas eu quero que tu mesmo o faças. Eu fervorosamente imploro, meu caçula, e com severidade Eu ordeno que voltes novamente amanhã ao Bispo. Tu vais em meu Nome e faze saber meu desejo: que ele inicie a construção do templo como Eu pedi. E novamente dize que Eu, pessoalmente, a Sempre Virgem Maria, Mãe de Deus Vivo, te ordenei.“

Juan ficou muito temeroso em cumprir o que a Virgem lhe havia pedido por se considerar indigno de tamanha confiança, mas, como um bom servo inclinou-se diante Dela e obedeceu-a.

No dia seguinte, dia 10 de dezembro (domingo), o índio foi à missa por volta das 10 da manhã, em seguida foi ao encontro do Bispo que com muita dificuldade o atendeu novamente. Juan ajoelhou-se e implorou para que o Bispo acreditasse nele, pois era uma ordem da Maria Santíssima. Chorando aos pés do Bispo pediu-lhe que construísse um templo onde Ela lhe havia aparecido. O Bispo, porém, fez várias perguntas e concluiu que ele estava muito firme em suas colocações, mas que isso ainda não provava nada. Pediu então que lhe desse um sinal qualquer, só então acreditaria ser ele o enviado da Senhora do Céu.

Quando Juan saiu do palácio o Bispo ordenou a algumas pessoas de sua casa que o acompanhassem até o local onde supostamente teria acontecido a aparição e que o observassem em todo momento. No meio do caminho eles perderam Juan de vista e tiveram que voltar para o palácio onde deram a desculpa que tinham sido enganados pelo índio. Furiosos, o Bispo e seus acompanhantes planejaram castigá-lo, caso ele voltasse contando as mesmas mentiras.

No mesmo dia Juan foi se encontrar com a Senhora para contar que o Bispo estava ordenando um sinal para que sua mensagem fosse provada. Maria então lhe disse:

- ”Muito bem, meu querido filhinho, retornarás aqui amanhã, então levarás ao Bispo o sinal por ele pedido. Com isso ele irá acreditar em ti, e a este respeito, ele não mais duvidará nem desconfiará de ti, e sabe, meu querido filhinho, Eu te recompensarei pelo teu cuidado, esforço e fadiga gastos em Meu favor. Vai agora. Espero por ti aqui amanhã.”

Infelizmente quando Juan chegou em casa, encontrou seu tio à beira da morte, pois tinha contraído uma peste. No outro dia não pode ir ao encontro de Maria para levar o sinal para o Bispo, como tinha prometido. No dia 12 de dezembro, foi à procura de um sacerdote para que seu tio pudesse confessar antes da morte e receber a unção dos enfermos. No caminho para a cidade a Senhora lhe apareceu de repente, perguntando o que iria fazer, muito envergonhado de não ter cumprido o prometido Juan explicou toda a situação. Maria, com suas meigas palavras lhe prometeu a cura de seu tio: não era mais necessário procurar um sacerdote.

Muito feliz com a notícia, Juan Diego pediu a Senhora que lhe desse o sinal:

- “Sobe, meu caçula, ao topo da montanha; lá onde Me viste e te dei a ordem, encontrarás diferentes flores. Corta-as, junta-as, então volta aqui e traze-as em minha presença”. »

Quando Juan chegou ao topo da montanha ficou muito espantado com tantas variedades de flores, algumas que nunca nem tinha visto, uma mais bonita que a outra. O mais espantoso foi ver aquelas lindas flores brotarem do chão em pleno inverno e em um solo nem um pouco favorável. Cortou todas que foi possível e colocou em seu tilma (um manto de material frágil que era comumente usado pelos índios da região).

Voltou ao lugar onde estava Nossa Senhora e mostrou a Ela as flores, Ela as tocou e ordenou que as levasse ao Bispo.

Quando chegou ao Bispo mostrou todas aquelas flores; todos que estavam na sala ficaram todos impressionados por estarem vendo flores frescas fora de época. Juan pediu que fosse construído um templo no lugar onde as flores tinham sido colhidas. Quando ele abriu totalmente o tilma apareceu subitamente à imagem de Maria Santíssima exatamente como ele a via. Todos os presentes ficaram espantados com tamanho milagre.

*Os significados da imagem

·        A imagem mostra Nossa Senhora iluminada por uma luz que vem por trás Dela, dando a impressão que seja o sol, lembrando a passagem da Bíblia onde diz que existe uma mulher revestida de sol. Também simboliza a grandeza e a vitória do Deus verdadeiro em comparação com o deus sol adorado pelos índios.

·    Também pode ser observada a lua nos pés de Maria. Na cultura dos índios existia a adoração a um deus que era figurado pela lua encrespada. A Senhora sobre a lua significa a vitória sobre o falso deus.
·   O manto azul naquela época era sinal de virgindade, realeza e usado pelas deusas adoradas pelos índios. As estrelas encontradas no manto representam exatamente o modo em que o céu estava no dia 12 de dezembro em 1531.
·    A cabeça inclinada de Maria simboliza o poder que está por trás dela (Deus verdadeiro), porque os deuses e deusas que os índios adoravam sempre eram representados com a cabeça inclinada olhando seus adoradores nos olhos para mostrar a eles seus poderes. Não podemos nos enganar com a ideia de que Maria queria passar-se por uma deusa, mas sim que todo o poder encontrado, provém do Deus Salvador.
·     O Coração nas costas da mão representa o Coração Imaculado de Maria. Nas aparições em Fátima também aparece o mesmo sinal, o que mostra que são eventos relacionados. E como sempre as mãos de Maria estão postas, pedindo penitências e muita oração. Entre as mãos se encontra uma chave, que simboliza a grande força encontrada em uma oração, ligando então os pecadores à porta do Reino dos Céus.

Além de todas essas simbologias apresentadas aqui, existem muitos outros sinais mais complexos que representam: o Espírito Santo; Abraão; os Reis Davi e Salomão; o profeta Daniel; a maternidade de Maria; Maria, Mãe de Deus; Natividade de Jesus; apresentação do Menino Jesus no Templo; a Última Ceia; um rosto de duas caras representando Judas e o demônio; agonia de Jesus no Horto; flagelação de Jesus; a Cruz; a Sagrada Face.

*Desafiando a Ciência

Imagem se encontra na Basílica de
N. Sra. de Guadalupe no México
A tilma usada por Juan onde se encontra a imagem de Nossa Senhora de Guadalupe foi confeccionado com uma fibra vegetal de ayate, — tela rala de fio de magüey, uma espécie de agave potule zacc mexicana. Trata-se de um material muito frágil que, geralmente se decompõe com 20 anos, mas essa é extremamente especial, mesmo exposta a todos os componentes e agentes naturais do ar (umidade, calor, microorganismos, poeira, etc.) já se passaram séculos e ela continua intacta por algum motivo inexplicável.

Alguns cientistas sugeriram que a tinta encontrada na imagem poderia ser uma proteção contra os agentes naturais. Então foi enviada uma amostra da imagem para ser analisada pelo cientista alemão que já havia ganhado o prêmio Nobel de Química, Richard Kuhn. E mais uma descoberta fantástica! A “tinta” do manto não tem origem nem ao reino vegetal, animal ou mineral, como isso é possível?

A imagem foi submetida a mais análises por 2 estudiosos, doutor Calagan, da NASA, e o professor Jody B. Smith, catedrático de Filosofia da Ciência no Pensacolla College. Fizeram análises fotográficas com raios infravermelhos e chegaram a várias conclusões impressionantes.

·  O ayate não possui preparação alguma, o que torna inexplicável, à luz dos conhecimentos humanos e que qualquer tipo de corante ou tinta impregne e se conserve em fibra tão inadequada.
·   Não foi encontrado nenhum tipo de esboços prévios, como os descobertos pelo mesmo processo nos quadros de Velázquez, Rubens, El Greco e Ticiano. A imagem foi pintada diretamente, tal qual a vemos, sem esboços nem retificações.  
·   Não há nenhum traço de pincel, uma técnica empregada que é desconhecida pelo homem. É inusitada, incompreensível e irrepetível.

* Os olhos da imagem

Depois de anos de pesquisas, foi detectado que os olhos da imagem refletem imagens como se estivessem vivos no momento em que apareceu subitamente na tilma, imitando o olho de uma pessoa. È refletido exatamente a cena que é narrada do momento exato em que o índio Juan Diego abriu manto onde se encontrava as flores.

Vários oftalmologistas examinaram a figura e relataram que os olhos da imagem possuem todas as características do olho de um humano vivo e quando examinados são extremamente vivos e reais.

A cena encontrada nos olhos da imagem é, um índio no ato de desdobrar o manto, um homem com a mão na barba branca olhando diretamente para o manto com o rosto de surpresa (com as características do bispo da época comparado com os retratos existentes dele), uma família com seis pessoas contendo crianças, alguns religiosos usando o hábito franciscano, uma mulher negra no canto (provavelmente alguma serviçal do bispo) e outro índio se posicionando para oração.

Para que essa cena fosse percebida foi necessária a ampliação de mais de 2000 vezes, ou seja, seria impossível alguém pintar algo desse tamanho.

*As lágrimas de Nossa Senhora

No ano de 1994, a imagem de Nossa Senhora de Guadalupe misteriosamente derramou lágrimas de óleo.

Maria nos ensina que não é mãe apenas de quem é católico, mas de todas as pessoas. Não importa a religião, tribo, raça ou se acreditam ou não nela. Ela se manifesta para que todo tipo de ofensa ao teu Filho seja destruída, informando o que é desagradável a Deus e também para a proteção de seus filhos aqui na terra, condenando os sacrifícios que eram oferecidos a deuses indígenas na região do México.

Nenhum católico é obrigado a acreditar na história contada. A Igreja nos dá a liberdade para crer ou não crer, por se tratar de uma revelação particular.

Mesmo com todas as mensagens de Nossa Senhora no México, a situação dos cristãos e, principalmente, católicos, foi ficando cada vez mais precária. No século XX as perseguições contra os católicos só aumentaram. Entre 1922 e 1930 todas as propriedades da Igreja foram confiscadas. O uso da batina (mortuária) pelos padres na rua era proibida, nenhuma religião cristã pode possuir algum tipo de emissora de rádio ou TV, a pouco tempo a Igreja conseguiu com muita dificuldade uma emissora de TV via cabo.

Por mais que a Nossa Mãe Celeste se esforce para nos avisar e proteger, as ações do maligno continuam dando frutos na sociedade em que vivemos e aumentará cada vez mais se continuarmos com os braços cruzados. 

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