Por Evelyn
Mayer
A
foto ao lado gerou a maior polêmica no FaceBook de uma amiga. Ela quis
comprá-lo para a sua filhinha de um ano e pouquinho. Houve pessoas que acharam
o fim da picada. Teve, também, os que defenderam arduamente. Achei tão
interessante o debate que resolvi transformá-lo em artigo, que agora faço.
As
feministas, que tanto acreditam terem feito um bem às mulheres, dando-lhes a
oportunidade de trabalhar fora, mal sabem quanto mais ocupações colocaram nas
costas das mesmas. Se elas vissem este brinquedo certamente quereriam queimá-lo
em praça pública, de preferência se a mesma fosse em frente a uma Igreja
Católica. Aproveitariam até para levarem cartazes apoiando aborto (porque vc
sabe, feminista, quando vai a manifestação, mesmo que seja para reclamar do
preço da carne, luta pelo aborto. Impressionante!).Costumo dizer que o dia que
eu encontrar a feminista que teve a 'brilhante' ideia de queimar sutiã em praça
pública vou encher a cara dela de sopapo. Por causa dela, eu, Evelyn, tenho que
ter dezenas de turnos: em casa, no serviço fora de casa, com filhos... E quem é
mãe sabe como isso é corrido.
Particularmente,
eu a-do-ra-ria ficar em casa mais tempo, sabiam? Nossa, como eu queria ter um
serviço meio período pra poder cuidar da casa, do marido, do filho... Mas nos
dias de hoje o mercado de trabalho não ajuda nossos maridos. Cada dia mais
exigem experiência disso, curso daquilo, e vai afunilando, e o salário é
baixo... Infelizmente a gente acaba tendo que sair de casa mesmo. Por isso eu
acho interessante a ideia de o marido ajudar a esposa em casa quando a mesma
trabalha fora para ajudá-lo financeiramente. Se o casal não agir como uma
equipe, em que um ajuda o outro, e por amor, fica difícil ser feliz... Agora,
como um marido vai ajudar a mulher se nunca brincou com algo 'próprio' de
menina, como 'fazer comidinha'?
A
grande questão que me fica é: por que não brincar de casinha (a menina E o
menino)? Em miúdos: Será que dar aos filhos um brinquedinho que remeta ao
serviço doméstico é formar a criança para um destino "amélico"?
Cruel?
Eu
não tenho filha ainda. Só tenho um menino. E ele adora me ajudar. Quando me vê
com uma vassoura em mãos, corre e diz: "Dá, mãe! Minha vez!". Ele
ainda não fez três anos, mas está perto. Muitas mulheres poderiam achar isso um
absurdo. Os machistas, então.. me crucificariam. Mas qual o problema? Nesta
brincadeira o meu filho está aprendendo que cuidar da casa é algo bom. Se não o
fosse, eu, sua mãe, não estaria fazendo. Da mesma forma, quando meu marido vai
lavar o carro ou limpar suas ferramentas, ele corre ajudar. Acha um barato. E
nessa brincadeira ele vê que é bom o que o pai faz.
A
questão é que além de ser uma brincadeira em que as crianças imitam seus pais,
referenciais por excelência - ou que deveriam ser - é próprio da mulher os
afazeres domésticos, bem como o do homem os outros afazeres. Instigar a criança
a 'brincar' com coisas que fará na vida adulta não é, nem nunca será, uma forma
de 'atrasá-la' intelectualmente, e sim, prepará-la, formá-la para os outros
desempenhos que deverá tomar.
Sendo
assim, não vejo problema algum em pais que dão às suas filhas brinquedos que
arremetam aos afazeres domésticos, nem aos filhos com serviços próprios dos
homens (como oficina, jardinagem...). Aliás, eu, como mãe e professora, sou
super a favor que os pais, além de darem brinquedos próprios dos sexos, troquem
os brinquedos também. Exemplificando: o filho também precisa saber brincar de
boneca. Não vai virar um afeminado por isso. A filha também pode ganhar um
carrinho sem com isso crescer masculinizada. Vejo isso como uma preparação para
o futuro. Quando adulto, seu filho será pai. E se for menina? Como saberá
brincar de boneca com ela se nunca teve a experiência? E a menina? Como vai
saber lidar com o carro se na infância o pai nunca lhe deu um?
Eu
pretendo ensinar o meu filho não só a brincar com brinquedos 'próprios' de
meninas, como também os afazeres domésticos, bem como exigirei que meu esposo o
ensine tudo que um homem tem que saber (desde trocar uma lâmpada a fazer uma
gambiarra no motor do carro até chegar à oficina). Contudo, vou me esforçar em
colocar no coração dele que não seja como muitos casais que ficam disputando
quem trabalha mais fora e/ou dentro de casa sob pretexto de não se ajudarem.
Quero que ele aprenda tudo para fazer por AMOR, além de ser livre, pois quanto
mais aprendemos, mais livres somos.
Penso
que as brincadeiras - e os brinquedos - ajudam a quebrar paradigmas e tabus que
muitas vezes colocamos. Dar aos meninos brinquedos 'típicos' de meninas, e às
meninas, 'típicos' de meninos, é fazer com que ambos aprendam como lidar com o
mundo do outro. Dar às crianças brinquedos domésticos e/ou que façam menção a
profissões é dar-lhes na infância gosto para possíveis profissões e ações inatas que exercerão no futuro.
Por
fim, eu sou gêmea com um menino. Nós brincávamos de carrinho e de boneca
juntos. Não desvirtuamos nossa sexualidade por isso, nem somos retrógrados
intelectuais por este motivo. Certamente, quando ele tiver um filha, lembrará
quando brincava de bonecas, pois brincar de carrinho na infância foi muito útil
para mim quando o meu menininho chegou.
Agora,
por favor, com licença. Meu neném tá querendo brincando de trator comigo. Fui!
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