Por Dom
Fernando Arêas Rifan
Bispo da
Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
Nem todo dia é
santo, nem toda semana. Mas essa é. E única. A Semana Santa. Nela comemoramos
os fatos que abalaram e salvaram o mundo: a Paixão, Morte, sepultura e
Ressurreição de Jesus Cristo, o seu mistério pascal, esclarecedor dos nossos
dramas e enigmas.
Nesta semana,
“manteremos o olhar fixo sobre Jesus Cristo: nele encontra plena realização
toda a ânsia e anelo do coração humano. A alegria do amor, a resposta ao drama
da tribulação e do sofrimento, a força do perdão diante da ofensa recebida e a
vitória da vida sobre o vazio da morte... Nele, morto e ressuscitado para a
nossa salvação, encontram plena luz os exemplos de fé que marcaram esses dois
mil anos da nossa história da salvação” (Bento XVI - Porta Fidei). “Na sua
morte de cruz, cumpre-se aquele virar-se de Deus contra Si próprio, com o qual
Ele Se entrega para levantar o homem e salvá-lo — o amor na sua forma mais
radical. No mistério pascal, realizou-se verdadeiramente a nossa libertação do
mal e da morte” (Bento XVI, Sacramentum Charitatis).
“Do paradoxo da Cruz
surge a resposta às nossas interrogações mais inquietantes. Cristo sofre por
nós: Ele assume sobre si os sofrimentos de todos e redime-os. Cristo sofre
conosco, dando-nos a possibilidade de partilhar com Ele os nossos sofrimentos.
Juntamente com o de Cristo, o sofrimento humano torna-se meio de salvação. Eis
por que o crente pode dizer com São Paulo: ‘Agora alegro-me nos sofrimentos que
suporto por vós e completo na minha carne o que falta às tribulações de Cristo,
pelo seu Corpo, que é a Igreja’ (Cl 1, 24). O sofrimento, aceite com fé,
torna-se a porta para entrar no mistério do sofrimento redentor do Senhor. Um
sofrimento que já não priva da paz e da felicidade, porque é iluminado pelo
esplendor da ressurreição” (Mensagem Dia mundial do doente 11-2-2004 B. João
Paulo II).
“Ouvimos a Paixão do
Senhor. Será bom nos por apenas uma pergunta: Quem sou eu? Quem sou eu, face ao
meu Senhor? Sou como Judas, que finge de amar e beija o Mestre para entrega-lo,
para traí-lo? Sou eu um traidor? Sou eu como Pilatos? Quando vejo que a
situação é difícil, lavo as mãos e não assumo a minha responsabilidade,
condenando ou deixando condenar as pessoas? Sou eu como aquela multidão que não
sabia bem se estava numa reunião religiosa, num julgamento ou num circo, e
escolhe Barrabás? Para ela tanto valia: era mais divertido, para humilhar
Jesus. Sou eu como os soldados, que batem no Senhor, cospem-lhe em cima,
insultam-no, divertem-se com a humilhação do Senhor? Sou eu como Simão de
Cirene que voltava do trabalho, cansado, mas teve a boa vontade de ajudar o
Senhor a levar a cruz? Sou eu como aqueles que passavam diante da Cruz e
escarneciam de Jesus: ‘Era tão corajoso! Desça da cruz e nós acreditaremos
nele!’. Sou eu como aquelas mulheres corajosas e como a Mãe de Jesus, que
estavam lá e sofriam em silêncio? Onde está o meu coração? Com qual destas
pessoas me pareço? Que esta pergunta nos acompanhe durante toda a semana” (Papa
Francisco, Domingo de Homilia do Domingo de Ramos).
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