sábado, 7 de fevereiro de 2015

Onde está Deus? ou As dores do mundo.

Por D. Henrique Soares.

Recorda, Amigo, daquele comovente texto do Segundo Livro de Samuel (1,1-27)? Davi chorando com sinceridade piedosa pela morte de Saul, Rei de Israel, Ungido do Senhor, e de seu amigo Jônatas, a quem tanto amava...

Davi: um rei ungido por Deus.
Como pode o rei ungido de Deus perecer nas mãos dos inimigos pagãos?

Como pode Jônatas, de coração tão nobre, morrer de modo tão infame?

Perguntas sem resposta...

Deus Se nos revela no turbilhão da vida, e nos acontecimentos imprevisíveis e até dolorosos da existência Ele vai tecendo a história de cada um de nós e a história humana.

Jamais compreenderemos a ação e a permissão de Deus!

Aliás, o grande escândalo do homem moderno e contemporâneo é, precisamente, este:

Como Deus é justo permitindo a injustiça?

Como é amor permitindo a dor?

Como Deus onipotente e bom pode realmente existir se o mal existe: mal físico, mal moral, mal que nos inquieta, escandaliza e machuca?

Como dizia um filósofo ateu a atrevido: “Diante do mal no mundo, a única desculpa para Deus é que Ele não existe!”

Estas palavras devem nos tocar, devem nos incomodar, devem nos fazer pensar.

Onde está Deus?
Se nos perguntam pelo sentido do mal no mundo, das vítimas de tantas tragédias humanas e naturais, não sabemos responder...

E nos perguntam: “Onde está o teu Deus?”

Não adiantam as mil explicações filosóficas, que pouco explicam e muito complicam e nos deixam desconfiados de que se fala muito sobre o que pouco se entende...

O crente deve ter toda a coragem de ser crente: de calar-se, contemplar, adorar e afirmar: “Eu creio!”

Isto significa que a fé é irracional ou contra a razão?

Não! Isto significa somente reconhecer que a realidade nossa e de todo o universo está envolta num Mistério que nos ultrapassa de muito.

Nem toda palavra do Senhor podemos compreendê-la totalmente e os silêncios do Deus Santo nos confundem e deixam perplexos...

Mas, há uma lógica em tudo isto:

Deus Se revelou; mil vezes disse que estaria conosco e nos amava; deu mil sinais de Sua presença na criação e na história de Israel e da Igreja; mais: na plenitude dos tempos manifestou-Se pessoalmente de modo incrível e admirável: Ele Se fez um de nós, fez-Se Jesus!

E entregou-Se na cruz, cruz Sua, cruz do mundo, das vítimas dos tsunamis, dos mortos nas guerras, dos pisados pelas injustiças, dos desmoronados pelas tragédias da vida, que têm a vida ceifada de modo prematuro e doloroso...

Na cruz, naquele silêncio, naquele escuro, naquela dor lancinante, Deus nos disse: “Estou convosco, amo-vos, tomo a vossa dor sobre Mim! Minha dor é a vossa para que a vossa dor encontre em Mim consolo e alívio!


Para além de toda dor, de todo aparente absurdo, olhai Minha cruz e encontrareis o sentido: da dor, do silêncio, da escuridão... E descobrireis que tudo está envolto em mistério, em amor, em luz, pois o Meu Nome – bendito seja Ele! - é Eternidade, o Meu Nome é Amor...

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