Por Paulo
Henrique Cremoneze.
Eu nunca comento
nada sobre carnaval e desfiles de escolas de samba porque não curto um e acho
muito chato e sem graça os outros.
Limito-me a
respeitar o gosto alheio, por mais que não comungue dele, afinal não tenho a
primazia do bom gosto e a acidez nesse quesito nada mais seria do que um
esnobismo arrogante eivado de tosco sentimento de pseudo superioridade
cultural.
Mas, abro exceção.
Isso porque muita
gente demonstra indignação pelo fato de a escola vencedora deste ano ter sido
patrocinado por um ditador africano.
Lembro que, anos
antes, salvo engano, Chavez também patrocinou uma escola de samba.
Lembro que TODAS as
escolas têm em seus quadros, oficial ou oficiosamente, benfeitores vinculados
ao narcotráfico, ao contrabando de armas de fogo e ao jogo do bicho.
Lembro que muitos
dos seus membros são membros de organizações criminosas.
Lembro que as
"comunidades" que as compõem não se pautam exatamente pelos valores
morais fundamentais e não são exemplares e retas suas condutas cotidianas.
Ditador Africano acompanhando desfile das Escolas de Samba. |
Lembro que todas
recebem subsídios dos Poderes federal, estadual e municipal (os dois últimos do
Rio de Janeiro), supostamente por atraírem recursos turísticos, sendo que as
contas precisas do suposto retorno nunca foi exibida ao público em geral.
Lembro que alguns
comportamentos imorais reverberados na sociedade em geral nasceram nos desfiles
de escolas de samba, fomentadoras que são da vulgaridade populista, tão
sequiosamente desejada pelos políticos venais.
Lembro que quase
todos seus membros são favelados e parecem não se incomodar com isso. Se os
recursos e os esforços despendidos ao longo do ano para um mero desfile de
samba (sempre de gosto duvidoso e nenhum retorno cultural, salvo a "glória
do efêmero") fossem empregados nos redesenhos das favelas, essas chagas
expostas do caldeirão urbano carioca seriam cicatrizadas e o conceito de
"comunidade" deixaria de ser mero eufemismo para ser algo concreto,
aí sim alçando o Rio de Janeiro à condição (por enquanto um "ufanismo de
oportunidade") de uma das vinte cidades grandes mais bonitas do mundo.
Nenhuma cidade com tantas favelas pode ser realmente bela, seja aos olhos, seja
ao plano moral.
Enfim, com tantas
lembranças, há o que se espantar no patrocínio de um ditador sangrento e de
viés socialista?
Imoralidade atrai
imoralidade, simples assim!
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