Por Ana Maria Bueno
"Um filho do Imaculado Coração de Maria é
um homem que arde em caridade e abrasa por onde
passa; que deseja eficazmente e procura por todos os meios inflamar o
mundo no fogo do divino amor. Nada o detém. Alegra-se nas privações. Enfrenta
os trabalhos. Abraça os sacrifícios. Compraz-se nas calúnias. Alegra-se nos
tormentos e dores que sofre e gloria-se na cruz de Jesus Cristo. Não pensa senão em como
seguir e imitar a Cristo na oração, no trabalho e no sofrimento,
procurando sempre e unicamente a maior glória de Deus e a salvação dos
homens" (Por Santo Antônio Maria Claret - Missionário Apostólico - Emilio
Vicente - Ed Ave-Maria - pag 68)
Assim Santo Antônio Maria Claret definiu sua
vocação, - e assim a viveu plenamente. Quantas
lutas, quantas batalhas, quantas renuncias, mas quantas vitórias em Cristo
Jesus. Sua vida fiel ao chamado de Deus nos faz exultar de alegria e nos faz
glorificar as maravilhas do Senhor no chamado que faz aos homens. Santo Antônio
desejava ser um missionário no estilo de Jesus narrado pelos Evangelhos: Simples
e claro. O lucro, o interesse pessoal, o prazer, a honra, nunca os moveram - o
que recebeu em vida foi sempre a pobreza, a fadiga, os insultos, as calúnias,
os sofrimentos em Cristo, com Cristo e para Cristo. O que queria no fundo de
seu coração era a Glória de Deus e a salvação dos homens. Não descansava e não
se consolava enquanto não evangelizava, enquanto não se colocava a caminho e
anunciava a Cristo e sua doutrina santa.
Nossa Senhora era sua companheira em tudo que
fazia. Tinha com ela um relacionamento intimo e confiante, e se encomendava a
ela em todas as suas missões. A tinha como mãe, amiga, intercessora, modelo,
mestra, o seu tudo depois de Jesus. Para que seu trabalho tivesse maior
eficácia, Santo Antônio recorria a oração - 4 horas por dia era o mínimo que o
fazia . A catequese de crianças e adultos - para ele a formação religiosa era
fundamental para se formar um bom cristão, um bom cidadão, um filho de Deus -,
os exercícios espirituais, os sermões, as missões populares, livros e folhetos,
as conversações familiares e os objetos religiosos, tudo era usado para
evangelizar e aplacar sua sede de almas. Não perdia tempo, tudo era usado para
seu objetivo.
Dizia que um missionário deveria refletir
Cristo, testemunhar até com o sangue de necessário fosse - coisa que com ele
aconteceu por várias vezes. Sua humildade era latente, possuía pouquíssimos
bens - um par de sapatos, duas mudas de roupas, sua Bíblia e o breviário eram suficientes. Era modesto,
manso e se mortificava constantemente - Sabia que o povo tem um mau conceito de
um missionário que não sabe dominar nem refrear seus desejos e caprichos:
"Quem não se domina, não pode ser bom testemunho do Senhor', dizia ele.
Santo Antônio Maria Claret, nasceu numa época
difícil. A França havia invadido a Península Ibérica, e a guerra causou muitos
sofrimentos e perseguições à Igreja. Sua família era numerosa e bela, - era o
quinto filho de onze irmãos. Seu pai tinha uma pequena indústria têxtil e ele
tinha grande aptidão para este trabalho. Para se especializar foi estudar em
Barcelona, conseguiu êxitos, mas o desejo de servir a Deus já pulsava em seu
coração, precisa apenas responder a voz que o chamava constantemente. O fez,
depois de passar por vários episódios difíceis, sendo o mais grave a iminente
morte por afogamento. Sua vida foi poupada e no meditar da palavra de Deus
resolve ingressar num Seminário. A partir daí, viveu para Deus até o último dia
de sua vida.
Isaías 61 era seu texto base. Deus o falava ali
e quanto mais o lia, mais tinha forças para levar adiante seu desejo de ser
missionário, que não tinha paradas. Tudo que queria era ser livre para ir onde
Deus o mandasse. Ordenado sacerdote em 1835, foi para sua cidade natal -
Sallent - onde permaneceu por quatro anos. Lá passou por grandes dificuldades e
perseguições pela guerra em curso. A paróquia consistia um entrave em seu
desejo de Evangelizar, de caminhar para levar a boa nova, e por conta disso,
depois de um pedido ao Bispo, deixou a paróquia e se ofereceu ao Papa, para que
o enviasse onde fosse necessário. Colocou-se então, a serviço da Congregação
para a Evangelização dos Povos. Foi em Roma que pode se unir aos jesuítas e ali
muito aprendeu com eles, mas foi acometido por uma grave enfermidade na perna
direita. Em meados de 1840, de Roma foi à Catalunha e daí à Viladrau onde foi
nomeado pároco. Ali tudo faltava e Santo Antônio se preocupava tanto com o
espiritual como o material para aquele povo sofrido. Foram tempos movimentados
e muito frutuosos. Mais uma vez o desejo de viver sua vocação como missionário
estava comprometido com tanto a se fazer.
Pediu então, ao seu Bispo que o exonerasse o ministério e dali então foi
a Vic ser como ele mesmo dizia: "Missionário de Jesus, como Jesus".
Santo Antônio Maria Claret, amava a leitura, a
escrita e tudo o levava a escrever. Fundou a Livraria religiosa, criou
associações, tudo para saciar a fome da Palavra de quem o ouvia, - a messe era
enorme e os operários sempre poucos. Sua forma de evangelizar atraiu amigos
fieis e logo pode então - em 16 de julho de 1849, fundar a Congregação dos
Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria. Mas Deus tinha outros planos
e Santo Antônio foi então nomeado Arcebispo de Santiago de Cuba o que olhe
causou grande tristeza, mas por obediência aceitou, tendo no coração o desejo
de fazer daquele lugar um reduto de suas missões e de sua pregação. Não foi
fácil, a carência material e espiritual eram enormes. Havia opressão,
escravidão, pobreza, ignorância. Durante os seis anos passados ali, tudo fez
pelas almas. Fundou bibliotecas, escolas profissionalizantes, comunidades,
ajuda medicinais ao povo doente, lutou pela liberdade e dignidade humana,
rechaçando com todas as forças o domínio do poder sobre os cidadãos. Ali também
sofreu um grave atentado que quase ceifou sua vida. Foi neste tempo que foi
chamado a ser o confessor da rainha Isabel II e em 1857, deixou Cuba e
regressou a Espanha.
Sentia-se preso e a opulência do palácio o
maltratava, já que a pobreza era sua alegria. Sentia-se como ele mesmo dizia:
"Um pássaro em gaiola de outro". Por 11 anos foi seu confessor e em
suas viagens pode evangelizar não perdendo tempo algum, mesmo que escasso para
tal. Para ele, foram seus anos mais duros, mas soube aproveitar seu tempo que
lhe sobrava para evangelizar. Na corte sofreu em silencio, houve perseguições e
calúnias e tudo isso só o fazia mais forte no sofrimento. Sem poder pregar nas
Igrejas, pregava nos conventos, atendia a confissões, escrevia, organizava
associações. Fundou uma importante Academia de São Miguel que era uma associação de artistas,
escritores, cientistas e intelectuais a serviço da evangelização. Santo Antônio
conseguia atrair a muitos e a todos dava a incumbência de levar Cristo aos
homens. Era mesmo incansável e esta era sua maior marca. Tudo fazia para
evangelizar. O fogo abrasava sua alma e a sede delas o movia.
Em 1868 foi exilado com a rainha, foi a Paris e
depois, mesmo doente participou do Concílio Vaticano I. Morreu em 24 de outubro
de 1870 - foi beatificado pelo papa Pio XI e no dia 7 de maio de 1950 foi
finalmente canonizado por Pio XII
Frases de Santo Antônio Maria Claret:
- Não
deixes para ninguém o que tu mesmo podes fazer"
- Não
disponhas do dinheiro, antes de te-lo em mãos
- Não
compres alguma, por mais barata que seja, se não necessitas dela.
- Evita
o orgulho, porque é pior do que a fome, a sede e o frio.
- Nunca
te arrependas de ter comido pouco
- Se
estiveres zangado, conte até dez antes de responder; e se estiveres ofendido,
será melhor contar até cem.
- Fale
bem do teu amigo; e de teu inimigo não fales nem bem nem mal.
- A
resposta suave e tranquila quebranta a ira, as palavras duras excitam o furor.
- Pense
bem antes de dar conselhos e esteja sempre pronto para servir (Mensagens dos santos - Pedro Teixeira
Cavalcante - Paulus - pag 37)
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