Dom Fernando
Arêas Rifan
Bispo da
Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
Na minha coleção de pedras, guardo
como “relíquia” um pedaço do destruído muro de Berlim, erguido pelos
comunistas, que, durante 28 anos, dividiu a Alemanha. Dia 9 de novembro último,
fez 26 anos a sua derrubada, em 1990. Muitíssimos fugitivos, tentando escapar
do regime comunista para o mundo ocidental, - é claro, pois ninguém quis passar
de cá para lá - perderam a vida, na tentativa de atravessar a barreira de 154
km de extensão. Boa ocasião para falarmos do comunismo e do seu suposto
opositor, o chamado “capitalismo”.
A queda do “muro da vergonha”
simbolizou a falência do comunismo, como regime econômico e ideológico. Para
tanto, contribuíram vários personagens importantes: Mikhail Gorbachev, com a
Perestroika, Lech Walesa, com o Solidariedade, Ronald Reagan, presidente dos
Estados Unidos, Margareth Thatcher, primeira ministra da Inglaterra e,
especialmente, São João Paulo II, Papa oriundo de um país atrás da cortina de
ferro, que, com sua influência, muito contribuiu para a queda do regime
comunista. O próprio Gorbachev disse que o colapso do comunismo teria sido
impossível sem a influência de João Paulo II.
Esse Papa, em 1991, fazia a pergunta:
“Após a falência do comunismo, pode-se dizer que o sistema social vencedor é o
capitalismo e que para ele se devem encaminhar os esforços dos países que
procuram reconstruir as suas economias e a sua sociedade?” E ele mesmo
responde: “Se por ‘capitalismo’ se indica um sistema econômico que reconhece o
papel fundamental e positivo da empresa, do mercado, da propriedade privada e
da consequente responsabilidade pelos meios de produção, da livre criatividade
humana no setor da economia, a resposta é certamente positiva, embora talvez
fosse mais apropriado falar de ‘economia de mercado’, ou simplesmente de
‘economia livre’”.
Mas então a Igreja aprova simplesmente
o chamado “capitalismo liberal e selvagem”? O próprio João Paulo II ensina: “Se
por ‘capitalismo’ se entende um sistema onde a liberdade no setor da economia
não está enquadrada num sólido contexto jurídico que a coloque ao serviço da
liberdade humana integral e a considere como uma particular dimensão desta
liberdade, cujo centro seja ético e religioso, então a resposta é sem dúvida
negativa” (Enc. Cent. Annus, 42).
Se despreza a Deus e sua lei na
economia, o capitalismo equivale na maldade ao comunismo: “Aqui está precisamente
o grande erro das tendências dominantes no último século, erro destrutivo, como
demonstram os resultados tanto dos sistemas marxistas como inclusive dos
capitalistas. Falsificam o conceito de realidade com a amputação da realidade
fundante, e por isso decisiva, que é Deus... O sistema marxista, onde governou,
não só deixou uma triste herança de destruições econômicas e ecológicas, mas
também uma dolorosa destruição do espírito. E o mesmo vemos também no ocidente,
onde cresce constantemente a distância entre pobres e ricos e se produz uma
inquietante degradação da dignidade pessoal com a droga, o álcool e as sutis
miragens de felicidade” (Bento XVI, Aparecida, Discurso inaugural).
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