Dom Fernando Arêas Rifan
Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João
Maria Vianney.
O próximo dia 12, celebraremos a Padroeira do Brasil. Em
suas caravelas, ornadas com a Cruz da Ordem de Cristo, os portugueses
trouxeram-nos a devoção à Mãe de Jesus: Pedro Álvares Cabral, em sua nau
capitânia, transportava a imagem de Nossa Senhora da Esperança.
Mas a devoção a Nossa Senhora Aparecida começou em 1717, quando,
por ocasião da visita do Conde de Assumar à cidade de Guaratinguetá, SP, foi
pedido aos pescadores locais peixes para o banquete do nobre visitante. Três
pescadores, amigos entre si, João Alves, Domingos Garcia e Vicente Pedroso,
tentavam e não conseguiam os peixes que necessitavam, quando apanharam em suas
redes uma pequena imagem truncada de Nossa Senhora da Conceição e a seguir, num
lance de rede sucessivo, a cabeça da mesma imagem, conseguindo, num terceiro
lance, imensa quantidade de peixes. A esse milagre sucederam muitos outros. A
imagem foi chamada de “Aparecida” e colocada numa pequena capela que, com o
tempo, tornou-se o monumental Santuário Nacional, maior centro de peregrinação
do país.
É óbvio que ali houve algo sobrenatural. Pois como explicar
que uma simples imagem, quebrada, pudesse atrair milhões de pessoas em oração
fervorosa, ininterruptamente, há quase três séculos, sem uma intervenção divina
e uma bênção especial da Mãe de Jesus?
Em 1904, Nossa Senhora Aparecida, foi coroada Rainha do
Brasil. No Congresso Mariano de 1929, quando se comemorou o Jubileu de Prata
dessa Coroação, os bispos do Brasil decidiram enviar um pedido ao Papa para que
declarasse Nossa Senhora Aparecida Padroeira de toda a nação brasileira. Este pedido
tornou-se realidade através do Decreto do Papa Pio XI, de 16 de julho de 1930,
no qual diz: “... Na plenitude de nosso Poder Apostólico, pelo teor da presente
Carta, constituímos e declaramos a Beatíssima Virgem Maria concebida sem
mancha, conhecida sob o título de Aparecida, Padroeira principal de todo o
Brasil junto de Deus... concedendo isso para promover o bem espiritual dos
fiéis no Brasil e para aumentar, cada vez mais, sua devoção à Imaculada Mãe de
Deus...”.
A proclamação oficial se realizou numa grande manifestação
popular de um milhão de pessoas, no Rio de Janeiro, então capital federal, com
o reconhecimento oficial do Governo do país, pela presença do seu Presidente,
Dr. Getúlio Dornelles Vargas, e de outras autoridades civis, militares e
eclesiásticas. Era o Brasil reconhecendo oficialmente sua padroeira.
Que o Brasil, que nasceu católico desde a sua descoberta,
cujo primeiro monumento foi um altar e uma cruz, que teve como primeira
cerimônia uma Missa, que tem essa Senhora Padroeira, mostre-se digno de tais
origens e de tal Patrona, em suas instituições, suas leis, seus governantes,
sua política, seus legisladores, sua população e seu modo de viver, na
verdadeira justiça e caridade, na ordem e no verdadeiro progresso, na harmonia
e no bem comum, na lei de Deus e na coerência com os princípios da fé cristã,
base da nossa identidade pátria e princípio de toda a convivência honesta,
solidária e pacífica.
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