Dom Fernando
Arêas Rifan
Bispo da
Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
Nem todo dia é santo, nem toda
semana. Mas essa é. E especial. A Semana Santa.
Nesta semana, “manteremos o olhar
fixo sobre Jesus Cristo: nele encontra plena realização toda a ânsia e anelo do
coração humano. A alegria do amor, a resposta ao drama da tribulação e do
sofrimento, a força do perdão diante da ofensa recebida e a vitória da vida
sobre o vazio da morte... Nele, morto e ressuscitado para a nossa salvação,
encontram plena luz os exemplos de fé que marcaram esses dois mil anos da nossa
história da salvação” (Porta Fidei).
“A missão, que trouxe Jesus entre
nós, atinge o seu cumprimento no mistério pascal. Do alto da cruz, donde atrai
todos a Si (Jo 12, 32), antes de ‘entregar o Espírito’, Jesus diz: ‘Tudo está
consumado’ (Jo 19, 30). No mistério da sua obediência até à morte, e morte de
cruz (Fil 2, 8), cumpriu-se a nova e eterna aliança. Na sua carne crucificada,
a liberdade de Deus e a liberdade do homem juntaram-se definitivamente num
pacto indissolúvel, válido para sempre. Também o pecado do homem ficou expiado,
uma vez por todas, pelo Filho de Deus (Hb 7, 27; 1 Jo 2, 2; 4, 10)... No
mistério pascal, realizou-se verdadeiramente a nossa libertação do mal e da
morte” (Bento XVI, Sacramentum Charitatis).
Do paradoxo da Cruz surge a resposta às
nossas interrogações mais inquietantes. Cristo sofre por nós: Ele assume sobre
si os sofrimentos de todos e redime-os. Cristo sofre conosco, dando-nos a
possibilidade de partilhar com Ele os nossos sofrimentos. Juntamente com o de
Cristo, o sofrimento humano torna-se meio de salvação. Eis por que o crente
pode dizer com São Paulo: "Agora alegro-me nos sofrimentos que suporto por
vós e completo na minha carne o que falta às tribulações de Cristo, pelo seu
Corpo, que é a Igreja" (Cl 1, 24). O sofrimento, aceite com fé, torna-se a
porta para entrar no mistério do sofrimento redentor do Senhor. Um sofrimento
que já não priva da paz e da felicidade, porque é iluminada pelo esplendor da
ressurreição” (S. João Paulo II).
“‘Humilhou-Se a Si mesmo’ (Fl 2, 8). A
humilhação de Jesus. Nesta Semana, a Semana Santa, que nos leva à Páscoa,
caminharemos por esta estrada da humilhação de Jesus. E só assim será «santa»
também para nós! Esta palavra desvenda-nos o estilo de Deus e,
consequentemente, o que deve ser do cristão: a humildade. Um estilo que nunca
deixará de nos surpreender e pôr em crise: não chegamos jamais a habituar-nos a
um Deus humilde!... Este é o caminho de Deus, o caminho da humildade. É a
estrada de Jesus; não há outra... Há outro caminho, contrário ao caminho de
Cristo: o mundanismo. O mundanismo oferece-nos o caminho da vaidade, do
orgulho, do sucesso... É o outro caminho... Durante esta Semana, empreendamos
também nós decididamente esta estrada da humildade, com tanto amor por Ele,
Nosso Senhor e Salvador. Será o amor a guiar-nos e a dar-nos força. E, onde Ele
estiver, estaremos também nós (cf. Jo 12, 26)” (Papa Francisco, Homilia do
Domingo de Ramos, 29-3-2015).
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