Por Emanuel
Jr.
Essa semana vi sendo
publicada à exaustão a imagem do cadáver da criança que morreu afogada, sendo
recolhida à beira da praia.
Não sou insensível,
como penso que a totalidade dos que aqui estão lendo também não o são e, por
isso mesmo, entendem que a imagem é chocante, mas é um pequeno detalhe do que
vem acontecendo faz tempo. E olha que não estou falando só de imigrações forçadas.
Quanto a essas
imigrações, a hipocrisia é gigantesca: primeiro porque já morreram mais de
200.000 pessoas sendo quase 10.000 crianças exatamente como aquela; segundo
porque essas várias que já morreram não tiveram nenhum minuto de mídia pelo
simples fato de que não interessava e agora passou a interessar devido a uma
foto e um vídeo chocantes e bem feitos com essa exata intenção; terceiro porque
as mesmas pessoas que ignoravam tudo isso se sentido indignadas a mais do que
precisava com um leão, são as que mais choram um problema que nunca pararam pra
pensar nos motivos e que se esquecerão em quatro ou cinco dias, sobrando apenas
uma leve e inconveniente lembrança de uma criança na praia.
Crianças como aquela
morrem aos montes aqui do nosso lado devido a nossa negligência de achar que
precisamos nos preocupar com quem está do outro lado do mundo e não com quem
está perto, afinal fica mais fácil eu mandar um doação ou mostrar indignação
com algo com o qual não tenho o mínimo controle, do que me envolver com algo
que posso fazer alguma diferença de verdade e que está ao alcance das mãos. Não
vou nem mencionar o problema de milhares de abortos que são exatamente
assassinatos de crianças que não são recolhidas a beira da praia, mas na lata
de lixo. Não estou minorando o problema que acontece lá, apenas estou
constatando fatos. É claro que o problema de lá é sério, não sejamos, também,
hipócritas de mudar o alvo.
Por lá, depois de
muito se trabalhar para conseguir algo, agindo certo ou errado, mas agindo,
alguns países da Europa, especialmente a Alemanha que é o principal alvo do
imigrantes, conseguiram estabelecer um alto padrão de vida e construir seu país
a custa de esforço e sacrifícios de todos os tipos. A Alemanha então tem uma
história tenebrosa de nazismo, socialismo e absurdos do tipo.
Não vejo qualquer
reflexão sendo feita por esse prisma, seja porque não interessa esse lado da
história, o que denota má-fé ao analisar fatos sem levar em conta o máximo de
possibilidades; seja porque sequer pensaram no assunto, o que é a pior opção,
pois o fazem devido a total incapacidade de pensar além do que veem a frente do
nariz.
No Brasil, hoje,
vivemos fenômeno parecido sem precisar de imigração de ninguém, embora tenhamos
alguns casos haitianos pululando por aí. Por aqui vemos uma imigração interna
da nação dos que trabalham para a nação dos que, por um motivo ou outro, vivem
as custas desses que trabalham. Até onde vamos chegar com isso? Anos atrás eu e
alguns conhecidos já falávamos e conversávamos com esse nível de
questionamento, hoje vejo gente que nunca imaginei questionar isso,
questionando. Vi esse tipo de questionamento nessas manifestações de domingo,
mas não vejo nenhum tipo de luz dos governos federal e estaduais que fomentam
esse tipo de prática. Não vejo nenhum tipo de entendimento ou pelo menos
esforço em olhar esse lado. Parece que nossos governos estão funcionando
exatamente como aquele tipo de analista, citado lá em cima, que não consegue
ver a situação por absoluta incapacidade e incompetência.
E nós? Conseguimos
ver todas essas questões com o fio que liga todos esses fatos ou vamos
continuar achando que cada coisa está em seu devido compartimento não existindo
ligação nenhuma entre o péssimo tempero e o gosto ruim da comida pronta?
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