segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Convertei-vos e crede no Evangelho!


Por Felipe de Oliveira Ramos

Conversão, palavra comum para os cristãos. Todos nós somos chamados, por Cristo Jesus, a fazermos esta experiência, ou melhor, tomarmos essa decisão. "Convertei-vos e crede no Evangelho", nos diz Jesus no Evangelho de São Marcos, e esse ultimo faz questão de dar início ao relato da vida pública de Jesus a partir deste convite.

De forma tão grosseira, seja no vocabulário religioso comum seja no cotidiano das pessoas não-crentes, a palavra conversão está ligada apenas a uma mudança superficial: a adesão a uma doutrina ou realidade religiosa. Diz-se, dessa forma, que "fulano converteu-se ao cristianismo", ou que "fulano agora vai a Igreja todos os domingos, pois se converteu". Um convite tão sério de Jesus, a ponto de Marcos destacar em seu evangelho, não poderia tratar-se apenas dessa "filiação" à alguma doutrina, e é disso que quero tratar um pouco: sobre o sentido da verdadeira conversão.

Primeiramente, façamos uma análise etimológica desta palavra já gasta no nosso cotidiano. Conversão tem origem na palavra latina "convertere", onde o termo "vertere" significa virar, enquanto o "com" significa "junto". Ou seja: uma conversão é uma virada, ou melhor, um movimento ou mudança que se faz junto. Daqui, duas perguntas devem subir até as nossas consciências: Virar para onde? E junto de que ou de quem?

A respeito da primeira pergunta, podemos simplesmente responder que: a conversão é um "virar-se" primeiro para Deus e depois para si mesmo. Indico esse caminho já sabendo que não há distinção no caminho da conversão no conhecer a Deus e o conhecer-se a si mesmo. Encontrar-se consigo mesmo em Deus é o primeiro passo humilde para que a conversão possa acontecer.

A respeito da segunda pergunta, podemos responder de forma tão simples como respondemos a primeira: a conversão é feita junto de si e junto a Deus. Junto de si, pois o convite à conversão é um convite a essa atitude de modificar-se corajosamente por dentro, fazer a experiência de sair de si e admitir o senhorio de Jesus. Mas a conversão também é feita junto a Deus, pois sem ele não conseguiríamos dar certos passos, como uma criança aprendendo a andar. A conversão necessita dessa atitude tão singela, de olhar nos olhos de Jesus a nos amar, dar o espaço e o tempo para que ele nos mude, nos oriente: sair do centro, e dar livre acesso ao Senhor.

Portanto amados irmãos, converter-se não é simplesmente frequentar este espaço ou aquele, dizer-se crente nesta ou naquela verdade: lembremos que antes de nos convidar a crer no evangelho, Cristo nos convida a conversão, agir para então entender, experimentar para depois "avaliar". Lembra-nos Tomás de Kempis que "quem quiser compreender com satisfação e proveito as palavras de Jesus Cristo deve conformar sua vida com a dele", ou seja: experimentar, viver para enfim crer, ter fé no evangelho, pois experimentou-se com a vida aquilo que se leu e se falou.


Lembremos ainda, se me permitem, que a conversão é um exercício diário: se deixarmos de fazer esse movimento em direção a Deus e a si mesmos, mudando internamente as coisas de lugar segundo a vontade de Cristo Jesus, correremos o risco de perdermos aquela humildade fundamental de servos, e por assim dizer, perderemos também a graça de sermos chamados por Cristo de amigos, não por que Cristo não vá mais gostar de nós, mas por que o amigo vive tudo com e pelo outro. Deixemo-nos viver com e por Jesus, para que a nossa conversão e esforço sejam perfeitos, pois é convite dele mesmo que "busquemos ser perfeitos como o pai do céu o é" (Mateus 5,48).

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