quarta-feira, 25 de março de 2015

Cinquenta mil tons de cinza.


Por Denilson Cardoso de Araújo

O Ministério da Saúde revelou preocupação com o aumento dos índices de propagação do vírus HIV. Drama específico, o incremento da AIDS entre adolescentes. Anunciam políticas de prevenção e campanhas pró uso da camisinha. Filme visto, de péssimo final. Quem quer, de verdade, resolver problemas, não trata consequências somente. Conter febre alivia o paciente, mas não o cura, se a raiz da infecção não for atacada.

No Projeto Escola da Paz saí para sacudir plateias pelos ombros, alertando para o suicídio coletivo, e por nossa inércia assistido, da atual geração. No qual o sexo é força motriz. Em comunidade carente, certa vez, abordou-me a diretora de CRAS, que revelou. O problema não é mais a gravidez adolescente. É a gravidez infantil! Cássia Godoy, da PUC-GO atribui o aumento de casos de AIDS ao fato de que “crianças e adolescentes tem começado vida sexual ativa cada vez mais cedo”. Crianças!

Ontem, minhas quase 400 palestras em escolas serranas incomodaram muita gente. Ah, ele pega pesado. Hoje, de vez em quando recebo mensagem de pais arrependidos do desdém a conselhos que lhes pareciam vulcânicos em demasia. Estão com problemas. Mas há também pais e professores gratos. Porque readequaram modos de agir e pensar, resgataram filhos e alunos.

É que no incremento da gravidez infantil e dos casos de AIDS entre menores, há a licenciosidade de uns e a omissão de todos. Progressistas de fachada gostam de citar Freud e Kinsey para dizer do direito de a criança “expressar” sexualidade. Discurso nefasto. Esquecem que sexo precoce é sempre salto em precipício emocional e hormonal. A libido é coisa feroz que, na incapacidade de senso crítico da criança, a escraviza. Crime que incentivamos até no bizarro.

Bombeiros de Londres expressaram em nota preocupação na estreia do filme “Cinquenta Tons de Cinza”, que propaga o sadomasoquismo como molde de sexualidade desejável, revelando: "Em 2013/14, atendemos 472 incidentes com pessoas presas e enroscadas, com acessórios domésticos usados no dia a dia. Isso tem aumentando constantemente, ano após ano, desde o lançamento dos livros de 'Cinquenta tons de cinza'”. Sabendo que adolescentes leem tal livro, lembro casos de atos infracionais análogos a estupro em que meninos reproduziam situações pornográficas que viram em vídeos. Filmes e livros induzem imitação, fato conhecido desde “Werther”, de Goethe, que impeliu suicídios na Europa do Século XVIII. A reprodução televisiva da execução de Saddam Husseim, em 2006, estimulou mundo afora surto de suicídios de crianças por enforcamento, inclusive no Brasil. Na semana passada, um estudante de Chicago praticou tortura sexual contra a parceira. Preso, alegou que “só” reproduzia cenas de “Cinquenta tons”. E autoridades sanitárias e policiais brasileiras andam às voltas com a descoberta de um tal “Clube do Carimbo” que, pela internet, estimula homossexuais soropositivos a orgias criminosas, só para transmitir o HIV.


A preocupação não é só a gravidez na adolescência,
mas agora a gravidez infantil.
Qual campanha de prevenção precisamos, frente à calamidade sistêmica, profunda e continuada, nascida da nossa omissão frente ao abismo? Perdoem-me, ouvidos delicados. Campanhas para usar camisinha são tapagem de sol com peneira. Atacam a febre. Basta de omissão e infâmia contra a infância! Basta de tolerância com os venenos do funk pornográfico, da internet de abuso, do Big Brother maléfico, e dos cinquenta mil tons de cinzentas formas de reduzir crianças a cinzas.

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